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Tarifaço: entenda como ficou em 5 pontos

Entenda o que ficou de fora e o que vai receber os 50% de tributação

Leopoldo Rosa

Por Leopoldo Rosa

01 Aug 2025 10h00 - atualizado em 31 Jul 2025 12h37

Olá, tudo bem?

As tarifas impostas ao Brasil pelos Estados Unidos começam a valer dia 6 de agosto, um adiamento em relação à perspectiva inicial, de início hoje, dia 1°. Após negociações entre os países, há produtos que ficarão de fora. 

A Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham) fez um cálculo: os itens que agora ficam de fora do tarifaço representam US$18,4 bilhões em exportações do Brasil aos EUA, levando como base o ano de 2024. O valor corresponde a 43,4% do que foi exportado.

Hoje, a gente usa nossa série cinco pontos para explicar em que pé ficou cada setor e o que as companhias estão projetando em termos de impacto. Acompanhe comigo. 

#01 – Agro: suco de laranja e café em lados opostos

Uma das maiores preocupações do Brasil era relacionada ao suco de laranja. Isso porque 42% da produção brasileira é exportada para os Estados Unidos, nosso segundo maior comprador – atrás apenas da União Europeia. O suco de laranja entrou na lista de exceções do agro – ao lado da castanha do Pará e dos fertilizantes. Então, não receberá a tarifa de 50%. 

Do outro lado, ficou outro “campeão nacional”, o café. 77% da produção brasileira é exportada e, desse número, 16,7% vai para os Estados Unidos. Essa tarifa não foi revogada e passa a valer nesta semana. 

#02 – Tarifaço no Setor aéreo

Aeronaves e peças para aviões, motores, simuladores de voo ficaram na lista das exceções. Ou seja, não receberão a tarifa de 50%. A notícia beneficiou fortemente os papéis da Embraer (EMBR3), que chegaram a subir 10% nesta semana quando a lista de exceções foi divulgada. Segundo cálculos da própria Embraer, a companhia teria um custo adicional de R$50 milhões por avião e um impacto de R$20 bilhões até 2030.

#03 – Carne bovina e o tarifaço

Hoje, os Estados Unidos compram cerca de 12% da carne bovina brasileira. Não é pouco, mas está longe dos 48,8% da China. O produto não fez parte da lista de exceções. Isso significa que a carne brasileira que chegar aos Estados Unidos vai ter que passar pela tributação de 50%. A Minerva já estimou que isso pode reduzir sua receita líquida em até 5%. JBS e Marfrig, que têm operações nos Estados Unidos, têm uma chance maior de reduzir os impactos. 

Frigoríficos do Mato Grosso do Sul que produzem carne para o mercado americano já começaram a interromper a produção destinada às exportações para os EUA.

#04 – Mineração e energia

O setor de mineração – e aí inclui-se silício, ferro-gusa, alumina, estanho, ferroníquel, entre outros – ficou de fora do tarifaço ao ser incluído na lista de exceções. Mas não completamente. Uma análise feita pelo Instituto Brasileiro de Mineração aponta que 25% das exportações brasileiras para os Estados Unidos ainda serão impactadas pela nova tributação. 

Já o setor de energia – carvão, gás natural, petróleo e derivados como querosene, óleos lubrificantes, parafina – ficou com todos os seus principais produtos fora da lista de tarifas. 

#05 – Outros setores no tarifaço

As tarifas também não foram aliviadas para produtos que, embora não sejam mercados exportadores tão vultosos, podem ver suas empresas enfrentarem consequências. São os casos de móveis (exceto os ligados à aviação), calçados e têxteis e frutas (com exceção do suco de laranja). 

Já a lista de exceções inclui ainda os eletrônicos e os bens em trânsito – itens que já estão a caminho antes da medida entrar em vigor. 

Ponto extra

Na semana passada, o Market Makers apresentou um episódio com uma análise macro sobre esse tema com Matheus Spiess e Raimundo Faria. Vale ouvir. Se você ainda não é apoiador do nosso canal, considere fazer isso e assista a versão com anúncios aqui. Se você já é um apoiador, veja aqui sem anúncios.

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Leopoldo Rosa
Por Leopoldo Rosa

Leopoldo Rosa é jornalista com MBA em Mercado de Capitais pela UBS/B3 e em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral. Tem passagens por Globo, CBN, CNN e Abril.

leopoldo.rosalino.ext@mmakers.com.br