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ETFs: 5 pontos para entender de vez
Os investidores sabem mesmo o que estão comprando quando investem em ETFs?

“Em vez de procurar a agulha no palheiro, compre o palheiro.”
John Bogle, criador do primeiro fundo de índice da história
Essa frase que decidi abrir nosso papo de hoje tornou-se quase um mantra no mercado financeiro. E o investidor americano John Bogle (1929-2019), que lançou o primeiro ETF (Exchange Traded Funds) em 1976, ajudou a transformar o mercado de capitais.
No Brasil, a história é recente. Mas o movimento de popularização dos ETFs — e a avalanche de novos produtos que surgiu nos últimos anos — nos convida a uma reflexão: os investidores sabem mesmo o que estão comprando quando investem em ETFs?
Por isso decidi falar sobre isso em mais um texto da nossa série 5 pontos.
Vamos juntos?
#01 – ETFs democratizaram o acesso à diversificação
O ETF permite que, com um único clique, um investidor brasileiro consiga exposição a empresas americanas, ações europeias, títulos indexados à inflação, commodities e moedas digitais. Tudo isso sem sair da B3.
ETFs como IVVB11 (S&P 500), IMAB11 (Tesouro IPCA+) e BOVA11 (Ibovespa) já fazem parte do vocabulário de quem está minimamente inteirado deste mercado.
Talvez, inclusive, esteja aí o maior mérito dos ETFs: permitir acesso a estratégias globais, com simplicidade operacional e baixo custo.
#02 – O custo importa. Muito.
Bogle criou os ETFs para combater justamente o que ele via como uma distorção da indústria de fundos ativos: taxas altas, performance fraca e muito marketing.
Nos ETFs, não há taxa de performance e a taxa de administração geralmente é baixa. Mas isso não é uma regra. Muitos ETFs temáticos cobram mais de 1% ao ano para replicar índices voláteis e que podem ser mal definidos.
No longo prazo, essa diferença de custo corrói patrimônio.
Bogle cunhou, sobre isso, mais uma frase famosa: “Os custos importam mais do que as expectativas.”
#03 – Nem todo ETF entrega o que promete
A ideia de replicar índices parece objetiva. Mas a realidade é cheia de nuances: alguns ETFs têm tracking error elevado (rendem menos que o índice que dizem seguir), outros têm liquidez muito baixa, o que dificulta entradas e saídas em momentos de estresse.
Há também o risco da ilusão da diversificação: um ETF com 20 ações de um mesmo setor ou país pode até parecer diversificado — mas é apenas concentração disfarçada.
Antes de investir, pergunte-se:
- Esse índice tem uma metodologia clara?
- O volume médio diário é suficiente?
- O custo faz sentido diante da entrega?
#04 – Usar ETF não é sinônimo de estratégia
Uma coisa que é importante ter em mente é que os ETFs são veículos, não estratégias. O investidor que aloca 100% do patrimônio em BOVA11, por exemplo, não está diversificando, está apenas replicando o índice de ações brasileiro.
Do mesmo modo, o investidor que compra IVVB11 achando que está “investindo nos EUA” pode estar apenas comprando Apple, Microsoft, Amazon e Nvidia — todas expostas ao mesmo fator: tecnologia americana com juros baixos. Estratégia exige intenção, equilíbrio e contexto macroeconômico.
#05 – A tentação do modismo também mora nos ETFs
Outro cuidado importante a ter quando a gente decide investir em ETFs é o cuidado com o modismo. Investir em ETFs só porque o tema parece promissor é o mesmo que comprar ações porque o nome da empresa está na moda. ETF não é selo de qualidade. É um espelho de um índice — e você precisa saber quem construiu esse espelho.
Aqui, apelo ao autor de “Princípios”, Ray Dalio: “Evite decisões baseadas em emoção. No longo prazo, os fundamentos sempre vencem”.
Resumo da Ópera:
Os ETFs não são uma solução pronta, nem atalho para o sucesso. O investidor que entende isso e aprende a usar ETFs como ferramentas e não como destino tem muito a ganhar em simplicidade, eficiência e clareza estratégica.