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Onde eu investiria R$ 100 mil hoje?

O mundo está complexo mas sua carteira não precisa estar assim. Aqui está o que eu faria com a minha carteira

Thiago Salomão

Por Thiago Salomão

19 Sep 2022 13h55 - atualizado em 19 Sep 2022 01h55

Neste fim de semana, me mudei para uma moradia “provisória”, que ficarei poucas só até meu apartamento finalizar a reforma. A vida moderna é pouco glamourosa mas tem sua beleza: em poucas horas, encontramos no Airbnb uma casa que comporte dois adultos e dois cachorros. Cartão de crédito registrado, acordo fechado com zero burocracia. 

“Leve só o necessário”, disse a Fernanda. Assim, eu dividi meu exercício solitário que faço todo fim de semana (que é refletir sobre como está o mercado e como isso afetará meus investimentos) com o cálculo de quantas (e quais) roupas colocar nesta mala de mini mudança.

Seja para a bagagem ou para a carteira, a conclusão é a mesma: menos é mais. Embora quanto mais a gente estude, mais a gente quer sofisticar nossa carteira, o momento agora é de voltar ao básico.

Sobre isso, você viu o que o Stanley Druckenmiller disse na última semana? Até postei no Instagram: “eu ganho a vida supostamente prevendo mudanças nos mercados e faço isso há 45 anos. (…) digo que este é o ambiente mais difícil que já encontrei para ter confiança em qualquer previsão de 6 a 12 meses à frente”.

A complexidade do mundo não precisa ser explicada: guerra? Tem. Risco de recessão? Tem também. Risco político? Sempre teve, então põe na conta. E ao mesmo tempo que está tão difícil olhar pra frente, temos no Brasil um juro real anual de uns 6% (se você for via Tesouro IPCA) ou de quase 10% bruto (se você pegar os CDBs que estão sendo emitidos por aí).

10 trocas de roupa para trabalhar + 4 trocas de roupa de fim de semana. Enquanto separo as peças, reflito na frase que ouvi numa conversa com um gestor na semana passada: em um Brasil com 6% de juro real na renda fixa, pra que uma pessoa física investiria na bolsa?

Ora, se há ações com potencial de retorno muito acima do referido acima, então é compra. E a vantagem de trabalhar ao lado do Matheus é essa: além de um parceiro para todas as horas, o Math já mapeou várias ações que estão absurdamente baratas. Elas vão fazer parte da Carteira Recomendada Market Makers, que será inaugurada semana que vem. 

Enquanto a lista do Math não sai, tenho dois setores preferidos para compor carteira com essa renda fixa encorpada. Um deles é o petrolífero: o último episódio do Market Makers foi bem didático em mostrar o potencial que o petróleo ainda embute. Mesmo com risco de recessão global, a falta de investimento em produção nos últimos anos deve garantir que os preços fiquem altos.

Embora calls consensuais sempre me deixem com um pé atrás (muito gestor que conversamos hoje tem petróleo na carteira), parece uma tese fácil de entender dentro de um mundo tão complexo. Na bolsa brasileira, temos as ações de Petrobras, 3R e Petrorio, além dos BDRs de Chevron, Halliburton. Uma outra forma de se expor ao petróleo de maneira diversificada é com o fundo Vitreo Petróleo, que combina uma carteira com ações de petrolíferas, contratos futuros de petróleo e ETFs. O fundo tá na Empiricus Investimentos, corretora sócia do Market Makers. 

Aliás, se você não tem conta na Empiricus, sugiro que abra agora, porque quem abrir através do nosso link e ativar a conta vai participar da nossa próxima reunião de comitê de investimentos.

>> QUERO PARTICIPAR DA REUNIÃO <<

Três pares de tênis de passeio/trabalho, um para a academia, a chuteira do sagrado futebol, dois pares de chinelo. Na carteira, um pouco dos bons e velhos bancões. Lucro consistente, múltiplos atrativos, bons dividendos. Se tem algo bom para ter em carteira num momento de mais incerteza, é o bom e velho Itaú/Bradesco.

Sem sofisticar muito, tá aí uma boa tríade pra carteira. Renda fixa, petróleo e bancos. A divisão percentual vai de acordo com seu perfil (e isso ninguém melhor do que você mesmo para definir). 

Enquanto escolho quais os 3 livros para (tentar) ler nesta mini mudança, fui respondendo mentalmente algumas perguntas que todos os 5 leitores desta CompoundLetter poderiam fazer:

Salomão, eu sei que isso é pessoal, mas quanto você colocaria em cada um? Olha, se eu tivesse R$ 100 mil para investir e não tivesse um real investido e já montei minha reserva de emergência (6 meses dos meus custos mensais num “fundo caixa”), colocaria R$ 40 mil na renda fixa, R$ 40 mil em bancos e R$ 20 mil em petróleo.

Essa renda fixa você investiria onde? Hoje, minha carteira de renda fixa é toda concentrada em CDBs atrelados a inflação (os famosos “IPCA + xxx%”) com vencimentos em 1 ano. Tem desde “IPCA + 5,85% ao ano” que eu comprei em janeiro até os atuais “IPCA + 9% ao ano”. 

E se eu quiser diversificar dentro da renda fixa? O Gabriel Mallet (especialista de renda fixa da Empiricus) comentou na news que ele escreveu fim de semana sobre os prefixados de 2 a 3 anos e os pós fixados (CDI+ e %CDI) de 2 a 4 anos – ambos com recomendação para comprar e manter em carteira até o vencimento. Eu também tenho analisado com carinho os precatórios estaduais e municipais, que têm um risco maior mas pretendem entregar 200% do CDI isento de IR. Nessa aí, eu colocaria uma parcela pequena (uns 10%) do meu bolo de renda fixa.

Roupas separadas, livros escolhidos, só faltam uns vinhos e umas cervejas. Na carteira de ações, já me faço satisfeito com estes dois setores enquanto espero as recomendações do Matheus.

Mas e bolsa americana, não caiu bastante? Sim e não. No absoluto e no relativo, a queda parece forte neste ano, mas quanto ela ainda pode cair se os juros por lá subirem mais do que se imagina e os lucros começarem a ser revisados para baixo? Prefiro ficar de fora.

IPOs, IRB e outros papéis “problemáticos” que caíram uns 90%, será que não vale a compra? Até poderia ser a pimentinha da carteira, mas num momento que tem tanta coisa muito mais fácil de entender a um preço tão interessante, pra que complicar? É como a Dynamo já nos ensinou: “se o investidor não fizer muita besteira, escolher empresas minimamente boas e dispor de capital de longo prazo, o tempo estará a seu favor”.

Num momento tão complexo como esse, é melhor evitar as ciladas do que tentar achar a próxima porrada da bolsa. É como disse Rodrigo Campos semana passada no Twitter:

Mala pronta, carteira também. Estou pronto para as próximas semanas.

Boa segunda-feira.

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Thiago Salomão
Por Thiago Salomão

Fundador do Market Makers, analista de investimentos CNPI-P, MBA em Mercados Financeiros na Fipecafi e na UBS/B3. Antes de fundar o MMakers, foi editor-chefe do InfoMoney, analista de ações na Rico Investimentos, co-fundou o podcast Stock Pickers e foi sócio da XP de 2015 a 2021

thiago.salomao@mmakers.com.br