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Iludidos pelo acaso: 5 pontos no livro de Nassim N. Taleb

“Idiotas sortudos não têm a menor suspeita de que sejam idiotas sortudos”

Leopoldo Rosa

Por Leopoldo Rosa

18 Jul 2025 10h00 - atualizado em 16 Jul 2025 11h06

Nascido no Líbano, Nassim Taleb é autor de pelo menos dois grandes clássicos “Antifrágil” e “Iludidos pelo acaso”. Um dos grandes investidores da atualidade, Taleb faz sucesso entre pares, mas também entre quem não é investidor, mas se interessa pelo lado filosófico e comportamental de suas obras e reflexões.

Recentemente, me dediquei à leitura de “Iludidos pelo Acaso”, publicado pela primeira vez em 2001. 

Na nossa série cinco pontos de hoje, destaco trechos que mais me marcaram e que são aprendizados para quem quer investir como um profissional. A referência, convenhamos, é a melhor possível. 

#01 – Iludidos pelo acaso e os “idiotas sortudos”?

O autor cunha essa expressão ao falar sobre sucesso e questiona se ele pode ser medido apenas pelo desempenho e pela fortuna pessoal de alguém. 

“Idiotas sortudos não têm a menor suspeita de que sejam idiotas sortudos” – por definição, não sabem que pertencem a essa categoria. Eles agirão como se merecessem o dinheiro”, diz. 

Segundo o autor, a serotonina provocada pelo sucesso desses “idiotas” faz com que eles se enganem quanto à sua capacidade de se dar bem nos mercados. 

#02 – O sucesso e as emoções

Taleb cita a ciência ao falar que quase ninguém consegue esconder suas emoções – habilidade que pode definir o que se convencionou chamar de “habilidades de liderança”.

“Uma das principais razões pelas quais as pessoas se tornam líderes não se resume às habilidades que parecem possuir, e sim à impressão extremamente superficial que os outros têm delas, através de sinais físicos que mal podem ser percebidos – o que hoje chamamos de carisma, por exemplo”. 

#03 – As alternativas que a gente ignora em Iludidos pelo acaso

O autor afirma que não se pode julgar o desempenho em qualquer área, inclusive nos investimentos, apenas por seus resultados. Segundo ele, é preciso considerar os custos das alternativas, ou seja, como teria sido caso a história tivesse se desenrolado de maneira diferente. 

Vou reproduzir um trecho um pouco mais longo do livro, mas ele conta uma história que vale a pena compartilhar e que ilustra bem esse ponto:

“Imagine um magnata excêntrico (e entediado) oferecendo 10 milhões de dólares para alguém jogar roleta-russa com um único projétil entre as seis câmaras disponíveis e puxar o gatilho. Cada disparo seria contabilizado como uma história entre seis possíveis. Cinco das seis histórias levaria ao enriquecimento, uma à estatística. O problema é que apenas uma das seis histórias é observada na realidade: o ganhador dos 10 milhões conseguiria a admiração e o louvor de algum jornalista inepto […] o público observa os sinais exteriores de riqueza sem dar uma olhada na fonte”, conclui. 

#04 – Aprender com o erro alheio. Será?

Lá pela metade do livro, Taleb reflete sobre como a gente parece treinado para não aprender com o erro dos outros e nem com orientações. Usa o exemplo das crianças: “elas só param de querer pôr a mão num forno quente quando se queimam: não há alerta dos adultos que desenvolva nelas a menor forma de cautela”.

E compara esse comportamento infantil com o dos adultos.

“Esse desprezo congênito pela experiência dos outros não se limita às crianças ou a gente como eu: afeta em grande escala pessoas que tomam decisões empresariais e investidores”. 

#05 – O que fazer com os números

Ao longo da obra, Nassim Taleb fala sobre a matemática e o papel dos números na tomada de decisões. 

No capítulo 13, ele decreta: “lembre-se de que a matemática é uma ferramenta de reflexão e não de cálculo” e fala sobre sua definição de probabilidade “não é uma questão de chances, mas da crença na existência de um resultado, uma causa ou um motivo alternativo”, finaliza.

Resumo da Ópera

Embora bem sucedido como investidor – e um verdadeiro guru para quem quer investir como um profissional, Taleb é acima de tudo um pensador do comportamento humano e é basicamente disso que se trata essa obra: quem e como somos e como isso também pode nos dar ilusões. 

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Leopoldo Rosa
Por Leopoldo Rosa

Leopoldo Rosa é jornalista com MBA em Mercado de Capitais pela UBS/B3 e em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral. Tem passagens por Globo, CBN, CNN e Abril.

leopoldo.rosalino.ext@mmakers.com.br