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Investindo em Small Caps

Veja as vantagens dessa aplicação

Matheus Soares

Por Matheus Soares

17 Dec 2025 10h11 - atualizado em 17 Dec 2025 10h13

Atendendo às sugestões sobre os temas que devo abordar aqui, hoje quero falar sobre as vantagens de investir em small caps.

E vou começar com uma afirmação simples: para o investidor pessoa física – e também para investidores institucionais do nosso tamanho, como o Market Makers FIA – small caps são uma das poucas vantagens estruturais que ainda existem no mercado.

Embora não haja uma definição exata, small caps costumam ser empresas fora do radar dos grandes investidores, com valor de mercado geralmente abaixo de R$ 10 bilhões, liquidez restrita e, em alguns casos, um potencial que ainda não foi devidamente reconhecido.

É como o Endrick antes de aparecer para o mundo na Copinha de 2022. Até então, era só uma promessa. Bastou jogar no time principal para o Real Madrid comprá-lo por cerca de R$ 400 milhões antes mesmo dos 18 anos. O mercado, de repente, passou a enxergá-lo. A pergunta sempre é a mesma: quanto desse potencial já está no preço?

Isso não significa que small caps sejam necessariamente empresas novas, inovadoras e “disruptivas”. Não são. Empresas antigas e tradicionais como a Tupy, fundada em 1938, ou empresas mais recentes na bolsa, como a Três Tentos, podem ser small caps simplesmente por terem liquidez restrita. Até mesmo a Vivara, apesar de bem coberta pelo sell side e com liquidez relevante, pode ser considerada uma small cap quando olhamos para seu valor de mercado e potencial de crescimento.

A realidade é que nem toda small cap é uma história de multiplicação de capital. Muitas empresas passam décadas existindo sem crescer, seja pelo ambiente de negócios brasileiro, seja porque o próprio setor não empolga – como é o caso da Tupy, que fabrica blocos e cabeçotes para motores a combustão.

Feita essa distinção, vale deixar algo claro: o trabalho de análise fundamentalista para investir em uma small cap é exatamente o mesmo de uma large cap.

É preciso entender como a empresa ganha dinheiro, sua posição competitiva, a qualidade das pessoas que tocam o negócio, o balanço, o valuation e o contexto do setor. O quebra-cabeça é o mesmo.

E a forma de ganhar dinheiro também não muda: valorização da ação (crescimento de lucro por ação e/ou expansão de múltiplo) e/ou recebimento de proventos.

O grande diferencial está em outro lugar: liquidez.

Small caps simplesmente não movem o ponteiro dos grandes investidores. Imagine alguém com R$ 1 bilhão sob gestão tentando montar uma posição de 10% – ou seja, R$ 100 milhões – em uma empresa que negocia R$ 10 milhões por dia. Se apenas ele decidisse comprá-la, demoraria pelo menos 10 dias de pregão. As portas de entrada e de saída são pequenas demais para quem é grande.

Por isso, grandes gestores evitam. E, como consequência, os bancos também evitam cobrir essas empresas, já que seus clientes não conseguem investir nelas de forma relevante.

Com menos analistas olhando, menos modelos atualizados e menos relatórios publicados, a assimetria de preço é maior. Justamente por isso, eu digo que nas small caps, a teoria dos mercados eficientes demora pra funcionar. Isso porque as informações demoram a ser incorporadas aos preços – e, em alguns momentos, parecem não ser incorporadas nunca.

Se em tempos normais essas empresas já ficam largadas, no cenário atual elas viraram praticamente um palavrão. E é justamente aí que as oportunidades aparecem.

O investidor de porte médio não só consegue investir nessas empresas como ainda carrega uma opcionalidade: se o negócio evoluir, a liquidez aumenta, os bancos passam a cobrir, os grandes investidores entram – e a small cap deixa de ser small.

Não por acaso, hoje o Market Makers FIA é composto majoritariamente por small caps ‘escanteadas’ pelo mercado, mas com bons resultados operacionais, balanços saudáveis, recompra de ações, pagamento de dividendos e capacidade clara de atravessar momentos difíceis.

Carregamos small caps desde o início do fundo. E o resultado foi bem diferente do Índice Small Caps: entregamos 54% contra 6% do índice.

No fim das contas, ficou claro que selecionar boas empresas é muito mais importante do que simplesmente comprar um índice.

Na reunião mensal que iremos realizar hoje às 18h00 para o M3 Club, comentaremos sobre o novo investimento que realizamos no Market Makers FIA. Por sinal, é uma small cap. 

Se você é do M3 Club vai poder acompanhar ao vivo nossa apresentação, além de poder fazer perguntas. 

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Matheus Soares
Por Matheus Soares

Fundador do Market Makers, analista responsável pela Carteira Market Makers de Ações. Antes de fundar o MMakers, foi analista responsável pela cobertura de Small Caps na XP Inc e analista fundamentalista da Rico Investimentos. Certificado no curso de Value Investing da Columbia Business School.

matheus.soares@mmakers.com.br