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Risco fiscal: 5 pontos para entender

Não é de hoje que a macroeconomia discute a necessidade de reduzir gasto público

Leopoldo Rosa

Por Leopoldo Rosa

13 Jun 2025 09h00 - atualizado em 11 Jun 2025 05h31

Risco Fiscal é um termo recorrente no Brasil. Não é de hoje que a macroeconomia discute a necessidade de reduzir gasto público e aumentar arrecadação para equilibrar as contas do governo.

E discute também a série de impactos que isso traz ao mercado investidor. No último dia de maio, por exemplo, a agência Moody’s rebaixou a perspectiva de crédito do Brasil de “positiva” para “estável”. 

A Moody’s afirmou que a mudança na avaliação foi motivada pelo ritmo mais lento na construção de medidas para enfrentar a rigidez orçamentária e fortalecer a credibilidade da política fiscal. 

Esse tipo de avaliação impacta diretamente a atração de capital estrangeiro e a confiança dos investidores no Brasil. 

Mas essa é a ponta do iceberg. Nos nossos cinco pontos, detalho um pouco mais sobre a relação do “risco fiscal” com os nossos investimentos. 

1. Indicadores que valem ser observados

O risco fiscal, como disse acima, é a possibilidade de o governo não conseguir honrar seus compromissos financeiros futuros, por excesso de gastos, queda de receitas ou crescimento descontrolado da dívida pública. 

Pensando nisso, vale acompanhar: 

  • Resultado primário
  • Dívida/PIB
  • Projeções do arcabouço fiscal

2. Juros sobem, ações caem

Quando o risco fiscal aumenta, os juros futuros tendem a subir — porque o mercado exige prêmios maiores para financiar o governo. 

Isso pressiona o valuation das ações, especialmente de empresas ligadas à economia doméstica, como varejo, construção e bancos.

3. Bolsa perde atratividade

Conforme a gente falou no início, o risco fiscal mina a confiança no país e reduz o apetite dos investidores institucionais, tanto brasileiros quanto estrangeiros.

Os fundos tendem a reduzir sua exposição à Bolsa brasileira e buscam ativos mais previsíveis — como títulos públicos indexados à inflação ou dólar.

4. Dólar sobe, pressão na inflação

Com a desconfiança fiscal, há fuga de capital estrangeiro e valorização do dólar frente ao real. Isso encarece produtos importados e pressiona a inflação. 

O Banco Central pode reagir com juros mais altos – como o ciclo de alta que estávamos vivendo até o mês passado e que, parece, se encerrou. 

Essa estratégia impacta ainda mais o custo do crédito e o crescimento econômico.

5. Empresas estatais ficam no centro das atenções

O mercado tende a ver estatais como instrumentos de política econômica. Em momentos de fragilidade fiscal, teme-se intervenções, mudanças em políticas de dividendos ou aumento de gastos via empresas públicas. Isso ajuda a explicar a forte volatilidade de papéis como Petrobras e Banco do Brasil em tempos de incerteza fiscal.

Ponto extra

A preocupação com risco fiscal não é uma exclusividade brasileira. Nos Estados Unidos, os investidores já reagem a essa possibilidade. O Henrique Esteter falou sobre isso essa semana, no X.

Veja a thread do Esteter aqui

Resumo da Ópera

O risco fiscal não é uma abstração. Ele mexe com os juros, o dólar, os valuations e a confiança de investidores. Por isso, acompanhar o equilíbrio das contas públicas é importante na hora de analisar o seu cenário de investimento – tanto no presente, quanto para o futuro.

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Leopoldo Rosa
Por Leopoldo Rosa

Leopoldo Rosa é jornalista com MBA em Mercado de Capitais pela UBS/B3 e em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral. Tem passagens por Globo, CBN, CNN e Abril.

leopoldo.rosalino.ext@mmakers.com.br