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4min leitura

3 reflexões para começar bem 2024

Otimistas porém cautelosos

Por Thiago Salomão

02 Jan 2024 14h33 - atualizado em 02 Jan 2024 02h33

Antes de mais nada, quero desejar um 2024 leve e próspero a todos os leitores desta newsletter (não farei mais a piada dos “três leitores”, pois como mostramos no vídeo de encerramento de 2023, nossa base de leitores mais do que quadruplicou).

Confesso que me tornei um “contrarian” nos costumes de fim de ano: troquei as festas de réveillon por boas horas de qualidade com minha esposa, minha família, meus cachorros e minhas leituras/estudos. Já fui muito festeiro, hoje estou numa fase mais calma. O corpo, a mente e a minha esposa agradecem.

Pra começar o ano num ritmo mais leve, separei para esta CompoundLetter 3 aspas que acredito serem úteis para todo investidor começar bem 2024. De tudo que eu li e assisti nos últimos dias, essas 3 passagens conseguem fazer uma bela síntese.

Após essas aspas, direi por que considero elas tão importantes. Confira:

1. Marco Freire (gestor macro da Kinea) em live no canal da KineaDesde 1980 não tínhamos um surto inflacionário, vimos inflação de 10% em países que não viam isso há 30 anos. Agora isso passou! No Brasil, a inflação rodou 3%-4% nos últimos 3 meses, nos EUA está rodando a 3%, na Europa 2%. Se a inflação caiu muito e os BCs estão com os juros lá no alto, eles vão cortar. Nós, como bons brasileiros, queremos comprar bolsa quando o juro tá caindo, mas a verdade é que a bolsa sobe quando os juros aqui estão caindo e lá fora estão caindo também, porque aí é quando os estrangeiros colocarão o dinheiro pra funcionar em mercados como o nosso. Essa será a história de 2024: cortes sincronizados de juros no mundo todo, o que permitirá tomadas de risco. E as bolsas, que tiveram dois anos de muita chacoalhada e pouca tendência, deverão ter retornos maiores. Acho que a pessoa física precisa ter mais risco em carteira e a hora é agora! Se você for esperar a taxa Selic começar a cair, você vai comprar um ativo caro, que já subiu. Você tem que se antecipar ao movimento. O momento de tomar risco é agora”.

2. Sandro Sobral (head da tesouraria do Santander), em entrevista ao ValorVejo um cenário muito positivo [para bolsa brasileira], porque as empresas avançaram muito nos últimos anos, fizeram ajustes de custo e produtividade imensos desde 2015. Ocorreu uma desalavancagem financeira impressionante. (…) Há vários alívios que podem ser positivos para que o mercado volte a se alavancar e os investidores menos pacientes voltem a colocar seu dinheiro na bolsa. A inflação baixa é positiva para o sistema de custos das empresas; um dólar estável é bom para a rentabilidade; os juros estão caindo e vão melhorar o impacto sobre o endividamento; e, com preços de commodities estáveis, isso ajuda muito Vale e Petrobras, que têm grande peso na bolsa.

3. André Jakurski (fundador e gestor da JGP) em entrevista ao Brazil JournalAs percepções estão mudando muito rapidamente. Quando eu falo rapidamente, é um período de um mês, duas semanas. Agora está havendo uma competição entre os analistas de sellside e até alguns gestores para ver quem fala que os juros vão cair mais rápido nos EUA. O mercado está num momento de euforia. O investidor de varejo dos EUA está aplicando na bolsa muito mais do que aplicou nos últimos. Está tendo festa no Céu, Papai Noel baixou nos mercados. Mas normalmente, mesmo que o mercado não mude de direção, tem correções. Imagino que em breve teremos alguma correção. Não digo profunda, mas uma correção relevante. Pode ser em termos de profundidade ou em termos de tempo. Talvez ocorra depois da virada do ano.

Minha conclusão:

Acredito sim que o cenário favorável que se formou no último bimestre de 2023 (inflação sob controle + possibilidade de cortes de juros mais rápidos) deve dar o tom para 2024 e, tudo mais constante, trará um ótimo resultado não só para ativos de risco em geral (bolsa, crédito, criptos, commodities) mas para todo ecossistema do mercado de capitais (M&A, IPOs, captação de fundos), que passou 2023 adormecido. Isso tudo criará um ciclo virtuoso para os ativos.

Mas aí que mora o perigo: como bom contrarian que somos e gostamos de ser, não ficamos confortáveis em estar no mesmo lado da balança que o tal do “consenso do mercado”. Como não temos a capacidade de market timing que o Jakurski tem, a melhor forma que recomendo para se evitar o risco de “seguir a manada” é balanceando a carteira com caixa e/ou proteções. 

Caso nosso cenário base se materialize e o consenso começar a “comprar” cada vez mais essa ideia, provavelmente será a hora que estaremos montando nossas proteções.

Otimista, mas sempre pronto para agir. Como temos que ser.

Sobre a programação do podcast: o episódio dessa semana será AO VIVO, quinta-feira (4/jan) às 18h. O convidado é surpresa, mas deixarei umas dicas: ele é gestor de um fundo multimercado que ganhou um caminhão de dinheiro nos últimos meses de 2023 e está dando uma surra no CDI no acumulado dos últimos 3 anos.

Um bom 2024 a todos.

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Por Thiago Salomão

Fundador do Market Makers, analista de investimentos CNPI-P, MBA em Mercados Financeiros na Fipecafi e na UBS/B3. Antes de fundar o MMakers, foi editor-chefe do InfoMoney, analista de ações na Rico Investimentos, co-fundou o podcast Stock Pickers e foi sócio da XP de 2015 a 2021

thiago.salomao@mmakers.com.br