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A cana do Eike Batista e a derrota de Elon Musk (em sua visão)
Eike crava que Elon Musk já perdeu a corrida por carros elétricos para os chineses e falou sobre seu novo projeto
O Market Makers conversou com Eike Batista, uma das figuras com a história mais surreal do capitalismo brasileiro.
Embora não seja mais o 7º homem mais rico do mundo com seus 30 bilhões de dólares, após o colapso do seu império e tudo que se sucedeu, existe uma coisa que ele não perdeu: a excentricidade.
Com cartolinas sobre a mesa do podcast, risadas misteriosas e piadinhas com “chupar cana”, aquele que já foi chamado de Rei do Petróleo disse que hoje faz “banana” quando passa por postos de gasolina e se tornou um grande defensor dos veículos elétricos, sobretudo os chineses BYD.
Inclusive, ele anda de BYD Yuan Plu, um SUV 100% elétrico que custa cerca de R$ 230 mil.
Na esteira disso, Eike crava que Elon Musk já perdeu a corrida por carros elétricos para os chineses, revelou seu hobby de desmanchar carros de luxo nos EUA e nos contou sobre sua “super cana”,um projeto que, nas palavras dele, representa uma revolução energética para o Brasil.
A super cana do Eike
Ao lado dos seus cientistas, Eike Batista estuda cana-de-açúcar geneticamente modificada há 11 anos e, a partir disso, está trabalhando na “super cana”.
O nome não é para menos: embora nosso país faça melhoramento genético da commodity há décadas, ele afirma que sua equipe compilou o germoplasma (estrutura que armazena o material genético de uma espécie) das canas americanas, francesas, de Barbeiros e do Brasil – as melhores do mundo.
Isso, segundo o empresário, lhe permitiu fazer uma cana-de-açúcar 3 vezes mais eficiente que a comprada por usineiros hoje, com o bagaço podendo ser aproveitado para substituir o plástico.
“Hoje, o Brasil queima o bagaço de cana por 20 dólares a tonelada. Uma tonelada transformada em embalagem, canudo, garrafas varia de 1 mil a 4 mil dólares. Ou seja, é uma revolução para o país. O Brasil pode substituir o plástico do planeta e, com a minha cana, produzir até três vezes mais etanol por hectare e doze vezes mais biomassa. Uma revolução dentro da revolução”, explicou.
“Estou vendendo um software de uma planta. É biotech na veia. O Brasil produz 35 bilhões de dólares em etanol hoje. Vai produzir 100 bilhões de dólares e todo bagaço servirá para fazer embalagem. Fodeu!”, completou com entusiasmo.
Sem modéstia, Eike Batista comparou seu projeto à descoberta da pólvora, que revolucionou a história do mundo.
Para ilustrar o potencial da sua empreitada, ele citou o agrônomo americano Norman Ernest Borlaug, que ganhou o prêmio Nobel da Paz ao conseguir aumentar em seis vezes a produtividade do trigo com melhoramento genético.
A derrota de Elon Musk
Um dos pontos máximos da conversa com Eike foi ouvir sua paixão por carros elétricos e sua certeza de que o império de Elon Musk vai perder a batalha dos carros elétricos para os chineses.
Ele disse que Elon Musk é, sim, um exímio engenheiro de materiais, com processos super eficientes de metalurgia e software em seus carros. No entanto, a Tesla não supera a BYD.
“Musk fez o mundo olhar para os carros elétricos, mas os chineses já estavam nisso e controlam 80% da produção de bateria do planeta. Eles vão dominar a produção de automóveis do mundo. Não tem jeito de competir”, cravou.
Eike frisa que um dos melhores negócios que a pessoa física pode fazer hoje é comprar um BYD de segunda mão, visto que hoje, em suas palavras, há uma desvalorização da revenda pela ignorância do brasileiro.
“Se você andar num Seal [modelo de R$ 300 mi da BYD], a relação preço versus entrega dele é ótima. A autonomia dura de três a cinco vezes mais que um carro a combustão. As baterias dos modelos mais recentes duram 15 anos. [Em relação à gasto com gasolina], pago seis vezes menos para abastecer. Sem contar que não tem o que quebrar num carro elétrico. É economia… dinheiro que fica no bolso do brasileiro. Todo brasileiro devia trocar seus carros a combustão ou híbridos por elétricos”, defendeu.
Recordando tempos passados, Eike revelou um hobby peculiar (e custoso) que reforça seu gosto pela BYD: ele desmontava veículos de luxo quando viajava para os Estados Unidos. Com essa experiência, o empresário afirmou que os elétricos da fabricante chinesa são impossíveis de desmontar.
Recomendo fortemente assistir ao episódio #122 do Market Makers. Além dos dois tópicos que eu trouxe aqui, Eike falou sobre muitos outros assuntos.
Sem julgamento moral, a conversa foi conduzida para você ter a oportunidade de mergulhar na mente de uma das figuras mais marcantes do capitalismo brasileiro.
Com as palavras, Eike Batista neste link.