Bolsa de Valores no pregão viva voz: uma história de quem operava nas “caixinhas”

Operando no mercado a quase 30 anos, Gustavo Salomão, sócio fundador e CIO da Norte Asset, começou na época em que as ordens eram passadas para os corretores através de caixinhas.

“Caixinha era um speaker e na mesa eu tinha um conjunto de speakers que ficavam ligados a várias corretoras. E cada corretora ficava ligada a muitos clientes”, comentou Salomão no episódio #80.

Sem Bloomberg e nem WhatsApp, as ordens de compra e venda eram feitas por voz numa comunicação frenética em que um corretor recebia ordens de várias pontas diferentes e precisava executá-las rapidamente.

Neste ambiente, conseguir fazer com que o corretor soubesse de quem era a ordem rapidamente já era um diferencial competitivo — coisa que acabou com o pregão eletrônico.

Por isso, Salomão começou a passar suas ordens com um vocativo bem comum, mas que se tornou sua marca e apelido: tio.

“Eu queria passar minhas ordens rapidamente e ao invés de falar ‘fulano, compra 10 milhões da ação X pra mim’  falava ‘tio, compra 10 milhões’. E assim o corretor já sabia que era eu operando pelo Garantia”, explicou Salomão.

Então, apesar do corretor receber ordens de várias caixinhas diferentes, quando Salomão apertava o botão e falava “tio, vende rápido x milhões de Itaú”, todos já sabiam quem estava passando a ordem e por isso ele ficou conhecido como tio no mercado (coisa que pouca gente sabe).

Mas, como tio pode ser qualquer um, ao longo do tempo Salomão percebeu que é possível diferenciar os “tios”, porque existem tipos de tios.

Titio: Para falar com quem se tem mais intimidade.

Tiozinho: Para falar com alguém mais frágil (“Deixa o tiozinho quieto”).

Tiozão: Para falar com quem te irrita (“Tá me tirando, tiozão?”).

Além de compartilhar a “ciência” do tio, Salomão, pela terceira vez no Market Makers, comparou sua visão para os mercados em setembro de 2023 com a atual e a abriu a carteira revelando as principais posições (long e short).

E aí, vai perder essa, tio?

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