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6 motivos para estar otimista com o Brasil
Veja os motivos que explicam o otimismo de gestores consagrados do mercado

Lá vem mais um falar que bolsa brasileira está barata…
Calma lá, meu nobre. A CompoundLetter de hoje traz a visão de dois gestores que operam praticamente o mundo todo e, mesmo assim, declararam que a maior exposição deles hoje está em Brasil.
Ou seja, de todos os ativos que operam no mundo inteiro, o Brasil é o que mais tem chamado a atenção deles. Isso tem valor, concorda?
Os gestores em questão são Lucas Cachapuz e William Dominice. Dois profissionais com histórico longevo e vencedor (Cachapuz foi da JGP e fundador da Genoa; Dominice foi Pollux, SPX e fundou a Clave). Uma curiosidade: eles são amigos desde os tempos de faculdade mas somente agora estão trabalhando juntos.
Cachapuz e Dominice deixaram suas antigas gestoras para gerirem a família de fundos Synergy, do BTG Pactual. Em pouco mais de 6 meses de existência, as três estratégias (equity hedge, long bias e long only) já superam R$ 2 bilhões sob gestão, captando mesmo em um dos piores momentos de fluxo dos fundos de renda variável.
Uma das características centrais do modelo Synergy é não ficar preso a uma única geografia. Eles mantêm cobertura ativa em três blocos: i) Brasil; ii) América Latina ex-Brasil; e iii) Estados Unidos/Europa.
Cada parte do portfólio “disputa” com as demais. Hoje, quem está ganhando a disputa é o Brasil.
Resumi em 6 pontos os motivos que explicam o otimismo de Cachapuz e Dominice. Mas te convido a assistir ao episódio completo – o link está no final do texto.
1) O mundo está mais amigo dos emergentes
Entraremos em um ciclo de afrouxamento monetário nas economias centrais. Em momentos assim, o dólar tende a perder fôlego e os fluxos migram na margem para risco fora dos EUA.
Some a isso a necessidade de diversificação de grandes alocadores, que começam a procurar alternativas ao “tudo-em-tech-americana”.
Por que importa? Nosso mercado está tão subalocado que basta um tick de fluxo para fazer preço por aqui. O elástico está esticado.
2) O juro real está fora do lugar — e isso é bom para quem compra equity agora
Pelas contas dos gestores, o juro real neutro de equilíbrio hoje era pra estar por volta de 5,5%, mas estamos bem acima disso. Eles explicaram que existe um fator técnico para isso (sazonalidade pré-eleitoral do Tesouro alongando duration, colchão de liquidez, e oferta privada antecipada antes do fim de isenções), mas parte também é percepção fiscal.
Por que importa? Quando (não “se”) a curva normaliza para perto do neutro, você tem duas altas no equity: a do lucro, com a atividade respirando; e a do múltiplo, porque o equity risk premium deixa de ser obscenamente alto (em português: mesmo sem herói no lucro, tem retorno só com reprecificação).
3) Estamos às vésperas do “ponto doce” do ciclo — início de queda de juros
Historicamente, comprar bolsa nos 3–6 meses que antecedem o início de cortes e carregar durante o ciclo entrega o melhor “Sharpe” (índice que mede o retorno ajustado ao risco) do Brasil. A inflação vem convergindo, o BC tem sido ortodoxo no discurso e a curva já precifica cortes, ainda tímidos para a assimetria vista pelos gestores.
Por que importa? Porque a duration de equity (principalmente em empresas com crescimento e utilidades com contratos longos) capta mais cada ponto de queda na real longa.
4) Valuation está barato — principalmente no doméstico
Enquanto empresas de consumo na América Latina negociam a 15–20x lucro, tem muito papel no Brasil a 8–10x, o que só é justificável pelo juro… de hoje.
Se você troca um CDI real de 7,5–8% por um de 5–6% (que eles consideram o justo, como dito no item 2), é outra fronteira de valor: o mesmo negócio passa a valer 13–15x sem mudar tijolo.
Por que importa? Porque múltiplo barato + queda de juro costuma virar alta dupla (múltiplo e lucro), e o mercado quase sempre subestima a magnitude do ciclo.
5) Fluxo técnico joga a favor
Enquanto o investidor pessoa física está com baixa exposição à bolsa, encostado em pós-fixado curto, o estrangeiro ainda está no “Nvidia Trade”, comprando tech americana para ter ganho de growth emergente. Qualquer rebalanceamento marginal para emergentes fará preço aqui.
Some a isso a seca de IPOs e o aumento de recompras e OPAs, o que diminuiu o estoque de ações disponíveis. Isso vai amplificar o efeito dos fluxos.
Por que importa? Com a prateleira mais vazia e o caixa montado, qualquer garoa vira enchente na precificação.
6) Micro que se sustenta — e te protege dos sustos de Brasília
A parte mais subestimada da tese Brasil é a qualidade das histórias micro disponíveis agora, com drivers controláveis e duration para capturar a queda de juros.
Os gestores do Synergy têm como principal exposição o setor de utilities: Eletrobras, Equatorial, Sabesp e Copel representam essa combinação de duration alta, retornos reais gordos e menos beta político do que parece.
Outra tese que eles gostam é SmartFit. A rede de academias cresce com retorno por unidade acima de 20%, negocia perto de valor de reposição e carrega uma opcionalidade: o Total Pass pode virar negócio bilionário asset-light à parte (coincidentemente, na semana da publicação do episódio, saiu uma reportagem falando sobre isso).
No setor financeiro, o destaque é Banco Inter. Ele tem base de passivo forte e NPS alto. Além disso, o consignado privado pode virar motor de lucro sem canibalizar a carteira.
Por que importa? Porque teses com drivers próprios te permitem comprar a macro (queda de juro) sem ficar refém dela.
Conclusão: Valuation barato + juro real alto (e em vias de cair) + fluxo subalocado = assimetria rara. Quando esses três aparecem juntos, você não discute manchete: você monta posição.
Assista ao episódio completo aqui.
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