
Imagine que você é um investidor com um polpudo cheque e está em busca de uma empresa em estágio inicial mas que você considera com um futuro promissor. O que você priorizaria na hora de escolher esta empresa: uma empresa com uma ideia espetacular? Ou ou uma empresa idealizada por alguém genial?
Esse foi sido um dos debates mais interessantes que presenciamos no Episódios #190 do Market Makers Podcast. Aliás, vale dizer que essa discussão permeia os investimentos na indústria de Venture Capital.
Na bancada, dois investidores de Venture Capital – Lucas Abreu (fundador do Sunday Drops) e Julio Vasconcellos (sócio-fundador da Atlântico).
Vasconcellos disse que prefere uma ideia genial. Já Abreu disse preferir uma pessoa genial.
Por quê?
Para Vasconcellos, o conceito de “Product Market Fit” ajuda a explicar por que ele prioriza uma boa ideia. Product market fit acontece quando um produto encontra um encaixe perfeito com uma necessidade de mercado. E em suas palavras, se isso acontece, “você pode errar tudo, pode fazer tudo errado, que a empresa ainda assim dará certo”.
Que empresa se encaixa nisso? O “X” (antigo Twitter). Ele destaca que, mesmo com a gestão caótica e constantes quedas dos servidores, a demanda pelo produto era tão forte que a empresa sobreviveu. Esse “lock” do produto é mais importante do que quem está à frente do negócio, conclui o gestor da Atlântico.
No entanto, ele não desconsidera a importância de uma pessoa no sucesso de uma empresa promissora. Para ele, a pessoa certa é o que transforma um negócio de milhões de dólares num negócio de bilhões de dólares. Ele cita o Nubank como exemplo.
Já Abreu traz uma perspectiva diferente. Ele conta que, no início, também acreditava que a ideia era mais importante do que a pessoa, mas sua visão mudou. Ao longo do tempo, ele percebeu que o fundador certo consegue adaptar e melhorar a ideia até encontrar seu product market fit.
“Quando você coloca uma pessoa como vocês, Salomão e Josué, em um projeto, pode ser que a ideia inicial não seja tão boa, mas com a ambição e engajamento de vocês, será possível encontrar rápido o caminho certo”, explica
As empresas são, muitas vezes, uma extensão de seus fundadores. “São eles que colocam a intensidade para atingir o resultado e pivotar a empresa”, complementa.
A Apple é um exemplo claro de como a pessoa certa pode transformar uma ideia em um negócio bilionário. Steve Jobs, cofundador, não apenas teve a ideia inicial, mas foi fundamental para pivotar a empresa e liderar inovações como o iPhone, que revolucionou o mercado. A presença de um fundador com visão e ambição foi decisiva para o sucesso e crescimento da empresa.
Tanto a forma de pensar de Vasconcellos quanto a de Abreu são importantes no processo de tomada de decisões. Mas o episódio vai além de CEOs ou modelos de negócio – ele mergulha em um dos fatores que também podem impactar uma decisão: o efeito da inteligência artificial na sociedade e nos negócios. Estamos à beira de uma transformação tão profunda quanto a chegada da internet ou da eletricidade. Ignorá-la pode ser tão arriscado quanto subestimar esses avanços no passado.
E não se trata apenas de empresas. Das novas dinâmicas do mercado de trabalho até a disputa entre EUA e China pela supremacia tecnológica, o episódio traz reflexões sobre como a IA está moldando o mundo. Isso já pode estar impactando mais do que você imagina. Seja você um investidor de ativos líquidos, um aspirante a investidor de venture capital ou até mesmo de IA, o Episódio #190 foi muito enriquecedor para entender a importância de entender melhor o que explica o sucesso de um negócio.