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ETFs: 5 pontos para entender de vez

Os investidores sabem mesmo o que estão comprando quando investem em ETFs?

Leopoldo Rosa

Por Leopoldo Rosa

11 Jul 2025 10h00 - atualizado em 07 Jul 2025 06h35

ETF

“Em vez de procurar a agulha no palheiro, compre o palheiro.”
John Bogle, criador do primeiro fundo de índice da história

Essa frase que decidi abrir nosso papo de hoje tornou-se quase um mantra no mercado financeiro. E o investidor americano John Bogle (1929-2019), que lançou o primeiro ETF (Exchange Traded Funds) em 1976, ajudou a transformar o mercado de capitais. 

No Brasil, a história é recente. Mas o movimento de popularização dos ETFs — e a avalanche de novos produtos que surgiu nos últimos anos — nos convida a uma reflexão: os investidores sabem mesmo o que estão comprando quando investem em ETFs?

Por isso decidi falar sobre isso em mais um texto da nossa série 5 pontos.

Vamos juntos?

#01 – ETFs democratizaram o acesso à diversificação

O ETF permite que, com um único clique, um investidor brasileiro consiga exposição a empresas americanas, ações europeias, títulos indexados à inflação, commodities e moedas digitais. Tudo isso sem sair da B3.

ETFs como IVVB11 (S&P 500), IMAB11 (Tesouro IPCA+) e BOVA11 (Ibovespa) já fazem parte do vocabulário de quem está minimamente inteirado deste mercado. 

Talvez, inclusive, esteja aí o maior mérito dos ETFs: permitir acesso a estratégias globais, com simplicidade operacional e baixo custo.

#02 – O custo importa. Muito.

Bogle criou os ETFs para combater justamente o que ele via como uma distorção da indústria de fundos ativos: taxas altas, performance fraca e muito marketing.

Nos ETFs, não há taxa de performance e a taxa de administração geralmente é baixa. Mas isso não é uma regra. Muitos ETFs temáticos cobram mais de 1% ao ano para replicar índices voláteis e que podem ser mal definidos.

No longo prazo, essa diferença de custo corrói patrimônio.

Bogle cunhou, sobre isso, mais uma frase famosa:  “Os custos importam mais do que as expectativas.”

#03 – Nem todo ETF entrega o que promete

A ideia de replicar índices parece objetiva. Mas a realidade é cheia de nuances: alguns ETFs têm tracking error elevado (rendem menos que o índice que dizem seguir), outros têm liquidez muito baixa, o que dificulta entradas e saídas em momentos de estresse.

Há também o risco da ilusão da diversificação: um ETF com 20 ações de um mesmo setor ou país pode até parecer diversificado — mas é apenas concentração disfarçada.

Antes de investir, pergunte-se:

  • Esse índice tem uma metodologia clara?
  • O volume médio diário é suficiente?
  • O custo faz sentido diante da entrega?

#04 – Usar ETF não é sinônimo de estratégia

Uma coisa que é importante ter em mente é que os ETFs são veículos, não estratégias. O investidor que aloca 100% do patrimônio em BOVA11, por exemplo, não está diversificando, está apenas replicando o índice de ações brasileiro. 

Do mesmo modo, o investidor que compra IVVB11 achando que está “investindo nos EUA” pode estar apenas comprando Apple, Microsoft, Amazon e Nvidia — todas expostas ao mesmo fator: tecnologia americana com juros baixos. Estratégia exige intenção, equilíbrio e contexto macroeconômico.

#05 – A tentação do modismo também mora nos ETFs

Outro cuidado importante a ter quando a gente decide investir em ETFs é o cuidado com o modismo. Investir em ETFs só porque o tema parece promissor é o mesmo que comprar ações porque o nome da empresa está na moda. ETF não é selo de qualidade. É um espelho de um índice — e você precisa saber quem construiu esse espelho.

Aqui, apelo ao autor de “Princípios”, Ray Dalio: “Evite decisões baseadas em emoção. No longo prazo, os fundamentos sempre vencem”. 

Resumo da Ópera:

Os ETFs não são uma solução pronta, nem atalho para o sucesso. O investidor que entende isso e aprende a usar ETFs como ferramentas e não como destino tem muito a ganhar em simplicidade, eficiência e clareza estratégica.

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Leopoldo Rosa
Por Leopoldo Rosa

Leopoldo Rosa é jornalista com MBA em Mercado de Capitais pela UBS/B3 e em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral. Tem passagens por Globo, CBN, CNN e Abril.

leopoldo.rosalino.ext@mmakers.com.br