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Apostas no mercado financeiro? Conheça a Opção de Copom

Leopoldo Rosa

Por Leopoldo Rosa

24 Oct 2025 10h00 - atualizado em 20 Oct 2025 06h38

Nossa conversa de hoje é sobre um tema que tem me intrigado faz tempo – por sugestão do Thiago Salomão, a SelicBet.  Na verdade, o nome é uma alegoria, claro, pela natureza especulativa. Mas a chamada “Opção de Copom” existe mesmo, foi lançada pela Bolsa em 2020 e é amplamente negociada no mercado.

Como já é hábito pelas bandas desta newsletter, escrevo em cinco pontos tudo o que você precisa saber sobre o assunto. 

#01 – O que é a Opção de Copom?

Trata-se de um derivativo negociado na B3 que permite aos investidores especular ou se proteger contra variações na Taxa Selic, definida nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, daí o nome. Ou seja, através deste instrumento, você “aposta” em quanto será a Selic e pode ganhar ou perder.

Mas não é como uma bet dessas por aí (que eu recomendo que você passe longe, aliás).

#02 – Como funciona a Opção de Copom?

Na Opção de Copom, o investidor compra uma opção de um “strike” (preço que ele aposta para a taxa).

Ela funciona como qualquer opção, com o diferencial de que são binárias. Veja, no caso da opção de ação, você exerce se o preço dela passa de um valor X ou cai abaixo desse valor numa certa data.

Na prática: você ganha dinheiro se acertar exatamente o que o Copom fizer. Em todos os outros cenários, você perde todo capital investido.

#03 – Que valores é possível “apostar”?

A Opção de Copom é negociada a cada 100 pontos, sendo cada ponto equivalente a R$1,00. Ou seja, se você acredita na alta de 25 pontos base, por exemplo, terá que comprar um lote de 100 pontos desse valor. Perceba, então, que é possível “apostar” a partir de R$100.

Nessa página no site da B3, é possível acompanhar os movimentos do mercado para essa opção. 

#04 – Quais são os códigos das Opções de Copom?


Os códigos das Opções de Copom são maiores e mais detalhados do que os das ações. Eles seguem uma lógica fixa, que eu explicarei com um hipotético contrato que aposta num corte de 50 pontos-base na Selic na reunião de agosto: o CPMQ25C099500.

  • Começam com “CPM”, que significa Copom.
  • Depois vem uma letra que indica o mês da reunião — por exemplo, “Q” é agosto.
  • Em seguida, aparece o ano, como “25” (para 2025).
  • Depois disso, vem uma letra que mostra o tipo de reunião: “C” = reunião normal (ordinária) ou “P” = reunião extraordinária (fora do calendário) — o que é bem raro.
  • Por fim, aparecem os números, que indicam a expectativa para a decisão do Copom, partindo de uma base 100.000:
    • “100000” = manutenção da taxa Selic
    • “100750” = alta de 0,75 ponto percentual
    • “099500” = corte de 0,50 ponto percentual

#05 – Quais as vantagens das Opções de Copom? E quais os riscos? 

Uma das vantagens é ter um instrumento padronizado com negociação no ambiente listado. O baixo valor de entrada também ajuda. Dá para ganhar valores relevantes com pouco investimento de capital. Outro ponto positivo é que investidores institucionais ou gestores podem usar as Opções de Copom como hedge, para reduzir perdas em carteiras sensíveis à Selic — por exemplo, fundos de renda fixa ou multimercados.

No campo dos riscos: essas opções exigem entendimento técnico sobre juros e política monetária. Não basta achar que “os juros vão cair”; é preciso prever de quanto será o corte. A baixa liquidez também é um ponto de atenção: nem sempre há muitos compradores e vendedores no mercado dessas opções, o que pode dificultar a entrada e saída das posições.

E claro, é preciso ter em mente que é um investimento que, se você carregar até o vencimento, o único cenário possível se você errar a decisão do Copom é a perda de 100% do capital investido.

Ponto final

Dá para dizer que as Opções de Copom são instrumentos seguros e que podem ser interessantes ferramentas. Mas há que se ter cuidado, entendimento de cenário macro – e não agir com o comportamento de apostador de bets, coisa desrecomendada por 10 entre 10 grandes investidores do planeta.

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Por Leopoldo Rosa

Leopoldo Rosa é jornalista com MBA em Mercado de Capitais pela UBS/B3 e em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral. Tem passagens por Globo, CBN, CNN e Abril.

leopoldo.rosalino.ext@mmakers.com.br