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Perca 10kg em 14 dias sem sofrer
Adiar ou até evitar o sofrimento não vai te permitir chegar onde você gostaria

Não, eu não vou te ensinar como perder 10kg em 14 dias sem sofrimento. Se você abriu este texto com essa esperança, sinto muito desapontá-lo.
Na verdade, todos os três leitores desta newsletter já deveriam imaginar isso, dado o tom que trago nos textos ao longo destes quase três anos escrevendo.
Mas essa chamada provocativa foi o que veio à minha mente ao ouvir as apresentações do meu sócio, Matheus Soares, e do gestor da Ártica, Ivan Barboza, sobre o dilema que o investidor de ações enfrenta.
Matheus e Ivan, juntamente com Christian Keleti (fundador da Alpha Key), falaram sobre por que devemos presenciar um bull market em breve no Brasil. O evento ocorreu na última sexta-feira (6) em um almoço promovido pelo Market Makers para 40 pessoas – não, não ficou gravado. Quem viu, viu.
Voltando ao insight: o paralelo entre dieta e investir em ações foi feito para explicar por que as pessoas têm dificuldades de investir com foco no longo prazo.
Todo mundo sabe que, para emagrecer, você precisa de “déficit calórico”, ou seja, gastar mais calorias do que consumir. Para isso, é necessário um certo sacrifício para não continuar ingerindo a mesma quantidade de calorias. É preciso sofrer um pouco agora, abdicar do prazer imediato, para colher o resultado almejado no futuro.
Mesmo sabendo o que é preciso ser feito, pessoas tentam encontrar na dieta da moda ou no novo hábito adotado pelo influencer bonitão aquela “fórmula mágica” que o fará alcançar o corpo desejado sem sofrimento.
Todos querem emagrecer, mas ninguém quer abrir mão do docinho depois do almoço. Todos querem ser investidores de longo prazo, mas não querem a sofrência de ter que comprar quando todo mundo está com medo, tudo está caindo e a coisa que parece ser a mais óbvia é fugir da bolsa – quando na verdade, é aí que você compra.
Falando em dieta, um relato pessoal: depois de 10 anos sem conseguir bater minha meta de emagrecimento, eu tomei uma decisão brusca em agosto de 2024: comer bem menos durante a semana, cortar o excesso de álcool e doces e fazer mais exercícios. Em 3 meses, perdi 10kg. E mantive esse “novo peso” até hoje.
Como disse Charlie Munger: “eu fui bem-sucedido não pela minha inteligência, mas pela minha longa capacidade de concentração”. Resistir aos ruídos que tentam te dizer que você está errado por não ser igual a todo mundo é muito mais difícil do que fazer cálculos avançados para chegar ao valuation perfeito de uma ação.
Esse almoço foi muito bem vindo, principalmente porque ele aconteceu no dia seguinte de um profundo episódio com Daniel Goldberg, da Lumina Capital (se você não viu este episódio, coloque na sua lista de prioridades do dia. São 3 horas que valerão muito a pena). Goldberg trouxe questões que colocam em xeque a possibilidade de um ciclo positivo para a bolsa brasileira.
Quem sou eu para discordar do Goldberg, mas… acredito que há muito valor escondido em muitas empresas brasileiras que têm entregado excelentes resultados operacionais e que estão com uma estrutura financeira confortável.
Junta isso com uma sub-alocação em bolsa brasileira, um possível início de corte de juros e a diminuição de empresas listadas e papéis disponíveis pra investir (após várias recompras) e pronto: temos uma combinação explosiva para nosso mercado.
Só falta uma faísca pro pavio pegar fogo.
Um outro ingrediente para esta bomba foi apresentado pelo João Landau, fundador e gestor da Vista Capital, numa reunião exclusiva para os membros do M3 Club. Se você é do M3 e não viu essa mentoria, veja só os temas que o Landau abordou, está imperdível:
Petrobras é uma das petrolíferas mais caras do mundo.
O CDI é o pior investimento para se ter hoje.
Cenário político do Lula é quase irreversível
Ninguém segura a China.

Mas o ponto mais legal da conversa foi esse aqui, em que ele mostra como a bolsa brasileira está “largada” em termos de alocação dos investidores.
O gráfico abaixo mostra a relação do AuM (ativos sob gestão) dos fundos de ações em relação ao M4, que é o agregado monetário amplo (na prática, todo dinheiro emitido pelo sistema financeiro brasileiro). Atualmente, esta razão está em 4%, sendo que em 2019 estava em quase 10%. Em 2007, era 20%.
Pra finalizar, mais uma dica legal: assista à palestra de André Esteves durante a Brazil Conference. Destaco esse trecho: “se nos últimos 30 anos turbulentos conseguimos construir companhias espetaculares, imagine o que podemos fazer nos próximos 30 anos”.
30 anos levam tempo. Seria maravilhoso que existisse uma fórmula mágica que reduzisse isso para 30 dias. Mas a vida não é assim. Adiar ou até evitar o sofrimento não vai te permitir chegar onde você gostaria – seja no mercado de ações ou no seu corpo ideal.