Depois de uma semana muito bem aproveitada na praia de Santo André, Bahia (também chamada de praia do 7 a 1 por ter sido local de hospedagem da seleção alemã em 2014), voltei nesta segunda-feira a acompanhar as notícias e ler portais e jornais.
Não se ofendam, caros três leitores, mas confesso que ainda não estava com saudades. Uma semana é pouco para uma verdadeira desintoxicação laboral.
A volta às notícias me pareceu também uma volta ao passado, na verdade, uma repetição do passado, aos moldes do que acontece no filme Feitiço do Tempo, no qual o protagonista vive sempre o mesmo dia, o que é celebrada a festa do Dia da Marmota (se você não assistiu a esse clássico da Sessão da Tarde, recomendo que o faça).
A julgar pelas notícias de Brasília, os dias de hoje são os mesmos que os do ano passado.
No fim de 2022 tínhamos o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva criticando o mercado financeiro e o Banco Central pelos juros altos.
Com isso, o mercado ficava nervoso, duvidava da responsabilidade fiscal do governo e derrubava a bolsa.
Hoje temos um presidente remando contra as metas de seu ministro da Fazenda ao declarar que o déficit fiscal “não precisa ser zero no ano que vem”, conforme vem pondo como meta Fernando Haddad.
O mercado, assim, questiona a responsabilidade fiscal do governo, e a bolsa cai.
Tudo igualzinho, como se estivéssemos vivendo mais uma espécie de Dia da Marmota político e fiscal.
Em novo discurso, o presidente diz que vai usar os bancos públicos para “oferecer alternativas e oportunidade de crédito a juros mais baratos, a juros de longo prazo para que a indústria brasileira se transforme definitivamente em indústria competitiva”.
Sim, aparentemente o presidente do Brasil está falando sobre crédito subsidiado à indústria.
Agora a sensação de Dia da Marmota é substituída por uma de déjà vu. Já vimos isso antes em um governo do PT, mais precisamente no primeiro governo Dilma Rousseff, e o resultado foi lamentável.
A notícia do dia, no entanto, é a de que a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado aprovou o relatório do senador Eduardo Braga (MDB-AM) sobre a Reforma Tributária e agora o texto vai a plenário.
O texto simplifica, e muito, o sistema tributário brasileiro, mas mantém regimes de exceção para 13 setores da economia, que produzem desde dispositivos médicos a produções jornalísticas, passando por itens totalmente vagos, como artigos que garantam a soberania nacional.
Agora a sensação é de que eu já vi esse filme, o do eterno aluno nota seis, aquele que faz apenas o suficiente para passar de ano e só estuda mesmo na véspera da prova.
Ser investidor no Brasil é isso: tentar conseguir bater o CDI enquanto vive Dias da Marmota, déjà-vus e assiste a filmes repetidos. Acho que preciso de férias.