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Perdeu a alta da bolsa? 6 motivos mostram que ainda dá tempo de entrar
Quem falava em comprar ações na Bolsa era tratado como viciado em apostas — com a diferença de que o apostador sabia a hora de parar

“O ETF que vai dar a maior oportunidade nos
próximos 12 meses é o ETF de bolsa brasileira”
Sylvio Castro, responsável pela alocação de R$ 430 bilhões na Itaú Asset, durante o evento “Semana do ETF”, promovido pela gestora
Os últimos meses (ou talvez anos) foram sinônimo de desilusão para a bolsa brasileira. A conclusão de que “bolsa está barata” virou meme e logo era rebatida por “ninguém bate o CDI”.
Quem falava em comprar ações era tratado como o viciado em apostas — com a diferença de que o apostador pelo menos sabia a hora de parar.
Até que… a bolsa subiu.
Subiu mesmo com os tarifaços do Trump, ou com a lambança do INSS, ou com o vai-e-vem do IOF… difícil antever esses movimentos, mas o fato é que os estrangeiros entraram comprando ações enquanto muitos locais não tinham nada – ou até estavam “vendidos”.
Subiu 5%, subiu 10%, subiu 15%…. E assim vamos renovando máximas históricas do Ibovespa.
Vale dizer que a grande maioria dos fundos de ações estão bem acima dos 15% que o Ibovespa entrega nestes 5 meses de 2025 – o índice ficou pra trás pela má performance de Petrobras. O Market Makers FIA, por exemplo, está com 22,3% de rentabilidade neste período.
A aspa usada no começo deste texto não é à toa. No final do ano passado, eu estava no mesmo Itaú acompanhando um evento com gestores da casa e o clima era de total melancolia com a bolsa. Nem mesmo os gestores de ações da asset do Itaú estavam otimistas.
Lembro até de uma história contada por um dos gestores demonstrando quão tragicômico era o cenário: “numa conversa com o CFO de uma empresa que estava prestes a comprar, comentei sobre o ritmo do programa de recompra de ações deles e a resposta do diretor foi ‘com essa Selic a 14% é melhor segurar, né?’. Desistimos de comprar a ação depois disso”.
6 meses depois, no mesmo auditório do Itaú BBA, o clima era mais favorável para ações. A escolha do Sylvio Castro pelo ETF de ações brasileiras como a grande oportunidade para os próximos 12 meses resume bem isso. Afinal, sua influência não fica apenas nos R$ 430 bilhões que ele tem sob gestão, mas em todos os outros alocadores do Brasil – se o Itaú está otimista com bolsa, será que eu não deveria estar também?
A ideia com este texto não é trazer um tom de “eu avisei”. Longe disso. Até porque, na minha visão, a bolsa sequer começou a subir. Esse foi um pequeno pedaço de uma grande valorização que podemos ver nos próximos anos. Os gringos mal chegaram e os locais apenas zeraram seus “shorts”.
Se você ainda não subiu no bonde das ações, te trago 6 motivos pra dizer que ainda dá tempo de comprar ações brasileiras. Afinal, se os ciclos do mercado nos ensinam algo, é que quando a bolsa sobe… ela sobe com gosto.
1. O fim do ciclo de alta de juros
A bolsa já estava barata, mas com juros subindo, quem se arriscaria? Era como vender água de coco na Sibéria. Agora, o cenário virou. Não sabemos se o primeiro corte da Selic vem no final deste ano ou no começo do próximo, o fato é que a direção está dada: os juros vão cair. E como o mercado antecipa os eventos, a bolsa não vai esperar o primeiro corte de juros do Galípolo para começar a subir.
2. Dólar fraco, Brasil no radar
Foram anos e anos que os EUA drenaram o capital global de investimentos. Isso provocou distorções enormes, como por exemplo o valor de mercado de empresas americanas vs resto do mundo. Com as políticas adotadas pelo Donald Trump, espera-se um enfraquecimento do dólar e uma migração para outros mercados. O “call” aqui não é de ruína dos EUA, apenas um reequilíbrio para outros países – que, por estarem esquecidos, sentirão qualquer fluxo de entrada de capitais.
Soma-se a isso o fato do Brasil ter vantagem em relação a outros emergentes: a China ainda é “ininvestível” para muita gente, a Rússia está em guerra, a Turquia é imprevisível e o México sente mais de perto os impactos das políticas dos EUA.
3. Quase ninguém tem bolsa
Esse dado é triste: de 2007 pra cá, o percentual de dinheiro da indústria de fundos aplicado em ações despencou de 22,5% para 5,6%. Esse gráfico, do relatório da Lais Costa e da Ana Clara Guimarães, analistas de fundos da Empiricus Research, ilustra esse retrocesso:
Em linha com isso, tudo que os fundos de ações e multimercado captaram entre 2017 e 2021 foi resgatado entre 2022 e 2025 – e ainda ficou “devendo” R$100 bilhões. A verdade é que ninguém tem bolsa. E é aí que mora a oportunidade: o investidor local está leve e o gringo começou a voltar. É o cenário ideal para quem já está dentro.
4. As empresas estão entregando
O múltiplo está barato, sim. Mas mais importante: o lucro está vindo. A nova safra de balanços mostrou que tem empresa pagando dividendos altos, recomprando ações e crescendo em meio ao caos.
Esses gráficos da Moat Capital ilustram bem isso: além do tradicional “P/L” abaixo da média histórica (figura acima), um outro dado mais interessante da bolsa brasileira é a comparação do “dividend yield” do Ibovespa vs yield da NTN-B 2050 (figura abaixo). Hoje, eles estão praticamente no mesmo patamar, enquanto em 2016 (último bull market que tivemos), o dividend yield da bolsa era metade do yield da NTN-B.
5. A política pode mudar
Não precisa sonhar com um novo Plano Real. Basta imaginar um governo com menos ruído, mais previsibilidade e alguma agenda econômica. Não é torcida, é pragmatismo: se houver alternância de poder, o mercado vai precificar rápido. E pode ser que já esteja começando a fazer isso, a ver as pesquisas de popularidade e aprovação do governo Lula.
6. As ações estão sendo compradas — não vendidas
IPO virou lenda urbana. A onda agora é de fechamento de capital. Nos últimos meses, Zamp, Eletromídia e Wilson Sons foram algumas das empresas-alvo de OPA (Oferta Pública de Aquisição). Recentemente, tivemos o anúncio da Marfrig querendo comprar a BRF. O sinal é claro: se IPOs explodem quando o mercado está “caro”, as OPAs são um belo termômetro para mostrar que o mercado está gelado.
Soma-se a isso as recompras de ações que as empresas têm anunciado, que estão em níveis históricos.