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Mar calmo nunca fez bom marinheiro

O Market Makers completou 2 anos com bons resultados, e hoje me sinto mais à vontade para exorcizar meus demônios à luz do dia

Matheus Soares

Por Matheus Soares

10 Jan 2025 11h42 - atualizado em 10 Jan 2025 11h44

Esse texto é pra você que, assim como eu, é um investidor de empresas com foco no médio e longo prazo que busca encontrar na bolsa de valores as melhores ações para se tornar sócio. Como você bem sabe, tivemos uma década dias difíceis na semana passada e, apesar de concordar com a reação do mercado – que puxou o dólar para além dos R$ 6 e já projeta a Taxa Selic para ali próximo de 15% – aproveitei o estresse para não apenas diminuir o caixa da Carteira Market Makers, como também diminuir o caixa da minha carteira pessoal – o Market Makers FIA agora representa 75% do meu capital total.

Isso não é uma recomendação de investimento, apenas uma constatação do que estou fazendo na minha própria carteira. Como diz o Taleb: “Não me diga o que pensa, diga-me o que tem em sua carteira”.

Na semana passada, subi no M3 Club (o ambiente de membros do Market Makers) duas atualizações consecutivas em nossa carteira de ações e, em uma delas, escrevi um texto que tinha como principal objetivo compartilhar quem nós somos dentro do mercado.Seja você cotista do Market Makers FIA ou investidor autônomo, a CompoundLetter de hoje traz abaixo o texto que eu compartilhei com nossos membros na última quinta-feira (28). Nesse momento difícil para segurar ações, conhecer o próprio temperamento e saber quem você quer ser no mercado é essencial para não se deixar levar pelo que a maioria faz: vender na baixa para, algum tempo depois, comprar na alta.

Fique abaixo com o texto e espero que ele te ajude a tomar melhores decisões de investimento.

Nesta que é a segunda atualização consecutiva de carteira, diminuímos nossa posição em caixa de 7,48% para 4,23%. E, se as quedas persistirem, ao longo dos próximos dias iremos zerar nosso caixa. 

Não é que estamos “peitando” o mercado por achar que o anúncio de “corte” de gastos foi bom. Pelo contrário, a comunicação foi horrorosa e achamos correta a reação do mercado de puxar o dólar e a curva de juro pra cima. Imagina se fosse o contrário? Uma péssima comunicação do governo sendo aplaudida pelo mercado. Seria errado sem dúvidas.

Apesar de fazermos parte dele, eu diria que não agimos como o mercado. Nosso horizonte de investimento é maior que os próximos seis ou doze meses e nosso propósito é comprar boas empresas, resilientes, tocadas por pessoas competentes e negociando a bons preços. Neste exato momento vemos empresas entregando excelentes resultados negociando nos menores múltiplos de preço da história. Vemos ações de empresas que se beneficiam do dólar alto ou que estejam expostas às indústrias brasileiras vencedoras, como a Priner, se desvalorizando como se tudo fosse “farinha do mesmo saco”.

Basicamente o mercado ligou o modo ZEM e todos parecem desiludidos com o futuro do país. Seria tolo da minha parte dizer que estou otimista com Brasil, não tem como ficar otimista com um governo que parece não se importar com o fiscal; mas eu diria que estou otimista:

1) com os preços atuais de Mills negociando a 3,5x o múltiplo EV/EBITDA para 2025 – com os inúmeros investimentos em infraestrutura que o país vai fazer nos próximos anos;

2) com os preços de Priner negociando a 3,5x EV/EBITDA mesmo crescendo 27% ao ano, expandindo ROIC e diversificando receitas;

3) com Vivara que já negocia abaixo de 10x a relação Preço/Lucro para 2025 como se o seu negócio e as perspectivas de crescimento fossem iguais a todas as outras varejistas como Arezzo e Lojas Renner. E digo mais: com dólar a R$ 6 não será fora do Brasil que o brasileiro comprará jóias e prata. 

4) com Tupy, que apesar dos fracos resultados do 3T24, deve, em breve, trazer luz às iniciativas de descarbonização com potencial para adicionar alguns bilhões em receita com margens superiores aos do negócio tradicional da companhia e que, facilmente, poderiam fazer o múltiplo atual – próximo de 4x EV/EBITDA – expandir num futuro próximo.

Para fechar o texto e seguirmos para as recomendações, uma breve história contada por ninguém menos que Charlie Munger:

Em uma escola rural no Texas, um professor fez a seguinte pergunta:
“Se há nove ovelhas em um cercado e uma pula para fora, quantas restam?”

“Oito!” respondeu a classe.

Mas um garotinho levantou a mão e disse: “Nenhuma delas restou.”

O professor riu: “Você não entende aritmética.”

O garotinho respondeu: “Não, professor. Você não entende as ovelhas.”

As ações não ficam baratas à toa. A trajetória fiscal brasileira é preocupante. Mas todos sabemos que o Brasil flerta com o precipício, mas não cai. Se seguirmos a manada, dificilmente ganharemos dinheiro

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Matheus Soares
Por Matheus Soares

Fundador do Market Makers, analista responsável pela Carteira Market Makers de Ações. Antes de fundar o MMakers, foi analista responsável pela cobertura de Small Caps na XP Inc e analista fundamentalista da Rico Investimentos. Certificado no curso de Value Investing da Columbia Business School.

matheus.soares@mmakers.com.br