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Manual de política para investidores
7 lições do episódio #48 para você não ser enganado pelo noticiário político
As expectativas dos investidores são fundamentais para formar os preços das ações. E todos os dias, no Brasil, essas expectativas são afetadas pelo que dizem e fazem os políticos. Afinal, são eles quem criam as regras do jogo que as empresas jogam.
Nos últimos meses, com a mudança de um governo de direita para outro de visões diametralmente opostas, parece que Brasília se tornou ainda mais protagonista nas expectativas e decisões dos investidores, que no fundo só querem previsibilidade e segurança.
Por isso nós criamos esse manual para você, investidor, lidar da melhor forma possível com o noticiário que vem dos palácios e de suas excelências. Ele é baseado na entrevista com o analista político Rafael Favetti, da Fatto Inteligência Política, publicada no episódio de ontem do Market Makers. Ele contém regras e definições fundamentais do mundo do poder para você compreender melhor como essa máquina funciona, quais são os incentivos presentes e o que costuma estar em jogo entre autoridades em disputa. Use-o para navegar no noticiário, separar a espuma da substância e investir melhor.
Sinal e ruído
90% do que se fala e noticia no mundo da política é ruído. Assim como no mercado financeiro existe muito barulho, picaretagem e blá-blá-blá para pouca coisa que realmente importa, no mundo da política vale o mesmo. É preciso parar, pensar, analisar e filtrar o que realmente importa, de preferência com análise, dados, premissas e fundamentos.
Poder
Na economia o dinheiro é escasso e as pessoas concorrem por ele. Na política vale o mesmo, mas pelo poder. Ele é o principal incentivo para indivíduos se movimentarem e agirem. E esse jogo é sempre de soma zero – quando alguém ganha poder, alguém perde.
Vieses
Com o poder como incentivo, cada lado tem sua narrativa. Quem está do lado do poder enxerga sempre um cenário auspicioso, enquanto quem está na oposição vê o trágico. Pense nos partidos como casas de análise totalmente enviesadas pelo seu incentivo real, o poder.
Long & short
Na política as informações que circulam geralmente têm interesses embarcados. Narrativas que vazam sobre projetos, votações, personagens e leis são estabelecidas e propagadas por personagens comprados e vendidos nessas teses. A boa análise política é capaz de identificá-los.
Notícia
Jornalismo político está muito longe de ser análise política. Quem faz o noticiário tem interesse em divulgar o conteúdo antes, e geralmente conteúdo que até o fim do dia já será de todos. A análise política se preocupa em enxergar o médio e o longo prazo, estabelecer premissas e cenários sobre o que é mais importante.
Política não é para amadores
Você já deve ter ouvido que o Brasil não é para amadores. Pois saiba que nenhum país é. Como se explica racionalmente a Itália, capaz de ficar seis meses sem um primeiro-ministro? Ou a Turquia, que reelege um presidente responsável por uma inflação de mais de 85%? Ou ainda os Estados Unidos, que elegeram uma celebridade da TV como presidente por um dos partidos mais tradicionais do país? O esculacho é a regra.
Estatais
Estatal sempre terá risco político. O importante é mensurar se o preço a ser pago compensa esse risco extra que você correrá. O exemplo da Petrobras, maior posição da carteira de Rodrigo Glatt, da GTI, é emblemático. A empresa, sólida e de mercado cativo, negocia a múltiplo preço-lucro baixíssimo, de apenas 2,5 vezes, exclusivamente por causa desse risco (que na opinião dele não deve se confirmar).
Confira agora nosso papo completo com Rodrigo Glatt (sócio-fundador e gestor da GTI) e Rafael Favetti (fundador e head de análise da Fatto Inteligência Política) no episódio #48!