Por Leopoldo Rosa e Pedro Ferreira
O ouro estava com tudo. O metal precioso havia ultrapassado os US$4,2 mil a onça-troy (aproximadamente 31,103 gramas) pela primeira vez na história.
Na seção de metais preciosos da Bolsa de Nova York (Nymex), o contrato do ouro para dezembro terminou o pregão com valorização de 3,46%.
Tudo mudou? Mudou. Mas é importante entender o fenômeno. Tem tudo a ver com um desejo específico das pessoas.
Entrevistados ouvidos pelo Market Makers afirmam: o que movimenta o mercado do ouro é o desejo do investidor por segurança e estabilidade. Com o shutdown nos Estados Unidos e a guerra comercial entre o país de Donald Trump e a China, as tensões globais levaram a um medo generalizado do que poderia acontecer no mercado.
É isso que vai gerar, na ponta, o aumento da procura – e do preço do ouro – um ativo considerado mais estável.
“O ouro é historicamente um ativo usado como proteção contra crises”, diz Matheus Soares, analista do Market Makers e criador do framework Bússola do Valor.
A história é prova disso. Em 2008, no meio da maior crise global deste século, o ouro valorizou 32,13%.

Algo semelhante aconteceu por causa da Rússia. Segundo Matheus Soares, criador da Bússola do Valor, do Market Makers, o ouro começou uma supervalorização em 2022, após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
“Quando o Putin invadiu a Ucrânia, o Biden mandou bloquear todos os ativos dos bilionários russos nos EUA. Então, pra se proteger eles começaram a comprar ouro.”
O que fez o ouro despencar?
No entanto, no meio desta semana, os gráficos se inverteram.O preço do ouro registrou sua maior queda em 12 anos, recuando 6,3% para US$ 4.082,03 a onça-troy.
A explicação sobre a queda é a mesma que deu o tom da alta.
A expectativa de que o presidente dos EUA Donald Trump e o líder chinês Xi Jinping se encontrem para resolver as tensões comerciais fez a demanda por metais preciosos como proteção diminuir.
Além disso, outros fatores como o fortalecimento do dólar contribuíram para que o preço do metal raro despencasse.
Ou seja: o ouro oferece segurança financeira diante de incertezas geopolíticas e em cenários macroeconômicos mais frágeis com políticas monetárias mais brandas. Mas quando há estabilização desses cenários, os preços tendem a cair, pois os investidores buscam outros ativos para aplicar o seu dinheiro.
O ouro só tem vantagens?
O ouro oferece segurança, mas não gera dividendos por si só, ao contrário de outros ativos, como participações em empresas.
“Se deixar uma barra de ouro parada do seu lado ela não vai gerar caixa. Por outro lado, uma mineradora vai fazer a extração e beneficiamento do minério, o que, por consequência, gera receita”, explica Matheus Soares.
Ele ainda complementa que, caso o preço do metal precioso despenque, a mineradora pode não ser afetada e ainda continuar apresentando bons resultados.
O que fica de lição para o investidor?Ativos físicos são bons para a estabilidade financeira, mas a diversificação é fundamental para gerar receita e ajuda a te proteger contra crises.
Matheus Soares e Thiago Salomão criaram o framework de estratégias Bússola do Valor. Nele, você aprende como selecionar empresas para investir e que critérios precisa ter para se proteger de riscos.