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O que fizemos na Carteira Market Makers e o gatilho irá destravar a alta da bolsa

Oportunidades na bolsa brasileira: investindo estrategicamente diante da queda iminente da Selic e valuations descontados

Por Thiago Salomão

29 May 2023 11h39 - atualizado em 29 May 2023 11h44

Na minha última newsletter, citei 6 dos motivos que sustentam meu otimismo com a bolsa brasileira mesmo após o ótimo mês de maio (aos que não leram: o ciclo global mais favorável, o iminente início da queda da Selic, mercado “leve” na compra e valuations descontados resumem a tese) e que, apesar disso, mantínhamos uma posição em caixa para aproveitar certas oportunidades.

Pois bem, as oportunidades surgiram na semana passada: gastamos nosso caixa para aumentar a participação em duas de nossas ações investidas e incluir 4 novidades – um shopping center, uma elétrica, uma empresa de engenharia e um conglomerado de negócios.

Não revelarei o nome das investidas em respeito aos membros da Comunidade Market Makers, que receberam essas recomendações na semana passada. Mas quero compartilhar o racional desta tese a todos os 3 leitores desta newsletter, para que possam ver alguns argumentos mais técnicos de por que estamos mais otimistas.

A começar pela análise da bolsa como um todo: o múltiplo P/L (Preço/Lucro) projetado para os próximos 12 meses do IBOVESPA está perto de 7,3 vezes, o que não só é abaixo da média histórica (11,2x) como está num patamar abaixo de um desvio-padrão da média (8,6x).

A mesma coisa ocorre com o índice de small caps da B3.

Se os 3 leitores desta newsletter se lembram bem, já escrevi por aqui que “VALUATION NÃO É GATILHO”, ou seja, não é porque uma ação está barata que ela vai subir. Ela pode ficar barata por muito tempo – ou até ficar ainda mais barata antes de começar a subir.

Contudo, um gatilho surgiu na semana passada. A QUEDA DE JUROS. Esse gatilho não é uma novidade, já que muita gente está cantando essa bola faz um tempo, mas tivemos a divulgação de um IPCA-15 bem abaixo do esperado em maio (+0,51% vs expectativa de +0,65%). O número acelerou as apostas do mercado de uma iminente queda na Selic.

Temos indícios para acreditar que a inflação seguirá desacelerando: commodities em queda, dólar em queda e arcabouço fiscal ancorando expectativas futuras são alguns dos bons motivos para esperar este momento desinflacionário. Vale lembrar que hoje a diferença entre a inflação anualizada e a Selic atual (13,75%) está em quase 10 pontos percentuais.

Abaixo, o comportamento da inflação (roxo) e da taxa Selic (azul). O eixo da esquerda mostra a taxa de juros e o da direita, a inflação. Repare como, desde 2012, eles andam bem próximos e não costumam ficar tanto tempo assim distantes. Se não tivermos a volta dos ventos inflacionários, a Selic vai ter que cair.

O efeito da queda dos juros no mercado de ações é aritmeticamente maravilhoso. Como bem escreveu Matheus Soares no relatório que enviamos aos assinantes:

“Quando avaliamos uma empresa, levamos em consideração o que ela vai gerar de dinheiro nas suas operações ao longo dos próximos muitos anos e trazemos o somatório de todos esses fluxos de caixa do futuro para o valor presente. Fazemos isso usando uma taxa de desconto, que leva em conta o custo de oportunidade que o investidor tem ao alocar seu dinheiro nesta empresa. Portanto, se o juro longo começa a cair, a taxa de desconto cai junto e o valor presente da soma dos fluxos de caixa da empresa sobe”. 

Como descontamos o “futuro” de uma empresa por essa taxa de desconto para saber quanto a ação deveria valer hoje, o preço da empresa hoje será maior se a taxa de desconto praticada for menor. É um efeito matemático. Tão simples quanto isso.

E embora a Selic ainda não tenha começado a cair, a curva dos juros futuros, “desenhada” através dos preços dos contratos de DI futuro na B3, já começou a cair faz um tempo. Inclusive é este um dos motivos que explicam a forte alta das ações brasileiras em maio.

A informação mais importante que esta tabela nos traz é: o mercado já precifica Selic abaixo de 10% no começo do 2º semestre de 2024.

Pra fechar, veja abaixo esse gráfico, que mostra como se comportam o índice de small caps e uma cesta de empresas ligadas ao consumo doméstico aos movimentos da curva de juros de 5 anos pra frente (note que os eixos com as pontuações dos índices de ações estão invertidos – ou seja: quanto mais para baixo, maior a pontuação).

Quando o juro (em branco) cai, o índice de small caps (azul) e as ações de consumo (vermelho) sobem (com os gráficos invertidos, as linhas azuis e vermelhas em queda significam que os índices estão subindo).

Até o fechamento de sexta-feira (26 de maio), a Carteira Market Makers acumulava ganhos de 9,3% em maio, contra 6,4% do Ibovespa. Em 2023, nossa carteira está com 6% de rentabilidade teórica, contra 1% do Ibovespa.

Para conhecer a tese de cada uma das 13 ações da nossa carteira, basta ser assinante da Comunidade Market Makers. Você pode tornar-se membro contratando nosso serviço ou então investindo no Fundo Market Makers, o fundo de ações feito para seguir nossa carteira. Saiba mais sobre essa promoção clicando aqui.

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Por Thiago Salomão

Fundador do Market Makers, analista de investimentos CNPI-P, MBA em Mercados Financeiros na Fipecafi e na UBS/B3. Antes de fundar o MMakers, foi editor-chefe do InfoMoney, analista de ações na Rico Investimentos, co-fundou o podcast Stock Pickers e foi sócio da XP de 2015 a 2021

thiago.salomao@mmakers.com.br