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Buy and hold: a estratégia de Warren Buffett

“O mercado é um dispositivo de transferência de dinheiro dos impacientes para os pacientes”

Leopoldo Rosa

Por Leopoldo Rosa

27 Jun 2025 09h24 - atualizado em 11 Jun 2025 05h31

Warren Buffett, um dos pais do buy and hold, cunhou uma frase (entre muitas) que ficou famosa no mercado financeiro: “O mercado é um dispositivo de transferência de dinheiro dos impacientes para os pacientes”

Essa frase ajuda a entender muito dessa estratégia de investimentos que ficou famosa por causa dele e a qual muitos atribuem o sucesso dele e de Benjamin Graham por gerações.

Vamos falar sobre isso nos nossos cinco pontos de hoje. E se você acha que já conhece tudo sobre o tema, prometo te surpreender. 

#01 – O tempo multiplica o valor

A base do Buy and Hold é o poder do tempo aliado aos juros compostos. Investidores que mantêm ações de empresas lucrativas por décadas colhem resultados exponenciais, não por sorte, mas por consistência.

Um exemplo está no próprio Buffett: ele comprou ações da Coca-Cola em 1988. Em 2024, os dividendos que ele recebeu por ano já representaram mais de 60% do valor original investido.

#02 – Buy and hold: o foco está no negócio, não no preço

Buy and Hold exige análise profunda do modelo de negócio, posição competitiva, qualidade da gestão e capacidade de geração de caixa. Buffett chama isso de “círculo de competência” — só invista naquilo que você entende bem.

Aliás, ele e Munger tinham isso como um mantra: investir apenas em negócios dos quais você entende. 

“Se você comprar empresas maravilhosas a preços razoáveis e as mantiver, você terá um resultado maravilhoso”, disse Munger. 

No buy and hold, a precificação é importante, mas secundária à qualidade da empresa.

#03 – Menos giro, mais eficiência (inclusive fiscal)

Ao evitar o giro constante da carteira, o investidor reduz custos operacionais, corretagens, spreads e, sobretudo, tributação. No Brasil, quem vende até R$20 mil por mês em ações está isento de IR sobre os lucros.

Além disso, o lucro que fica dentro das empresas reinvestido em crescimento tende a ser mais eficiente que lucros sacados e realocados constantemente.

“Nosso período de holding favorito é: para sempre”, disse Buffett

#04 – Volatilidade é o preço que se paga por retornos acima da média

Oscilações de curto prazo fazem parte do jogo. Grandes ações como Apple, Amazon e até Berkshire Hathaway tiveram quedas superiores a 40% em certos momentos — e ainda assim geraram valor de forma massiva no longo prazo.

O Buy and Holder precisa distinguir entre:

Volatilidade de mercado (ruído); e

Mudança estrutural na empresa (sinal).

Peter Lynch, outro dos grandes investidores da história, disse que “mais dinheiro se perde tentando antecipar correções do que em correções de fato.”

#05 – Buy and Hold não é Buy and Forget

Mesmo Buffett já vendeu ações como IBM e Airlines após perceber mudanças no negócio ou erro na tese. A estratégia exige monitoramento contínuo da empresa, do setor e da economia.

O investidor de longo prazo não deve ser passivo — deve ser paciente e atento.

Joel Greenblatt escreve em “The Little Book That Beats the Market”:

“Manter ações só faz sentido se a empresa continua entregando retorno sobre capital superior ao custo de capital.”

Resumo da Ópera

Buy and Hold funciona quando há convicção, disciplina e estudo contínuo.

Não se trata de ignorar o mercado, mas de compreender profundamente onde se está investindo — e ter coragem para manter quando outros estão vendendo.

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Leopoldo Rosa
Por Leopoldo Rosa

Leopoldo Rosa é jornalista com MBA em Mercado de Capitais pela UBS/B3 e em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral. Tem passagens por Globo, CBN, CNN e Abril.

leopoldo.rosalino.ext@mmakers.com.br