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Iludidos pelo acaso: 5 pontos no livro de Nassim N. Taleb
“Idiotas sortudos não têm a menor suspeita de que sejam idiotas sortudos”

Nascido no Líbano, Nassim Taleb é autor de pelo menos dois grandes clássicos “Antifrágil” e “Iludidos pelo acaso”. Um dos grandes investidores da atualidade, Taleb faz sucesso entre pares, mas também entre quem não é investidor, mas se interessa pelo lado filosófico e comportamental de suas obras e reflexões.
Recentemente, me dediquei à leitura de “Iludidos pelo Acaso”, publicado pela primeira vez em 2001.
Na nossa série cinco pontos de hoje, destaco trechos que mais me marcaram e que são aprendizados para quem quer investir como um profissional. A referência, convenhamos, é a melhor possível.
#01 – Iludidos pelo acaso e os “idiotas sortudos”?
O autor cunha essa expressão ao falar sobre sucesso e questiona se ele pode ser medido apenas pelo desempenho e pela fortuna pessoal de alguém.
“Idiotas sortudos não têm a menor suspeita de que sejam idiotas sortudos” – por definição, não sabem que pertencem a essa categoria. Eles agirão como se merecessem o dinheiro”, diz.
Segundo o autor, a serotonina provocada pelo sucesso desses “idiotas” faz com que eles se enganem quanto à sua capacidade de se dar bem nos mercados.
#02 – O sucesso e as emoções
Taleb cita a ciência ao falar que quase ninguém consegue esconder suas emoções – habilidade que pode definir o que se convencionou chamar de “habilidades de liderança”.
“Uma das principais razões pelas quais as pessoas se tornam líderes não se resume às habilidades que parecem possuir, e sim à impressão extremamente superficial que os outros têm delas, através de sinais físicos que mal podem ser percebidos – o que hoje chamamos de carisma, por exemplo”.
#03 – As alternativas que a gente ignora em Iludidos pelo acaso
O autor afirma que não se pode julgar o desempenho em qualquer área, inclusive nos investimentos, apenas por seus resultados. Segundo ele, é preciso considerar os custos das alternativas, ou seja, como teria sido caso a história tivesse se desenrolado de maneira diferente.
Vou reproduzir um trecho um pouco mais longo do livro, mas ele conta uma história que vale a pena compartilhar e que ilustra bem esse ponto:
“Imagine um magnata excêntrico (e entediado) oferecendo 10 milhões de dólares para alguém jogar roleta-russa com um único projétil entre as seis câmaras disponíveis e puxar o gatilho. Cada disparo seria contabilizado como uma história entre seis possíveis. Cinco das seis histórias levaria ao enriquecimento, uma à estatística. O problema é que apenas uma das seis histórias é observada na realidade: o ganhador dos 10 milhões conseguiria a admiração e o louvor de algum jornalista inepto […] o público observa os sinais exteriores de riqueza sem dar uma olhada na fonte”, conclui.
#04 – Aprender com o erro alheio. Será?
Lá pela metade do livro, Taleb reflete sobre como a gente parece treinado para não aprender com o erro dos outros e nem com orientações. Usa o exemplo das crianças: “elas só param de querer pôr a mão num forno quente quando se queimam: não há alerta dos adultos que desenvolva nelas a menor forma de cautela”.
E compara esse comportamento infantil com o dos adultos.
“Esse desprezo congênito pela experiência dos outros não se limita às crianças ou a gente como eu: afeta em grande escala pessoas que tomam decisões empresariais e investidores”.
#05 – O que fazer com os números
Ao longo da obra, Nassim Taleb fala sobre a matemática e o papel dos números na tomada de decisões.
No capítulo 13, ele decreta: “lembre-se de que a matemática é uma ferramenta de reflexão e não de cálculo” e fala sobre sua definição de probabilidade “não é uma questão de chances, mas da crença na existência de um resultado, uma causa ou um motivo alternativo”, finaliza.
Resumo da Ópera
Embora bem sucedido como investidor – e um verdadeiro guru para quem quer investir como um profissional, Taleb é acima de tudo um pensador do comportamento humano e é basicamente disso que se trata essa obra: quem e como somos e como isso também pode nos dar ilusões.