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Neymar, DeepSeek e lucro de 7%; as surpresas de janeiro
O clima péssimo de dezembro mudou completamente em janeiro
Terminamos dezembro em ritmo de caos no Brasil e de festa sem fim em Wall Street. As besteiras “made in Brazil” que já cansamos de contar nos podcasts de dezembro e janeiro e a forte alta no rendimento das Treasuries americanas – causada pelo risco inflacionário que as medidas do Trump podem trazer aos EUA – contribuíram para a bolsa brasileira viver um horror sem fim no final de 2024 e o dólar testar os R$ 6,30.
O clima péssimo de dezembro, no entanto, mudou completamente em janeiro:
- O discurso “taxativo” de Trump na posse não veio, trazendo de volta o “yield” das treasuries e descomprimindo o prêmio de risco do mundo;
- O Brasil parou de trazer más notícias (quando as expectativas são baixas, no news is good news), embora o governo deixe claro que não entendeu (ou finge não entender) que nosso problema é fiscal, e não de comunicação;
- O mundo descobriu a DeepSeek, que mostrou que o custo para “tornar-se AI” pode ser beeem menor do que os budgets das grandes empresas americanas apontavam;
Um janeiro cheio de surpresas (até o Neymar voltou para o Brasil pra jogar no Santos, para deleite dos amantes de futebol) serviu para reforçar o quão frágil são aquelas projeções que todo mundo lê no final do ano (já falamos sobre isso em newsletters anteriores). Destaco ainda que vimos em janeiro o início da corrida presidencial:
Embora ainda tenhamos 20 meses pra disputa, a corrida eleitoral já começou agora, com a reprovação crescente do governo Lula ligando o alerta entre os petistas e deixando a dúvida para nós: o governo vai “ouvir o fiscal” e adotar medidas austeras para ter um Brasil mais saudável? Ou vai pisar no acelerador dos gastos para tentar vencer as eleições a qualquer custo, como vimos em 2022?
Na oposição, a indefinição segue entre lançar uma liderança política promissora (Ratinho Jr, Tarcísio, Zema…), alguém do clã Bolsonaro (Jair, Michelle, Eduardo…) ou se vai pro “tchê tchererê tchê tchê“ com o Gusttavo Lima.
Aliás, um dado interessante que o cientista político Thomas Traumann trouxe no podcast ”Kafé com Kinea”: das quase 70 eleições que tivemos ano passado em países industrializados, dois terços foram vencidas pela oposição. Ou seja, há um movimento diferente no mundo que não vai para esquerda ou para direita, mas sim para o adversário do governo atual. Há um descontentamento com o líder político vigente.
Diante de tudo isso, janeiro fechou com um dólar caindo quase 6%, os juros futuros “fechando” (indicando uma taxa Selic menor no longo prazo) e o Ibovespa subindo 5%. O fundo Market Makers FIA, composto predominantemente por small caps, rendeu 7,2% (dados prévios). Nada mudou em nossas histórias de investimentos para justificar essa alta, foi apenas “queda do risco”, mas aproveitamos o janeiro mais calmo para fazer um “deep dive” em algumas de nossas teses.
Um destes casos foi MILLS (maior posição da nossa carteira), a qual apresentamos um relatório muito completo, feito com maestria pelo meu sócio Matheus Soares e que foi enviado aqui neste email aos que demonstraram interesse em saber mais sobre o M3 Club – se você não recebeu, responda essa mensagem que enviaremos o estudo.
Mas foi interessante notar investidores querendo saber mais de algumas teses que já estão há um bom tempo em nosso radar. O caso que mais nos chamou atenção foi a PRINER, que encerrou janeiro com alta de 19,76%, alcançando seu maior patamar em seus 5 anos de histórico na bolsa (sim, também existem ações brasileiras nas máximas).
O fato é: olhando de uma maneira macro, no âmbito nacional, há poucas evidências ou novidades que justifiquem uma postura otimista. Quem viu nosso episódio com Marcio Appel, com a dupla Stuhlberger + Parreiras ou com Tony Volpon recolheu ingredientes de sobra para estar pessimista com Brasil.
No entanto, investir com foco no longo prazo não se trata de estar otimista ou pessimista. Na verdade, é justamente no ambiente pessimista que surgem as oportunidades de longo prazo – e vice-versa. Os membros do M3 Club que acompanharam nossa reunião de janeiro com o Christian Keleti tiveram uma verdadeira aula sobre isso.
E no final do dia, os dois estão certos, pois o que vale aqui é seu horizonte e seu objetivo no mercado. Se você é um trader multimercado, que pode operar todos os mercados e tem horizonte de curto prazo, faz sentido estar pessimista; agora se você é um investidor de empresas com foco no longo prazo, faz sentido querer comprar tudo a esses preços.
Eu trouxe essa discussão em meu twitter: coloquei uma fala do Appel dizendo que a bolsa brasileira vai cair muito e um tweet do Keleti rebatendo essa fala e perguntei “de que lado você está?”. A resposta do Guilherme Neves foi a mais legal:
Coincidentemente, Pedro Cerize havia feito um tweet no mesmo dia, só que mais cedo, que corrobora com essa ideia:
A você que leu até aqui, obrigado e um ótimo fevereiro.
Você encontra o MARKET MAKERS FIA nas seguintes plataformas:
Inter
EQI
Necton
CM (Capital Markets)
E não se esqueça: vamos reabrir o M3 Club em 24 de fevereiro.
Clique aqui e demonstre seu interesse entrando na lista de espera. Só quem estiver na lista terá a chance de integrar a nossa fraternidade de investidores.