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O grande risco que (quase) nenhum investidor está atento

Petróleo e o grande risco geopolítico

Josué Guedes

Por Josué Guedes

26 Jul 2023 14h42 - atualizado em 26 Jul 2023 02h47

O grande risco que (quase) nenhum investidor está atento

Assim como o market maker “conecta” investidores com ativos (provendo liquidez), aqui no Market Makers estamos sempre pensando em como conectar os investidores profissionais ao investidor comum.

Além do podcast e do conteúdo exclusivo que os membros da nossa Comunidade têm acesso, nossas interações com analistas e gestores são diárias e nos fornecem insights e ideias que vão muito além do consenso.

Essa semana, buscando mais informações sobre petróleo, Matheus Soares, analista da Carteira Market Makers, entrou em contato com um dos maiores especialistas em commodities do mercado, Ricardo Kazan, gestor de commodities da Legacy Capital, e teve não só uma atualização sobre esse mercado como também uma aula sobre riscos geopolíticos que preocupam Kazan agora.

Como conhecimento só tem valor quando compartilhado, aqui vai um resumo do papo com Kazan:

“Do início do ano até hoje a oferta de petróleo surpreendeu o mercado, que esperava queda da exportação russa, e aconteceu justamente o contrário: a Rússia exportou mais petróleo do que nunca. 

Agora, finalmente a Rússia começou a cumprir os cortes de produção e isso está ajudando na alta recente da commodity. 

Do lado da demanda, existe uma sazonalidade que faz com que a demanda seja maior no terceiro e no quarto trimestre todo ano, com a ajuda da reabertura chinesa – as agências de projeções do mercado de petróleo têm apontado para déficit na segunda metade do ano. 

Assim, chegamos à virada do semestre e de fato o mercado físico começa a dar sinais de aperto, principalmente na Ásia (demanda chinesa e cortes de produção da Opec), mas que ainda não se refletem em aperto nos estoques. Se este movimento acontecer (estoques também começarem a sentir o aperto) o petróleo deve subir bem. 

Mas nossa grande preocupação agora no momento é geopolítica.

A guerra na Rússia e Ucrânia tinha motivos para esfriar: a Rússia conquistou territórios no leste ucraniano (20% do país) e a partir de lá a Ucrânia vinha se defendendo bem, com apoio militar do Ocidente. Parecia um avanço suficiente da Rússia se comparado à invasão da Crimeia em 2014 (muito menor que o território conquistado agora).

Porém, de dois meses para cá, a Ucrânia iniciou uma contra ofensiva para retomar os territórios, e a Rússia sofreu.

Enfraquecida, a Rússia quis dar a volta por cima e nas últimas semanas estourou uma barragem hidrelétrica que servia de divisória entre a Ucrânia e o território russo recém conquistado. Além disso, suspeita-se que os russos colocaram bombas numa usina nuclear no sudeste ucraniano.

A Rússia também saiu do acordo de grãos com as Nações Unidas (deveria ser renovado pela quarta vez na segunda-feira passada), que fazia com que os grãos produzidos na Ucrânia saíssem pelo Mar Negro para serem exportados para o mundo todo. Porém, agora ela atacou portos relevantes do acordo, e ontem atacou o último porto – na região do rio Danúbio que faz fronteira com a Romênia (membro da Otan) – que servia para escoar os grãos ucranianos. Isso fez as commodities agrícolas dispararem, sobretudo milho e trigo.

Além disso, o Grupo Wagner está em Belarus e o presidente deste país disse estar preocupado com a possível tentativa do grupo em entrar no leste da Polônia (que direcionou todas suas tropas para a fronteira com Belarus).

Na semana passada, a Rússia disse que qualquer navio passando pelo Mar Negro em direção à Ucrânia será considerado inimigo (e seu país de origem também). A Ucrânia disse a mesma coisa para navios indo para portos russos (ou tomados pela Rússia). Até agora a tensão é só retórica, mas a situação está muito delicada.”

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