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Tchê, e essa alta da bolsa? Bah…

Uma análise sobre a alta da bolsa através do dialeto gaúcho

Thiago Salomão

Por Thiago Salomão

25 Aug 2025 12h05 - atualizado em 25 Aug 2025 12h07

Escrevo este texto em terras gaúchas, onde o minuano corta a cara e lembra a gente que o Sul é peleia desde sempre. Eu e meu sócio Matheus viemos visitar duas empresas (uma delas da nossa carteira, a Vulcabras) e aproveitamos a pernada pra gravar uma prosa com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.

De lambuja, passamos o fim de semana na casa de um grande amigo que o mercado nos presenteou: Frederico Vontobel, da Vokin Investimentos. Bah, foi trilegal! Incrível como esse nosso trabalho cria laços. Hoje, podemos chamar de amigo quem antes era só contato profissional — daqueles que ficam que nem cusco fiel, sempre a postos na caminhada.

No meio da viagem, ainda ganhamos uma baita aula sobre a história e a dinâmica do setor imobiliário daqui, entendemos por que o gaúcho é tão bairrista (ou pelo menos parece ser) e trocamos causos e experiências que vão muito além dos investimentos — mas que, no fim, ajudam na peleia diária de quem busca ser um investidor melhor.

E, tchê, justo nessa estada, caiu uma das melhores sextas-feiras do mercado em muito tempo: alta de 2,5% do Ibovespa (ou mais de 3% no índice de small caps). O motivo? O mercado agora crê que o Federal Reserve vai cortar os juros em setembro — antes a chance era de 70%, agora passou para 90%.

Você não leu errado. A bolsa disparou violentamente simplesmente porque o mercado aumentou de “alta chance” para “altíssima chance” a possibilidade de queda de juros nos EUA. 

Tu não leu errado. A bolsa disparou só porque a chance de corte passou de “alta” para “altíssima”. Bah, dá até pra cair os butiá do bolso com uma coisa dessas.

(Sim, estou sendo irônico).

Coincidência das vida, ouvi por mais de uma vez nesta minha viagem que um avião não cai por um único motivo: uma sucessão de eventos não esperados é o que causa a queda de uma aeronave.

Será que não podemos fazer a mesma analogia para a decolagem da bolsa?

Em outras palavras, será que foi apenas o discurso do Powell que fez nossa bolsa subir fortemente?

Ou talvez os ótimos números reportados pelas empresas na temporada de resultados do 2º trimestre também não ajudaram nisso?

Ou ainda, a percepção de um Lula mais fraco, com menos chance de peleia contra alguém do clã Bolsonaro em 2026, pode abrir espaço para um candidato mais equilibrado?

E por que não o dólar mais fraco mundo afora, ajudando a segurar a inflação e abrindo cancha pra Selic cair além do esperado?

Ou talvez nossa bolsa, tão subalocada, só precise de um sopro de minuano e de um fio de capital novo pra subir feito foguete?

Como bem disse Gustavo Franco no Market Makers: os próximos 25 anos serão bem melhores que os últimos 25 anos.

Quer que eu faça ainda uma versão curtinha e mais campeira, quase como se fosse um resumo em estilo de “causo contado na estância”, ou tu prefere manter esse texto mais longo, mas já no tom de galpão?

Aliás, que episódio foi esse que fizemos com ele. Estou muito feliz não só com a safra de convidados que temos trazido, mas por conseguir extrair coisas tão íntimas e emocionantes deles, como a história contada no final do seu livro, “Cartas a um Jovem Economista”, sobre a vida e a morte de Gabriel Buchmann.

Gabriel foi aprovado para fazer um doutorado em Harvard, mas infelizmente ele não chegou ao curso, pois faleceu no Monte Mulanje, no Malawi. Gabriel escolheu viajar o mundo e conhecer as pessoas como elas realmente são. O depoimento do Gustavo no podcast e a carta que ele escreveu ao já falecido Gabriel no livro são emocionantes.

Voltando a falar sobre conexão de pessoas: tive o prazer de conhecer o Henrique Esteter em 2022. Eu ainda estava no meu “sabático” entre meu pedido de demissão da XP e a fundação do Market Makers. O Esteter me procurou para dizer que iria assumir meu posto no Stock Pickers e, por saber o quanto eu gostava daquele projeto, me pediu dicas e conselhos para manter o padrão de qualidade criado.

Já de cara, percebi que ele era um cara diferente. Não só pela humildade, mas pela determinação em querer fazer algo bom, de qualidade.

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Thiago Salomão
Por Thiago Salomão

Fundador do Market Makers, analista de investimentos CNPI-P, MBA em Mercados Financeiros na Fipecafi e na UBS/B3. Antes de fundar o MMakers, foi editor-chefe do InfoMoney, analista de ações na Rico Investimentos, co-fundou o podcast Stock Pickers e foi sócio da XP de 2015 a 2021

thiago.salomao@mmakers.com.br