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A lição argentina sobre metas de inflação
Aprendendo com o erro do nosso vizinho
No dia 2 de fevereiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou bem clara sua opinião sobre a taxa básica de juros, a meta de inflação e a gestão de Roberto Campos Neto à frente do Banco Central.
“Não existe nenhuma razão para a taxa de juros estar em 13,75%”, disse Lula em uma entrevista.
As declarações do presidente despertaram um debate sobre o tema, que ontem chegou ao Market Makers, em um programa ao vivo com Sergio Werlang, professor da FGV, e Bráulio Borges, pesquisador do Ibre.
Os dois convidados foram escolhidos a dedo por nós: Werlang foi um dos mentores do sistema de metas de inflação em vigor no Brasil, implementado em 1999. Já Borges foi uma indicação dada por ninguém menos que Samuel Pessôa quando ele foi entrevistado por nós aqui no MMakers.
Afinal, a taxa de juros no Brasil é alta demais? E a meta de inflação? Deveria subir para que a Selic possa cair e o governo conseguir entregar algum crescimento?
O melhor jeito de entender isso é usando o exemplo da Argentina, explicado por Werlang no programa.
Em 2017, a Argentina tinha 24,8% de inflação e meta para o ano seguinte de 12%. O governo do então presidente Mauricio Macri resolveu simplesmente alterar a meta para 15%, sem nenhum tipo de contrapartida fiscal.
O resultado foi perda total da credibilidade do país, intensa fuga de capitais, desvalorização do peso e inflação superior a 47% no ano de 2018.
Para os mercados, pior que não conseguir atingir uma meta, é mudá-la em vez de tentar com mais afinco. O que a Argentina fez foi jogar a balança fora em vez de se esforçar mais na dieta, o que teve um preço alto.
É por isso que (se as regras do jogo não forem mudadas e a autonomia do Banco Central for preservada), o que vai definir o futuro dos juros no Brasil não é a vontade do presidente Lula, e sim o novo arcabouço fiscal a ser apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Se a dieta for promissora, no futuro poderemos até parar de ficar pensando tanto na balança.
Para ouvir o episódio completo, clique aqui.