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Os problemas do Brasil numa 3º guerra mundial
O Brasil enfrenta desafios logísticos que limitam o estreitamento de laços mais estratégicos, visto que não está acompanhando como deveria a transformação da cadeia de suprimentos pós-pandemia
“Nós vamos nos tornar importantes de verdade quando subirmos na cadeia de valor global em meio ao redesenho da supply chain”
Guerra russo-ucraniana, tensões da China com Taiwan, Irã expandindo sua capacidade nuclear e Israel em conflito com o Hamas.
Parece um consenso geopolítico que a tal “Pax Americana” — ou seja, a hegemonia norte-americana no mundo — entrou em declínio, abrindo espaço para se pensar na possibilidade de uma 3ª guerra mundial e, do nosso lado tupiniquim, fazer o seguinte exercício de imaginação: o que seria do Brasil num contexto como esse?
Em geral, somos um país diplomático, amigo de todo mundo e sem ruídos geopolíticos. Essa característica amistosa faz muitos pensarem que o Brasil se favoreceria de um cenário de guerra por ser uma “grande fazenda agroexportadora”.
Em resumo, a escassez de alimentos de um mundo destruído seria um gatilho favorável para a economia brasileira.
Pode até ser. Mas esse argumento é simplista ao se projetar o Brasil num ambiente de catástrofe global.
A explicação disso vem do professor HOC (Heni Ozi Cukier) no episódio #103 do Market Makers Podcast, que traz a seguinte provocação: a 3ª guerra mundial é inevitável?
Cientista político e ex-funcionário do Conselho de Segurança da ONU, HOC disse para o Thiago Salomão e o Josué Guedes que, embora o Brasil de fato seja uma grande fazenda, o país teria que escolher um lado em meio à escalada das tensões, podendo ser alvo de sanções que poderiam trazer preocupações econômicas.
Além do mais, o Brasil enfrenta desafios logísticos que limitam o estreitamento de laços mais estratégicos, visto que não está acompanhando como deveria a transformação da cadeia de suprimentos pós-pandemia.
Caminhamos, por exemplo, a passos lentos em tópicos que estão modernizando e otimizando a supply chain, como blockchain, internet das coisas (IoT) e inteligência artificial (IA).
Isso sem contar a logística deficiente, burocracia elevada, carga tributária alta e a falta de investimento robusto em pesquisa e desenvolvimento, que acaba limitando a inovação no setor logístico.
“O Brasil devia entender isso para evoluir. Se a gente vende matéria-prima e commodity, a gente precisa crescer na cadeia de valor. Nós vamos nos tornar importantes de verdade quando subirmos na cadeia de valor global em meio ao redesenho da supply chain. Os EUA, por exemplo, estão procurando friend-shoring, near-shoring. O México está sendo favorecido, em partes, por ser near-shoring. Tem espaço para o Brasil ir atrás disso também”, explica.
Friend-shoring é a prática de transferir cadeias de suprimentos para países aliados e confiáveis, reduzindo riscos geopolíticos e fortalecendo parcerias econômicas. Esta estratégia visa aumentar a resiliência e segurança das cadeias de suprimentos globais.
Já o near-shoring é a realocação das cadeias de suprimentos para países geograficamente próximos, com o objetivo de reduzir custos de transporte e melhorar a eficiência logística. Isso aumenta a agilidade e a resiliência das operações empresariais.
Abaixo, deixo todas as 8 coisas que você vai ouvir no episódio #103:
- EUA x China: o risco eminente de uma 3ª guerra mundial;
- A semelhança do momento atual com a 2ª guerra mundial;
- Por que as pessoas não acreditam na possibilidade de uma guerra;
- As implicações de uma possível guerra na tomada de decisões do Brasil;
- Eleições americanas e seus reflexos no mundo;
- O crescimento da direita nas eleições da Europa;
- A influência da Índia;
- Livros, músicas e indicações de convidados do professor HOC.
Assista clicando aqui.
No mais, deixo o convite para entrar na lista de espera da Comunidade Market Makers, um clube premium e seleto de networking de alto nível com investidores, contato próximo com o Thiago Salomão, Matheus Soares, toda a equipe do Market Makers e muito mais. Mais detalhes neste link.