No episódio do Market Makers que foi ao ar ontem, perguntei ao CEO da B3, Gilson Finkelsztain, como ele nos convenceria a abrir o capital do Market Makers na bolsa brasileira e não em uma bolsa dos Estados Unidos.
Essa pergunta tem um contexto. Em primeiro lugar, nos últimos anos, algumas companhias brasileiras abriram o capital nas bolsas de Nova York — é o caso de Nubank, XP, Pagseguro, Stone, Vtex, Afya, Zenvia, Banco Inter e muitas outras. Em segundo lugar, na própria conversa Gilson nos contou que uma das maiores ameaças que a bolsa enxerga para seu negócio é justamente a “exportação do mercado“, o que pode ser entendido como a negociação de ativos brasileiros em bolsas estrangeiras.
Na resposta ele citou alguns fatores: liquidez das ações, preço da abertura de capital, cobertura das empresas por analistas e performance pós-IPO. Mas em vez de entediar os leitores desta CompoundLetter com citações, vou fazer diferente e apresentar o estudo da própria B3 que ele citou no programa.
1. Liquidez
Pelo gráfico abaixo, fica claro que nem toda empresa que abre capital lá fora consegue bons volumes de negociação diária. Exceção feita a Nubank, XP, Stone e Pagseguro, todas as companhias avaliadas negociam menos de US$ 4 milhões por dia.
2. Cobertura
Segundo a análise feita pela bolsa, abrir o capital nos Estados Unidos não significa ser notado pelos analistas internacionais. Na maior parte das empresas, a cobertura segue sendo feita, em sua maioria, por analistas que cobrem Brasil e América Latina.
3. Performance
Esse argumento não parece tão convincente, mas números são números. Segundo o gráfico, a performance média das empresas que abriram capital nos Estados Unidos na última janela é de -46%. No Brasil, o número é de -39%.
4. Custos
No Brasil, abrir o capital acaba saindo mais barato, segundo os números da B3. A maior diferença acontece nas operações entre US$ 200 milhões e US$ 2 bilhões, de dois pontos percentuais do arrecadado.