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E a bolsa com isso? Não faço ideia
Quem investe no Brasil não tem um dia de paz
Texto originalmente publicado na CompoundLetter, a newsletter do Market Makers. Inscreva-se na newsletter gratuitamente deixando o seu e-mail aqui
Comecei meu domingo lendo a espetacular coluna do Marcos Lisboa na Folha de S. Paulo. Ele explicou com muita didática o funcionamento do mercado para depois mostrar por que não faz o menor sentido esse discurso de que “A culpa é do Mercado” quando o dólar ou os juros sobem como subiram diante das primeiras medidas anunciadas pelo novo governo.
“Tá aí, vou escrever minha Compoundletter mostrando algumas verdades inconvenientes sobre o mercado”, pensei. Há muito a ser dito para esclarecer como é a relação entre “Mercado” e “Mundo Real”.
Era uma ótima ideia. Até que “manifestantes” invadiram o Palácio do Planalto, o STF etc… e imediatamente todas as preocupações que eu tinha ao ler a coluna do Lisboa deram lugar ao risco social/político/institucional que surgiu ontem.
Você pode ser brasileiro ou pode ser um investidor tranquilo. Os dois ao mesmo tempo, não dá.
Óbvio que a pergunta que mais recebemos nas últimas horas foi: “o que vai acontecer com a bolsa nesta segunda-feira?”
Após passar praticamente 8 horas acompanhando as notícias e conversando com todo tipo de gente – de gestores de fundos a analistas políticos -, minha conclusão é: não faço a menor ideia pra onde a bolsa vai hoje.
Resumindo a história: sim, o evento foi bastante negativo, mas talvez ele não “faça preço” porque os investidores devem esperar para ver como serão as próximas 24 horas, que deverão ser cruciais para o desenrolar político.
Isso porque o governo e o STF já anunciaram medidas bastante enfáticas na noite de ontem (prisões, afastamento do governador do DF, desmobilização em 24 horas dos acampamentos, prisão de qualquer pessoa que tenha tido participação nas manifestações…). E toda ação enfática pode ter uma reação enfática.
Há também os riscos e preocupações de médio e longo prazos. A primeira e mais óbvia é a agenda econômica, que inevitavelmente deixará de ser prioridade nos próximos dias – lembrando que já tínhamos pouca visibilidade dos planos econômicos do novo governo.
O outro risco é o que uma analista política chamou de “entrar numa seara de exceções jurídicas”. Assim como vivemos um estado de exceção na pandemia com o intuito de combater as consequências da Covid, hoje vamos ouvir muito sobre “direito de exceção” por conta dos atos de ontem.
Ou seja, um desafio do governo Lula será trazer o Brasil para dentro da Constituição após passar por todo esse processo, ficando fora destes excessos criados.
Por isso que o importante mesmo será monitorar as próximas ações e reações.
Por ora, aquele conselho tão manjado mas que hoje se faz tão importante: diversifique sua carteira. É isso que vai te garantir um sono mais tranquilo diante de um domingo como esse.
As reflexões sobre as verdades inconvenientes do mercado ficarão para a próxima semana – se o noticiário assim permitir.