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5 pontos sobre…análise fundamentalista!

Um conteúdo Market Makers Academy

Por Leopoldo Rosa

22 Apr 2025 11h21 - atualizado em 22 Apr 2025 06h08

Warren Buffett cunhou uma frase que acompanha gerações de investidores profissionais mundo afora: “O melhor investimento que você pode fazer é em si mesmo”. O sentido claro é um incentivo à busca incessante por conhecimento.

E é o motor do que eu e você (certamente) estamos fazendo aqui.

Antes de começarmos, eu vou me apresentar: sou Leopoldo Rosa, jornalista, executivo de comunicação, com MBA em Mercado de Capitais pela UBS e em gestão de negócios pela Fundação Dom Cabral. E agora head de conteúdo do Market Makers.

Me apresento porque agora, assinando a edição de sexta-feira da CompoundLetter, quero me aproximar de você e destacar o meu objetivo – que é também uma das missões da minha carreira até aqui: simplificar conteúdos complexos e facilitar o seu caminho rumo ao objetivo maior: aqui, investir como um profissional.

E nessa série que começamos hoje, vamos sempre usar 5 pontos-chave para entender mais sobre os temas essenciais na vida de um investidor.

E hoje, iniciamos com a análise fundamentalista. Afinal, se você quer investir com segurança e pensar no longo prazo, entender essa ferramenta é essencial.

Vamos aos nossos cinco pontos?

1. O que é Análise Fundamentalista?

Sei que essa pergunta pode parecer óbvia para muita gente. Mas quero começar respondendo ela porque a) precisamos contar que o óbvio pode não ser para todos e b) eu sempre acredito que uma definição em duas linhas sobre qualquer assunto é possível e desejável para começar uma conversa como essa.

Isto posto: a análise fundamentalista é analisar os principais atributos de uma empresa. Aqueles que te fazem acreditar que ela é ou não uma boa companhia.

Matheus Soares, fundador e analista fundamentalista do Market Makers, me ofereceu recentemente o seguinte exemplo: quando vamos a um restaurante, (a) queremos ser bem atendidos, (b) que a comida chegue quentinha e sem atrasos e (c) os garçons precisam atender com o mínimo de simpatia. Se esses atributos não forem bons, você não volta ao restaurante. Isso é fundamento.

Diferentemente da análise técnica – que foca no gráfico de preços – a análise fundamentalista olha principalmente para três aspectos:

  • O negócio
  • As pessoas
  • Valuation

Nesse olhar, consideramos: o produto ou serviço que a empresa oferece é bom? Os consumidores gostam? Pelo fato dos produtos serem bons, as receitas da companhia estão crescendo? E com qual margem? A empresa remunera os acionistas por meio de dividendos?

A ideia final é responder: Essa empresa tem valor real, sustentável no tempo?

2. Como ler os principais demonstrativos financeiros?

Toda empresa listada em Bolsa divulga três documentos obrigatórios. E esses três são os mais importantes para entender aspectos do negócio antes de tomar uma decisão de investimento. São eles:

DRE (Demonstração de Resultados): mostra se a empresa teve lucro ou prejuízo num período. É aqui que você vê receita, custos, despesas e lucro líquido.

Balanço Patrimonial: apresenta o que a empresa possui (ativos), o que ela deve (passivos) e o valor líquido do negócio (patrimônio).

Fluxo de Caixa: mostra a entrada e saída de dinheiro. Uma empresa pode dar lucro no papel, mas quebrar se o caixa for mal gerido.

Ler esses relatórios regularmente te dá um raio-x completo da saúde da empresa.

3. Indicadores financeiros que você precisa dominar

Dentro dessa perspectiva de fazer o escaneamento da saúde financeira da empresa, há indicadores que apontam isso de maneira bastante clara. Listo cinco deles e o que a gente pode enxergar a partir de cada um.

Crescimento da receita: avalia se a empresa está expandindo suas vendas consistentemente. Importante combinar com a análises das margens de lucro.

Margens de lucro: percentual do lucro bruto, operacional e líquido sobre a receita total — como a empresa está evoluindo as suas margens.

P/L (Preço/Lucro): indica quanto o mercado está pagando pelo lucro da empresa. Um P/L muito alto pode indicar que o mercado tem expectativas elevadas para os resultados futuros da companhia.

ROE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido): mede a eficiência da empresa em gerar lucro com os recursos dos sócios.

ROIC: (Retorno sobre o Patrimônio Investido): a eficiência com que uma empresa gera lucro em relação ao capital investido.

Dívida Líquida/EBITDA: mostra quanto tempo a empresa levaria para pagar suas dívidas com o lucro operacional.

Neste caso, há um disclaimer importante: não adianta olhar um indicador isolado. O ideal é analisar o conjunto e compará-los com empresas do mesmo setor.

4. Contexto importa: entenda o setor e o momento

Mesmo uma empresa boa pode ser um investimento ruim se o setor estiver em crise ou saturado. Por isso, é importante analisar:

O setor da empresa: é cíclico ou defensivo? Regulado ou competitivo?

Concorrência: ela é líder de mercado ou apenas mais uma?

Tendências macroeconômicas: inflação, juros, câmbio e PIB afetam empresas de forma diferente.

Exemplo: uma empresa do varejo pode sofrer com juros altos, enquanto uma exportadora de commodities pode se beneficiar do dólar alto.

5. Valor intrínseco x Preço de mercado

O preço de uma ação sobe e desce todo dia, mas isso não significa que o valor real da empresa mudou. A análise fundamentalista tenta calcular esse valor justo, com base no lucro esperado no futuro.

Se o preço da ação estiver abaixo do valor justo, pode ser uma oportunidade de compra (famoso “comprar na baixa”). Se estiver acima, talvez seja melhor esperar ou vender.

Esse processo é chamado de valuation — e pode ser feito com diversas metodologias (como Fluxo de Caixa Descontado ou múltiplos comparativos – ainda traremos eles por aqui).

Resumo da ópera:
A análise fundamentalista não serve a quem busca “acertar o próximo trade”. Mas é uma ferramenta importante para quem quer entender o valor e não apenas o preço de um negócio e quer investir com convicção em empresas sólidas e lucrativas, que tenham potencial de crescer ao longo do tempo. Se você dominar essa abordagem, começa a enxergar as ações como sócio, e não como apostador.

Esse é um conteúdo Market Makers Academy

Uma iniciativa educacional do Market Makers para trazer informação de qualidade e conhecimento relevante para quem quer se tornar um investidor de sucesso. Nosso objetivo é reunir o melhor e mais importante conhecimento sobre temas diferentes que ajudem a construir o investidor que você quer se tornar.

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Por Leopoldo Rosa

Leopoldo Rosa é jornalista com MBA em Mercado de Capitais pela UBS/B3 e em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral. Tem passagens por Globo, CBN, CNN e Abril.

leopoldo.rosalino.ext@mmakers.com.br