
Na última semana, os mercados foram tomados por mais um episódio de pânico. O motivo da vez? Donald Trump — novamente protagonista — voltou a ameaçar o equilíbrio global com sua agenda de tarifas.
Em tempos assim, as manchetes mais dramáticas dominam os noticiários, como essa que dizia sobre a possibilidade dos mercados caírem massivamente na última segunda-feira:
O Jim Cramer errou por pouco: as bolsas americanas fecharam em alta de 1%.
Mas em momentos de pânico é sempre assim, a reação é quase instintiva: os analistas tentam prever o que vai acontecer, os investidores correm atrás do “cenário base”, e o medo começa a ditar os preços. A tentação de adivinhar o futuro cresce. Mas a verdade é que ninguém sabe o que vai acontecer.
E nesse turbilhão de opiniões e ruídos, as pessoas esquecem de focar naquilo que realmente importa.
No entanto, essa semana, revi um vídeo antigo do Warren Buffett (link aqui) no qual ele compartilha — com a clareza que só ele tem — o que de fato importa para um investidor: saber avaliar um bom negócio.
Ele faz uma analogia maravilhosa com o basquete:
“Se eu sou técnico e vejo um cara de 2,13 metros de altura passando pelo campus, eu fico interessado. Pode ser que ele tenha problemas, mas esse é o tipo certo para se olhar. Agora, se alguém com 1,60 aparece fazendo jogadas incríveis, eu passo. Pode até ser talentoso, mas não é o tipo de perfil que procuro.”
O investidor inteligente
No mercado, é a mesma coisa. O investidor inteligente procura por sinais, por características que indiquem que aquele é um negócio com chance de sobreviver e prosperar independentemente do cenário macroeconômico.
Buffett diz que o que ele procura é simples (mas não fácil):
(i) vantagem competitiva clara,
(ii) gestão competente e íntegra,
(iii) um preço que faça sentido frente ao fluxo de caixa projetado.
E talvez o ponto mais importante: você precisa conseguir enxergar esse negócio no futuro.
No vídeo, ao falar da marca de chocolate Snickers, ele diz que busca empresas que fazem as pessoas “atravessarem a rua em busca de um produto”.
Quando a volatilidade aperta, o dólar dispara, o governo fala bobagens ou Trump resolve criar guerra comercial, o que realmente vai definir seu sucesso como um investidor de empresas não é o quanto você entende de geopolítica, e sim o quão bem você consegue identificar essas empresas resilientes.
Aquelas que vendem algo que o cliente quer tanto, mas tanto, que cinco centavos a mais não fazem diferença.
Empresas que continuam relevantes em qualquer cenário. Que não dependem da benevolência do governo ou da direção do vento nos juros americanos.
Então, esse é o tipo de negócio que eu procuro. E é nele que eu busco investir, especialmente quando o resto do mercado está preocupado com o que Trump vai twittar amanhã.
No final das contas, não é sobre prever o próximo movimento de Donald Trump após as tarifas, mas sobre encontrar aquelas empresas de “2,13m” que vão continuar jogando bem, mesmo que o mundo ao redor entre em pânico.
E antes que falem que Warren Buffett está velho e não sabe mais investir, uma imagem vale mais que mil palavras:
