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Conversa com o ChatGPT do Pedro Damasceno
O texto de hoje é baseado numa criação genial: o ChatGPT treinado para responder como se fosse grandes nomes do mercado, usando cartas, podcasts e entrevistas
Talvez a reflexão mais importante para o investidor atualmente é aquela do horizonte de investimentos. Não sabemos o que vai acontecer com os preços dos ativos em bolsa nos próximos seis meses ou um ano. No entanto, para o investidor que tem um horizonte de investimento mais longo que isso, vemos hoje importantes assimetrias positivas na bolsa brasileira, que podem se traduzir em retornos muito elevados nos próximos anos. O mercado acionário é cíclico por natureza, e a crença de que qualquer fase do ciclo durará para sempre, apesar de tentadora, parece ser equivocada”.
(Carta de gestão da Oceana Investimentos, de 20/12/24)
O texto de hoje é baseado numa criação genial do Leonardo Dawadji: ele treinou o ChatGPT para responder como se fosse pessoas específicas, usando cartas, podcasts e entrevistas.
Um dos GPTs que ele criou foi do Pedro Damasceno, um dos fundadores da Dynamo e que infelizmente nos deixou em 2017, vítima de um infarto. Uma das raras entrevistas que ele concedeu foi para mim em 2016, na época no Infomoney. Foi um dos dias mais especiais da minha vida e me conduziu a fazer o que faço hoje – (vídeo desta entrevista no Youtube).
Testei a ferramenta criada pelo Leonardo e gostei tanto do resultado que trouxe a minha “conversa” com o Pedro Damasceno para esta newsletter:
Thiago Salomão: Pedro, estamos em um dos momentos mais complicados para o mercado brasileiro: a taxa de juros, que já está em 12,25%, deve subir para além de 15% ao longo de 2025, o dólar saltou de R$ 5,00 para mais de R$ 6,00 neste ano, as projeções de inflação estão subindo para um número cada vez mais distante do centro da meta e os investidores estão levando o dinheiro para fora do Brasil. O que um investidor de ações com foco em longo prazo precisa fazer para manter a calma neste momento?
ChatGPT do Pedro Damasceno: Para um investidor de ações focado no longo prazo, momentos de tensão como o atual exigem paciência e uma análise meticulosa. A combinação de juros altos, desvalorização cambial e aumento das projeções de inflação coloca uma pressão significativa sobre o mercado de capitais. Entretanto, esses desafios também podem abrir oportunidades interessantes para quem está disposto a adotar uma abordagem contracíclica.
Historicamente, nos momentos mais difíceis do mercado, as melhores oportunidades surgiram, e isso se deve à natureza do comportamento humano em situações de estresse econômico: ativos de qualidade podem ser desvalorizados de maneira desproporcional. A filosofia da Dynamo sempre foi baseada em encontrar empresas sólidas, com vantagens competitivas sustentáveis, capazes de atravessar crises preservando sua capacidade de geração de valor no longo prazo.
Ações sugeridas para o cenário atual:
Foco em empresas com resiliência operacional e financeira: Empresas com margens robustas, baixo endividamento e boa capacidade de repassar custos tendem a se sair melhor em ambientes inflacionários e de juros altos.
Aproveite a desvalorização excessiva: Ativos de qualidade podem ser negociados abaixo de seus valores intrínsecos. Este é o momento de avaliar as métricas fundamentais (múltiplos de preço/lucro, fluxo de caixa descontado, etc.) e identificar assimetrias positivas.
Evite setores cíclicos demasiadamente sensíveis ao crédito: Alguns setores, como construção civil, podem sofrer mais devido à elevação dos juros, enquanto setores defensivos como consumo básico e utilities apresentam maior resiliência.
Considere diversificação internacional: Com o dólar em alta, uma diversificação global pode proteger contra a volatilidade local e ampliar o leque de oportunidades.
Manter a calma passa por confiar na análise e ter clareza sobre a tese de investimento. Como dissemos em outras ocasiões, a paciência e a disciplina são aliadas indispensáveis para o investidor de longo prazo. Investir é um jogo de décadas, e não de meses.
TS: Mas e se as coisas piorarem a ponto do Brasil entrar em uma grande e longa crise?
ChatGPT (PD): Se o Brasil enfrentar uma grande e prolongada crise, a primeira reação natural para o investidor seria de preocupação, mas é precisamente nesse momento que a experiência e a visão de longo prazo tornam-se os diferenciais mais valiosos. A história nos ensina que mesmo em crises severas surgem oportunidades únicas para investidores que conseguem enxergar além do curto prazo e se mantêm firmes em estratégias bem fundamentadas.
Reflexões para um cenário de crise prolongada:
- Concentre-se na qualidade: Em um ambiente adverso, empresas com fundamentos sólidos não apenas sobrevivem, mas frequentemente saem fortalecidas. São aquelas com balanços robustos, lideranças experientes e modelos de negócios resilientes. Exemplos históricos no Brasil mostram que, mesmo nas piores crises, setores como saúde, consumo essencial e infraestrutura apresentaram maior capacidade de resiliência.
- Valorização do caixa: Em momentos de extrema incerteza, ter liquidez pode ser uma vantagem estratégica. Ela permite capturar oportunidades que surgem em função de desalavancagens forçadas ou pânico no mercado. É uma abordagem que já utilizamos no fundo Dynamo em cenários desafiadores.
- Diversificação internacional: Uma crise prolongada tende a intensificar a busca por proteção em ativos globais. Historicamente, os investidores que mantiveram exposição a mercados externos (em especial aqueles com economias mais estáveis) mitigaram perdas e conseguiram equilibrar melhor seus portfólios.
- Evitar apostas em recuperação rápida: Muitas vezes, em crises prolongadas, o mercado subestima a extensão e profundidade dos problemas. Cuidado com movimentos especulativos que prometem retornos rápidos em setores excessivamente cíclicos ou em recuperação.
- Buscar assimetrias: Ativos que sofreram quedas expressivas podem apresentar uma relação risco/retorno mais favorável. Analisar cuidadosamente empresas com capacidade de adaptação, inovação e ganho de mercado pode ser uma estratégia vencedora, mesmo em uma economia estagnada.
Lição histórica:
No início dos anos 2000, o Brasil enfrentou uma situação de vulnerabilidade econômica semelhante, marcada por alta inflação e instabilidade cambial. Foi um momento em que muitos desistiram do mercado de ações. Contudo, empresas bem geridas, como Ambev e Weg, foram capazes de se adaptar e prosperar no longo prazo, recompensando investidores pacientes e disciplinados.
Em última análise, crises prolongadas testam não apenas o mercado, mas também a mentalidade do investidor. A chave é evitar decisões impulsivas, manter uma análise rigorosa e alinhar suas ações ao seu horizonte de investimento. Como já dissemos, o melhor antídoto para o pessimismo é a paciência aliada à boa análise.
Se você quiser testar as ferramentas, deixarei o link dos dois GPTs criados pelo Leonardo:
Pedro Damasceno (Dynamo)
Guilherme Aché (Squadra)