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O arcabouço convenceu o mercado?
As expectativas de mercado agora precificam um Lula menos dilmado
Mudanças de expectativas em relação aos juros, historicamente, favorecem a Bolsa. No ciclo de 2019, a bolsa subiu 23% e em 2016, 20,3%. E você está diante de uma agora.
Há quase três meses, nesta CompoundLetter, escrevi que, para a Faria Lima, Lula era 73% Dilma.
Os dados e notícias naquele momento mostravam que o mercado, antes em dúvida, havia se convencido de que o terceiro governo de Lula seria muito mais parecido com os mandatos heterodoxos de Dilma que com os primeiros e pragmáticos mandatos do próprio Lula.
Essa constatação era baseada no valor das taxas reais cobradas pelo mercado para emprestar dinheiro para o governo via NTN-Bs, que naquele momento era 73% do que havia sido no dos anos de Dilma Rousseff no poder. Os valores eram 73% dos 7,63% registrados em 2016 (a conta completa está na CompoundLetter de março).
O dado mais eloquente, no entanto, estava nos juros futuros. Após a vitória do petista nas urnas, a projeção para 2025 era de Selic em 11,2% ao ano. No fim de fevereiro, 13,1%. É 1,9 ponto porcentual a mais.
A deterioração nas expectativas foi construída graças aos questionamentos ao Banco Central por parte do presidente, a então quentíssima disputa entre a “facção Haddad” e a “facção Gleisi” do governo, a indicação de um político para a Petrobras entre tantos fatos e factoides.
Desde então, muita água passou por baixo da ponte, com destaque para o arcabouço fiscal apresentado, modificado e aprovado. O que teria acontecido, então com aqueles números?
Se em fevereiro o mercado cobrava de Lula 73% do que cobrava de Dilma, hoje pede cerca de 50% (as mesmas NTN-Bs negociam a cerca de IPCA + 5,5%), valores semelhantes aos de mandatos de outros presidentes.
Ao mesmo tempo, a projeção da Selic para 2025 na semana passada chegava a 10,2%, menos do que o mercado esperava antes do primeiro turno das eleições.
Arriscaria dizer, portanto, que o arcabouço fiscal, apesar de frágil, parece ter tido algum efeito nas expectativas do mercado. Se naquela época o governo Lula parecia estar dilmando, hoje parece menos.