Notícia
4min leitura
7 lições politicamente incorretas de um bilionário
Ensinamentos de uma lenda do setor de educação

A última semana foi tão intensa no noticiário e na agenda do Market Makers que um dos melhores episódios que já fizemos nestes 3 anos de história passou desapercebido.
Trata-se do MMakers #255, em que entrevistei Chaim Zaher, uma verdadeira lenda do setor de educação.
Zaher é fundador e CEO do Grupo SEB, que conta com mais de 500 mil alunos mundo afora nas suas 5 escolas. Ele também é o maior acionista individual da Yduqs.
Suas posses tornam-se ainda mais impressionantes ao ver seu ponto de partida: ele chegou ao Brasil aos talvez 7 anos (ele não sabe a idade exata) junto com sua família, que fugiu da guerra no Líbano. Desembarcaram em Araçatuba e lá começou sua empreitada no setor… como porteiro de um cursinho.
Suas histórias de como prosperou no setor são tão incríveis (e até polêmicas) que nem um MBA em Harvard entregaria tal conteúdo. E eu tive a oportunidade de ter essa aula com o “Sun Tzu de Araçatuba” (eu que inventei esse apelido durante o episódio).
Para você que não viu o episódio (ou para você que viu mas quer fixar estas lições), deixo aqui 7 lições que aprendi com o Chaim Zaher.
1. TBC: Tira a bunda da cadeira
Chaim começou como porteiro de cursinho. Mas, em vez de apenas picotar cartão, prestava atenção em tudo: como o professor entrava, como o aluno reagia, como o negócio funcionava. O primeiro passo para empreender não foi abrir uma empresa, mas abrir os olhos.
“Sonhar, sonhar e ficar dormindo não resolve”, disse ele durante o podcast. Ele cunhou a sigla TBC: Tira a Bunda da Cadeira, que vale mais que qualquer plano de negócios.
2. Ousadia é dormir no banheiro
Essa é uma das melhores histórias da sua trajetória. Quando não conseguiu marcar uma reunião com os donos do Objetivo, Chaim decidiu dormir no banheiro do diretor e fundador da escola. Funcionou.
Resultado: ele levou a marca para o interior, virou coordenador, ganhou até padrinhos de casamento e abriu caminho para comprar seu primeiro grande ativo, o tradicional Colégio e Cursinho COC. O improviso que nenhum cursinho ensina, a vida ensina.
3. Sun Tzu da vida real
Outro trecho espetacular: na disputa pelas listas da FUVEST, dois principais concorrentes do Chaim pegavam a lista por fax ou por moto.
Ele fez um esquema de bloquear as duas vias (a primeira enviando listas telefônicas pelo correio e a segunda criando batidas policiais) e alugou um helicóptero para ir até a USP pegar a lista e soltar as aprovações lá de cima.
A lição: em dias decisivos, faça o que for preciso para ganhar. E não tenha medo de inventar as regras do jogo.
4. Gentileza não se faz pela metade
Chaim disse no podcast “nunca faça gentileza pela metade. Ou faça inteiro, ou não faça”: o aluno só veste a camisa da escola se sentir orgulho. A mãe só indica a escola dos filhos no cabeleireiro se confiar de olhos fechados. O boca a boca é o marketing mais poderoso da educação – e ele só nasce de relacionamentos inteiros, não pela metade.
5. Comunicação é arma(dilha)
Para ser convidado nas festas da elite de Araçatuba, Chaim criou uma coluna social no jornal: “Shaim Focaliza”. Estratégia simples: se não te chamam, invente um jeito de ser indispensável.
Mais tarde, aplicou a mesma lógica no futebol: em vez de placas caríssimas no meio do campo, ele pagava para um corinthiano ficar atrás do gol nos jogos da seleção brasileira e esticar uma faixa escrito COC (seu cursinho pré-vestibular). Assim, se saísse gol no jogo do Brasil, era garantia que a faixa iria aparecer no Jornal Nacional. Propaganda de emboscada na veia.
6. Educação é negócio social
Zaher não romantiza: “Educação é negócio social, mas com fins lucrativos”. Para ele, quem sustenta a escola são os pais, os filhos e os amigos. E o que diferencia uma instituição de ensino não é a mensalidade, mas a capacidade de criar vínculos.
O aluno só segura numa escola ruim por causa dos amigos. Se parar de usar a camiseta, acabou. A lição é simples: empresa nenhuma sobrevive sem orgulho de pertencimento.
7. Audácia como método
Dormir no banheiro, pousar de helicóptero, mandar carta para Bill Gates. Todas histórias diferentes, mesma lógica: audácia vence inércia. “É melhor errar por fazer do que sofrer por não ter feito”, ensina.
E, como ele mesmo disse: “Todo mundo tem seu ponto fraco. Descubra qual é. Pode ser filho, pode ser neto. Negociar é encontrar esse ponto e usá-lo com respeito”.
Dica: o ponto fraco do Chaim, são os seus netos. Caso um dia tiver uma chance de falar com ele, já sabe como abordá-lo.
Conclusão
Conversando com Chaim, pensei muito sobre a vida: quantos de nós ficamos esperando o “momento certo” para investir, para empreender, para mudar? A vida real é menos planilha e mais banheiro do Objetivo: improviso, coragem e capacidade de transformar constrangimento em oportunidade.
Se Chaim Zaher fosse escrever um livro, certamente traria esse legado prático:
- Observe mais.
- Arrisque-se.
- Seja ousado.
- Nunca faça gentileza pela metade.
Como ele bem disse, quando maré é favorável até peixe morto nada. O jogo de verdade começa quando a correnteza está contra.