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Boletim Focus: 5 pontos para prestar atenção

O que você precisa prestar atenção no relatório semanal do Banco Central

Leopoldo Rosa

Por Leopoldo Rosa

19 May 2025 10h06 - atualizado em 19 May 2025 10h07

Hoje, na série “5 pontos”, a gente fala sobre o documento semanal divulgado pelo Banco Central, o Boletim Focus, fiel de toda segunda-feira.

Nos meus tempos de repórter, o Focus era alvo de expectativa porque todo mundo queria saber o que o mercado pensa e prevê para os principais números da economia – e meus tempos cobrindo isso foram os idos de 2015, 2016, durante a crise econômica deflagrada no governo Dilma Rousseff e a incerteza durante o processo de impeachment. 

Mas quando falamos da vida do investidor, temos que separar o que é fato – e te impacta de verdade – e o que é espuma, e no fim não tem utilidade. E ainda adicionar alguns disclaimers. Foi o que procurei fazer aqui. 

Vamos, então, aos nossos cinco pontos?

1. A inflação (IPCA) no Boletim Focus

Esse é o dado mais observado pelo mercado. Se o Boletim Focus mostra uma inflação mais alta do que o esperado, o mercado já começa a repensar algumas coisas. A inflação impacta diretamente no comportamento da Selic (que pode ser elevada pelo BC para ajudar a controlá-la). 

2. Selic

A taxa básica de juros é a principal ferramenta de combate à inflação. Se a projeção da Selic sobe, o mercado entende que o BC pode adotar uma política mais restritiva — o que impacta o crédito, os lucros das empresas e até o valor das ações. 

O aumento da Selic torna os investimentos em renda fixa mais atrativos e por outro lado a necessidade de ser seletivo na escolha das ações. Uma alta da Selic eleva a despesa financeira das empresas que, por sua vez, impacta diretamente no lucro das companhias. Mas existem empresas que se beneficiam da alta de juros.

3. PIB

A expectativa de crescimento da economia também está no Focus. Revisões para baixo indicam pessimismo com atividade econômica, enquanto as revisões para cima apontam mais otimismo com consumo, emprego e lucros corporativos.

Ações de empresas ligadas ao consumo e ao ciclo econômico costumam ser as mais impactadas pela variação nesse indicador. 

Geralmente um PIB muito forte pode indicar maior dificuldade da inflação se acomodar já que é um sinal de economia forte.

4. Câmbio (dólar)

A projeção do dólar influencia empresas exportadoras, importadoras e ativos atrelados ao exterior.

No entanto, assim como PIB e Selic, analisar projeção de câmbio é mais para entender o impacto na inflação. No final, inflação é o dado mais importante.

5. Tendências no Boletim Focus (e não o número isolado)

Mais importante que o número da semana, é a direção das revisões. Se o mercado revisa a inflação para cima por 4 semanas seguidas, isso tem muito mais peso do que uma única previsão. Por isso, é importante olhar as tendências das últimas semanas — e não só o número atual.

Resumo da ópera:

O Boletim Focus traz informações importantes, mas: a) avaliar uma informação como negativa ou positiva depende da empresa em que você está investido; b) um único relatório diz muito pouco, a soma dessas informações e a tendência que elas apontam num horizonte de tempo é que fazem a diferença. 

E por último, mas não menos importante…

Tem perguntas técnicas e/ou teóricas sobre investimentos? Manda pra gente em contato@mmakers.com.br. Em breve, faremos uma edição da newsletter só com perguntas dos leitores. 

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Leopoldo Rosa
Por Leopoldo Rosa

Leopoldo Rosa é jornalista com MBA em Mercado de Capitais pela UBS/B3 e em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral. Tem passagens por Globo, CBN, CNN e Abril.

leopoldo.rosalino.ext@mmakers.com.br