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De pária a protagonista: o Brasil voltou ao radar
No fim de 2024, o consenso era claro: o Brasil era o último lugar onde você deveria deixar seu dinheiro

No fim de 2024, o consenso era claro: o Brasil era o último lugar onde você deveria deixar seu dinheiro.
Inúmeros bancos de investimentos estrangeiros rebaixaram o Brasil.
Primeiro foi o Morgan Stanley:
Dias depois foi a vez do JP Morgan:
E pra começar bem o ano de 2025, o HSBC sacramentou o pessimismo com Brasil:
Na linha do sell side – que publicava relatórios extensos sobre por que não investir por aqui – os investidores estrangeiros retiraram R$ 32 bilhões da bolsa brasileira em 2024.
Era como se os gringos estivessem dando um ponto final no Brasil.
Mas aos poucos, a narrativa começou a mudar.
A economia americana passou a dar sinais de desaceleração e, na última sexta-feira, ainda sofreu um rebaixamento da nota de crédito pela Moody’s.
Com o dólar em tendência de enfraquecimento e os fundamentos da economia americana sob questionamento, os emergentes voltaram ao radar dos grandes investidores globais.
Na semana passada, Michael Hartnett, estrategista-chefe do BofA e um dos nomes mais ouvidos do mercado, escreveu em relatório que as ações de mercados emergentes devem superar todas as outras classes de ativos em 2025, impulsionadas por três fatores principais: o enfraquecimento do dólar, a recuperação econômica da China e os valuations ainda bastante descontados.
O gráfico abaixo é antigo, mas ilustra bem o que acontece com os mercados emergentes quando o dólar enfraquece:
E essa mudança de narrativa já está surtindo efeito: diversos índices de mercados emergentes sobem mais de +20% no ano. O Brasil, por exemplo, acumula alta de quase +27% em dólar.
Curiosamente, tenho lido relatos de investidores estrangeiros que buscam hoje exposição dentro do setor financeiro dos mercados emergentes, mas relatando que vários foram cancelados pela falta de demanda dos anos anteriores.
Alguns ainda tentam acessar via ETFs, mas reclamam da composição: Índia, China e Taiwan representam mais da metade do índice. Pouco ou quase nada de Brasil.
Como li em um relatório recente:
“Você deveria estar buscando mercados crazy cheap like Brazil.”
Nos momentos de rotação global, gosto de imaginar uma cena de cima: um rebanho de ovelhas migrando de um pasto já seco para outro, onde a grama ainda está verde. Elas não correm, não fazem barulho, mas se movem porque os ciclos exigem.
O investidor estrangeiro está se movendo e o Brasil, desacreditado e barato, parece ser o novo pasto.