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12 frases que te farão entender os planos de Trump
O resumo de uma semana atípica

O fatídico anúncio das tarifas do Trump provocou grandes impactos não só nos mercados, mas também na produção do Market Makers: corremos às pressas na segunda-feira para mudar nossa programação e responder o que todos queriam saber: o que será dos mercados e do mundo daqui pra frente?
Foi corrido, mas conseguimos trazer 4 convidados de alto nível para falar do assunto. Na terça, fizemos uma live com Marcos Troyjo. Na quinta, recebemos Professor HOC e Matheus Spiess ao vivo. E no sábado, transmitimos um cordial debate entre Tony Volpon e Paulo Gala, dois economistas que discordam em alguns pontos sobre EUA e China.
Foram praticamente 6 horas de podcasts sobre o assunto na semana. Confesso que esse não é o meu tipo de conteúdo preferido para produzir ou consumir, dada sua natureza perecível, mas entendo que situações extremas exigem medidas extremas. Terminamos a semana cansados, porém satisfeitos com o que produzimos.
Se algum dos 3 leitores desta newsletter não conseguiu ver as lives da semana passada, não se preocupe: farei abaixo um resumo das melhores frases ditas pelo Marcos Troyjo e o Professor HOC.
Troyjo apresentou, com seu jeito sempre elegante de falar, qual foi a lógica (ou a falta dela) adotada por Donald Trump no anúncio das tarifas. Já HOC, com uma clareza que só um professor teria, fez um raio-x para apontar todos os riscos que um império em decadência carrega.
Deixei de fora o resumo do programa de sábado com o Volpon e o Gala pois o debate foi bem profundo e menos perecível, vale a pena ver – o link está aqui.
“O que o Trump fez com as tarifas foi sacar a arma e dar dois tiros para o alto antes da negociação começar”
Trump começou as negociações indo ao extremo. Isso só serve para espantar aliados e aumentar o risco sistêmico. Exercer poder não é só impor vontade. É prever a reação do outro lado — e, principalmente, calcular as consequências.
“A economia diz o que pode ser feito. A política diz o que vai acontecer (…) A moeda da política não é o dinheiro. É o poder. E Trump não sabe operar com essa moeda”.
Diagnosticar um problema econômico é fácil. Difícil é encontrar um político capaz de aplicar a solução com método, paciência e inteligência estratégica.
“O soft power americano está sendo substituído por um vazio”
A influência dos EUA não está sendo herdada pela China. Ela está evaporando. E isso muda tudo — da diplomacia ao dólar.
“Trump não improvisa. Ele está executando um plano de 1988”
Quase 40 anos atrás, Trump disse em uma entrevista à Oprah que estava “cansado de ver este país sendo explorado”. Entender que a guerra tarifária é menos tática e mais convicção ajuda a ler melhor o momento atual e prever os próximos passos.
“Eles rezam para Milton Friedman… e executam um plano da CEPAL”
Está em risco não apenas a soberania dos EUA, mas também as ideias liberais que sempre moldaram o pensamento americano. A cartilha liberal deu espaço a um manual que seria aplaudido pelos desenvolvimentistas.
“O plano precisava ser cuidadosamente executado. Mas quem apertou o botão foi um marqueteiro”.
Scott Bessent e Stephen Miron — os cérebros por trás do plano — sabiam da complexidade. Mas deixaram a execução nas mãos de um político que não domina nuances nem alianças. A lógica do setor imobiliário não se aplica à geopolítica.
“O diagnóstico do Trump está certo. Mas o remédio é errado. E o modo de aplicar é trágico”.
Uma boa ideia pode se transformar em desastre se aplicada sem técnica, tempo ou bom senso – e é exatamente isso que estamos vendo.
“Reindustrializar os EUA pode custar os lucros da sua carteira”
Empresas que fizeram grandes investimentos fabris fora dos EUA nos últimos anos para diversificar produção agora enfrentam o risco de mais custos e menos margem. Mais CAPEX, menos payout – ou melhor: mais nacionalismo, menos resultado.
“Na economia mundial, hoje tem bicudo se beijando”
Mais do que taxar o mundo todo, Trump tem sido hostil com países outrora aliados. Isso já tem gerado uma consequência imediata: Coreia do Sul, Japão, China e Europa, desafetos antigos, estão começando a se alinhar. O mundo está se reorganizando – e os EUA estão assistindo de fora.
“O problema não é a tarifa. É o objetivo confuso dela”
Ok, Trump vai usar as tarifas como ferramentas de negociação. Mas onde ele quer chegar com isso? Qual é o ponto B: reduzir o déficit comercial? Reindustrializar? Punir rivais? Sem clareza de propósito, qualquer instrumento vira ruído.
“Os impérios não caem só por pressão externa. Eles implodem por desorganização interna (…) Quatro anos são suficientes para levar os EUA a um lugar irreversível”.
HOC alerta: o maior risco para os EUA hoje não é a China. São os próprios EUA. É a constatação de que decisões mal executadas, tomadas em sequência, podem colapsar instituições que pareciam inabaláveis.
“A quebra de confiança com o mundo é o início do fim de qualquer hegemonia”.
O dólar ainda reina. Mas, como lembra HOC, impérios não caem de um dia para o outro.