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Temer no Market Makers: esperá-lo-ei ansiosamente
Uma aula sobre o cenário político brasileiro
Ser investidor é, entre várias coisas, passar por uma luta diária e constante para equilibrar a visão de longo prazo com a enxurrada de notícias de curto prazo. É como se tivéssemos dois alter egos dentro de nós e que possuem prazos de investimentos completamente diferentes.
Se sabemos que o “dinheirão” no mercado está nas tendências estruturais de longo prazo, por que damos tanta atenção ao que acontece no curto prazo?
Essa reflexão me veio após reescutar uma entrevista que fiz com Luis Stuhlberger (gestor do Fundo Verde) em dezembro de 2019. Foi uma aula de Brasil, só que no modo freestyle: Stuhlberger falaria sobre mercados, mas ao ver que a plateia era formada por muitos jovens, ele preferiu abrir o papo descrevendo a história do Brasil dos anos 1980 até aqui, para mostrar o quanto evoluímos nesse tempo.
Um resumo: nos anos 1980, o Brasil era um país sem nenhuma reserva cambial, a Petrobras produzia 10% do óleo que precisávamos na época, cerca de 40% das pessoas sequer iam pra escola, tivemos que ter carro a álcool porque o Brasil não conseguia importar gasolina suficiente, o dólar paralelo chegou a ter 200% de ágio, tivemos uma inflação crônica por um período de 30 anos que parecia que nunca ia cair (…) e tivemos o Plano Collor, onde você simplesmente teve seu dinheiro sequestrado. Imagina ter dinheiro e não poder usar. Então o Brasil evoluiu muito.
Cada mudança do Brasil passou por uma grande transformação estrutural. Sobre a inflação, foi necessária a criação do Plano Real, encabeçada por Fernando Henrique Cardoso e que contou com de André Lara Rezende e Pérsio Arida. Tal sucesso do plano garantiu a vitória de FHC nas eleições seguintes. Do restante da economia, a Constituição de 1989 foi determinante para o Brasil reagir positivamente a isso.
Não quero aqui minimizar nossos problemas de hoje. Cada um sabe onde o calo aperta. Além disso, nosso cérebro é treinado para sempre encontrar um número específico de problemas em nossas vidas. Ou seja: mesmo que uma bucha seja resolvida, logo vamos ocupar o espaço vazio com outra bucha, que inclusive talvez nem fosse um problema antes (ver estudo de David Levari).
Nós, do Market Makers, focamos os investimentos da nossa carteira de ações no longo prazo. É pra lá que nós miramos. No entanto, mesmo assim queremos estar cientes das notícias que saem todos os dias, acompanhar os indicadores econômicos (e a imediata reação dos mercados), enfim, estar ciente de tudo que acontece. Por mais que seja muito raro uma notícia mudar o curso das coisas de uma hora pra outra, sabemos também que o longo prazo nada mais é do que uma somatória de vários curtos prazos. Quantos “sinais amarelos” precisamos para entender que o futuro que imaginávamos pode não acontecer, seja para uma empresa, um setor ou um país? O que é um problema de verdade e o que é apenas um “espaço ocupado” no nosso cérebro?
Precisamos estar sempre equilibrando a ansiedade do “nosso” investidor de curto prazo com a serenidade do “nosso” investidor de longo prazo. E quanto mais conturbado está o noticiário do curto prazo, mais atenção nosso cérebro vai dar a ele. Por isso, distanciar-se um pouco para analisar as coisas é muito saudável. E Deus criou o fim de semana, assim nos afastamos dos ruídos da rotina.
Neste exercício de olhar as coisas de um ponto mais distante, poucas pessoas têm a experiência de ter vivido muitas fases do Brasil e ter atuado ativamente no curso da nossa história. Nesta semana, vamos receber um dos poucos brasileiros com esses pré-requisitos: Michel Temer, presidente da República durante 2016 e 2018, virá ao Market Makers.
Temer está inserido na política há mais de 40 anos, participou de forma atuante em praticamente todos os governos pós-constituição, foi vice-presidente de Dilma Rousseff e assumiu a presidência em 2016 em um dos momentos mais conturbados da nossa democracia.
Não vou cair na cilada de defender ou apoiar publicamente um político pois sei que isso desperta reações passionais e discussões por vezes improdutivas. Mas o fato é que Temer conseguiu, apesar do ambiente hostil da época, avançar em uma série de reformas que nossa economia colhe os frutos até hoje: a Reforma Trabalhista, a lei das estatais, a criação do teto dos gastos, privatizações, entre outras.
Para os ouvintes mais atentos do nosso podcast, é possível perceber nossos convidados falando delas principalmente ao tentar explicar porque nosso PIB tem surpreendendo positivamente os economistas, trimestre após trimestre. A conclusão deles é que as reformas que tiveram início na “era Temer” melhoraram estruturalmente o Brasil. E com isso, nosso potencial aumentou.
Por tudo isso que investidores, economistas e outros habitantes da Faria Lima lembram com saudade dessa fase inicial da sua presidência.
Vamos aproveitar a presença do Temer para termos um olhar mais à distância do momento político atual, sob o ponto de vista de quem conhece como ninguém o Brasil e as instituições. E você está convidado para acompanhar esta conversa.
SAVE THE DATE: quinta-feira (30/11) às 19h no Youtube do Market Makers
CONVIDADO: Michel Temer
ENTREVISTADORES: Thiago Salomão, Felipe Miranda (Empiricus) e Rafael Favetti (Fatto)
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