Stuhlberger, Jakurski, Xavier e Esteves: o encontro

O e-mail de hoje seria do Math, mas ele me cedeu o espaço para falar sobre o tradicional encontro entre Luis Stuhlberger, André Jakurski, Rogério Xavier e André Esteves, que assisti na terça-feira (20) durante o Macro Day 2024, maior evento de macroeconomia do ano promovido pelo BTG Pactual.

Resumo: Luis Stuhlberger (Verde) e Andre Jakurski (JGP) mostraram-se mais construtivos com o cenário externo. Rogério Xavier (SPX) mostrou-se veementemente contra essa visão. No Brasil, cenário mais benigno na economia mas preocupante no fiscal de longo prazo. Destaque para o discurso “duro” de Galípolo sobre alta de juros, mas que não pode ficar apenas no discurso.

Melhores aspas do painel:

Jakurski, sobre eleições dos Estados Unidos: “eu prefiro um bêbado conhecido do que um alcoólatra anônimo e a Kamala é a bêbada conhecida. Prefiro a Kamala apesar de achar que ela será um desastre pra economia ocidental, para o capitalismo e para os mercados, mas o Trump é imprevisível e pode chutar o pau da barraca.”

Stuhlberger, sobre a super queda nas bolsas globais semana retrasada: “Você não sabe quantos trilhões de dólares tem nesses fundos. E o maior blow-up de quant foi no trade que todo mundo tinha, que era long México e short Yen. Isso aqui é um problema muito mais da maneira que os mercados operam hoje alavancados, você não tem uma pessoa pilotando aquilo no fundamento”

Esteves, sobre uma menor preocupação com Trump: “Seis meses atrás acreditava que, depois do 6 de janeiro, muitas pessoas boas e técnicas que estavam perto dele poderiam se afastar num novo mandato. Não tenho mais essa preocupação [após ter tido encontro com autoridades americanas nos últimos meses]. Eu subestimei o poder da cadeira de presidente dos Estados Unidos.”

Jakurski, sobre a perda de valor do dinheiro: “O mercado financeiro foi viciado pelo QE (Quantitative Easing), foi a pior coisa que aconteceu no mundo nos últimos 20 anos. Eu lembro que há cinco anos atrás, nesse mesmo painel, eu falei que não eram os ativos que estavam subindo, era o dinheiro que estava caindo. Eu vou te dizer: não imaginava o que viria depois da economia. O dinheiro está despencando, não está caindo, estamos vivendo uma ilusão monetária.”

Xavier, sobre a volta de juros negativos: “Escreve aí: logo logo o mercado vai começar a colocar na tela um juro negativo na Suíça. Se eles vão fazer mesmo, eu não sei, mas o mercado vai precificar.”

Stuhlberger, sobre Galípolo hawkish: “Se você me perguntasse um mês atrás qual era a chance do Galípolo dar os discursos que ele deu… o Galípolo vai em baile de deputante e fala que vai subir a Selic, ninguém pediu para ele falar isso, entendeu? Ele vai lá espontaneamente, onde quer que ele vá, e diz que vai subir a Selic, que a inflação está desancorada (…) “Depois de tudo que o Galípolo falou, o Banco Central não pode ser aquele cão que ladra, mas não morde”

Xavier, sobre a grande oportunidade de Galípolo: “Já comunicada a alta de juros pelo Banco Central, já está na imprensa, já está no político, já foi combinado com o Lula, a economia está performando bem (…) não fazer [aumento de juros] parece uma loucura, até porque é benefício dele [Galpipolo] na relação da credibilidade. Vale lembrar que o próprio Tombini quando assumiu puxou os juros, assim como o Meirelles, então não chega a ser novidade. Por mais estranho que possa parecer, vai ser bom pro Brasil subir os juros agora, é uma oportunidade imperdível [de estabelecer credibilidade].”

Leituras complementares:

>> Sobre as discordâncias dos gestores no cenário internacional, a Natalia Viri, editora do Exame Insights, compilou as melhores passagens de cada um e organizou por ordem de assuntos, facilitando a vida de quem viu e quem não viu o painel. Acesse neste link. 

>> Sobre a visão de Brasil e expectativa com o novo BC, esta matéria do Renan Dantas do Money Times é a mais completa. 

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