Dica cultural de carnaval

Em um ritmo mais leve por conta do Carnaval, a CompoundLetter de hoje falará de uma das dicas culturais mais legais que recebi nas entrevistas de um dos convidados do Market Makers:

No começo do ano, Luis Stuhlberger, gestor do Fundo Verde, indicou o filme “Não olhe para trás”. Ele retrata a história verídica de Danny Colins, um cantor que atualmente vivia à sombra de antigos sucessos dos anos 1970. Até que sua vida muda totalmente quando chega às suas mãos uma carta dedicada a ele e escrita por ninguém menos que John Lennon, seu maior ídolo no início de carreira.

A carta foi uma resposta a uma entrevista que Collins deu à revista Rolling Stones no início da carreira. Lennon ofereceu sua ajuda pra Collins e deixou seu telefone ao final da carta. O problema é que essa carta só chegou às mãos de Collins nos dias atuais – e como todos sabem, John Lennon não está mais neste plano.

“Se eu tivesse recebido essa carta anos atrás, minha carreira teria sido completamente diferente”, lamenta Collins, que a partir daí começa uma jornada de autodescoberta e de retomada de laços perdidos. A atuação espetacular do Al Pacino como Danny Collins deixa a história ainda mais interessante.

É impossível assistir ao filme sem sofrer com a angústia de Collins no momento que ele descobre a existência da carta. O que era para ter sido o momento mais feliz da sua vida – o reconhecimento e a ajuda oferecida pelo seu maior ídolo – na verdade tornou-se sua maior tristeza, pois ele conduziu sua vida exatamente da forma que John Lennon lhe aconselhou a não fazer!

O episódio, no entanto, lhe fez repensar o que era realmente prioridade na sua vida, o que ele queria de fato para si e, mesmo que o tempo não mude daqui para trás, é possível escrever a história de maneira diferente daqui pra frente.

Seja na nossa vida pessoal, na condução político/econômica de um país ou nos mercados, às vezes é necessário um grande choque para que façamos as mudanças necessárias de percurso. Toda grande crise traz em si uma grande oportunidade de mudança.

O início de 2025 foi marcado por um grande descrédito dos investidores com o Brasil, diante de uma iminente crise que deve chegar pelo desenrolar da nossa situação fiscal. No entanto, o descontentamento gerado por uma crise dessas pode levar à escolha de um novo governo em 2026. Seria essa uma oportunidade?

Bom, deixemos as reflexões filosóficas de investimentos para a tarde de quarta-feira. Se você for de festa, aproveite com a devida moderação; se você aproveita este momento para descanso, deixo esta indicação do Stuhlberger como dica cultural, você não vai se arrepender.

Além da trilha sonora incrível (com muitas músicas solo do John Lennon), o filme te força a fazer uma reflexão: estou conduzindo minha vida da maneira como eu gostaria e ao lado das pessoas que eu realmente me importo? Ou estou apenas “seguindo uma tendência”, criada num passado que você nem se lembra quando começou?

Essa reflexão me fez lembrar Nietzsche:

“E se um dia, ou uma noite, um demônio lhe aparecesse furtivamente em sua mais desolada solidão e dissesse: ‘Esta vida, como você a está vivendo e já viveu, você terá de viver mais uma vez e por incontáveis vezes; e nada haverá de novo nela, mas cada dor e cada prazer e cada suspiro e pensamento, e tudo o que é inefavelmente grande e pequeno em sua vida, terão de lhe suceder novamente, tudo na mesma sequência e ordem (…)’. Você não se prostaria e rangeria os dentes e amaldiçoaria o demônio que assim falou? Ou você já experimentou um instante imenso, no qual lhe responderia: ‘Você é um deus e jamais ouvi coisa tão divina!’. O quanto você teria de estar bem consigo mesmo e com a vida, e não desejar nada além dessa última, eterna confirmação e chancela?”

A SEMANA:

Na terça-feira às 18h, publicaremos um episódio sobre Venture Capital, Startup e empreendedorismo com dois convidados que sabem muito do assunto: Lucas Abreu (fundador do Sunday Drops) e Julio Vasconcellos (sócio fundador da Atlântico Investimentos).

Na quarta-feira, também às 18h, faremos uma reunião exclusiva no M3 Club sobre LOCALIZA. Vamos virar a empresa do avesso e explicar em detalhes quem ela é, como ela ganha dinheiro e qual o momento atual dela. Traremos Marcos Matsutani, sócio da Aster Capital e que recentemente escreveu uma carta sobre ela, para esta verdadeira aula prática de investimentos.

Já na quinta-feira, teremos um episódio com Felipe Miranda e Rodolfo Amstalden, sócios fundadores da Empiricus, a maior casa de análise do Brasil e empresa sócia do Market Makers. O tema: ”Fim do Brasil 2.0”, o que há de semelhança e de diferenças do momento atual com o “Fim do Brasil” de 2014, análise que na época mudou a Empiricus de patamar.

Um forte abraço,
Thiago Salomão

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