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O voto distrital dos EUA deveria ser exemplo para o Brasil, segundo Daniel Leichsenring
A ausência de mecanismos claros de representatividade e responsabilidade ("accountability") dificulta a coerência e a cobrança de parlamentares
De acordo com Daniel Leichsenring, que participou do episódio #168 do Market Makers Podcast, o orçamento brasileiro é “uma nota de R$ 3”, ou seja, uma peça de ficção sem credibilidade.
Ele critica a forma como o orçamento é elaborado e executado no Brasil, contrastando com modelos mais eficientes de outros países, como os Estados Unidos e o Reino Unido. Nessas nações, o orçamento é construído de forma transparente, com projeções de gastos, arrecadação de impostos e uma execução fiel às negociações feitas no Congresso.
No Brasil, contudo, o orçamento é frequentemente manipulado. A execução raramente reflete o que foi acordado, resultando em déficits permanentes e aumento da dívida pública.
Além disso, a responsabilidade por esses déficits não é compartilhada, recaindo integralmente sobre o Executivo, enquanto o Legislativo se exime de qualquer consequência por aprovar medidas irresponsáveis.
Os EUA deviam ser inspiração para o Brasil
Daniel Leichsenring faz uma análise incisiva sobre o sistema eleitoral brasileiro, destacando como a ausência de mecanismos claros de representatividade e responsabilidade (“accountability”) dificulta a coerência e a cobrança de parlamentares.
No Brasil, o processo eleitoral para deputados federais é caracterizado por uma enorme desconexão entre os políticos eleitos e os cidadãos que votaram neles. Após as eleições, a maioria esquece em quem votou, e os próprios deputados eleitos não têm clareza sobre os votos que os levaram ao cargo.
Essa opacidade dificulta a cobrança por parte dos cidadãos e fragiliza a relação entre representantes e representados.
Leichsenring aponta que a ausência de uma relação direta entre os eleitores e seus parlamentares enfraquece a democracia e torna quase impossível exigir coerência política. Sem saber a quem devem prestar esclarecimentos, os parlamentares têm pouca ou nenhuma obrigação de agir de acordo com as demandas de seus eleitores.
Já nos EUA…
… impera o voto distrital puro, elogiado por Leichsenring. Nesse sistema, cada deputado representa um distrito específico, com poucos candidatos competindo diretamente. Nesse sistema, é muito mais fácil para os eleitores identificarem quem os representa e cobrar responsabilidade por suas ações.
Segundo o economista, a adoção de um modelo semelhante no Brasil poderia aumentar significativamente a “accountability” dos parlamentares. Ele argumenta que, com um sistema distrital, os eleitores saberiam exatamente quem elegeram, e os parlamentares teriam uma relação direta com a base que representam.
Em outras palavras, isso fortaleceria a democracia brasileira, com um modelo mais transparente em que parlamentares estariam mais alinhados com as demandas da sociedade, evitando a ineficiência do nosso orçamento “nota de R$ 3”.
Daniel abordou outros temas no episódio, trazendo fatores relevantes para o cenário econômico de 2025, reflexões sobre reeleição, organização do Estado, análises do mercado de ações e políticas monetárias.
Assista ao episódio clicando aqui.