Notícia

2min leitura

icon-book

O que realmente importa

Donald Trump e o "tarifaço"

Matheus Soares

Por Matheus Soares

09 Apr 2025 16h11 - atualizado em 09 Apr 2025 04h11

Na última semana, os mercados foram tomados por mais um episódio de pânico. O motivo da vez? Donald Trump — novamente protagonista — voltou a ameaçar o equilíbrio global com sua agenda de tarifas.

Em tempos assim, as manchetes mais dramáticas dominam os noticiários, como essa que dizia sobre a possibilidade dos mercados caírem massivamente na última segunda-feira:

O Jim Cramer errou por pouco: as bolsas americanas fecharam em alta de 1%.

Mas em momentos de pânico é sempre assim, a reação é quase instintiva: os analistas tentam prever o que vai acontecer, os investidores correm atrás do “cenário base”, e o medo começa a ditar os preços. A tentação de adivinhar o futuro cresce. Mas a verdade é que ninguém sabe o que vai acontecer.

E nesse turbilhão de opiniões e ruídos, as pessoas esquecem de focar naquilo que realmente importa.

No entanto, essa semana, revi um vídeo antigo do Warren Buffett (link aqui) no qual ele compartilha — com a clareza que só ele tem — o que de fato importa para um investidor: saber avaliar um bom negócio.

Ele faz uma analogia maravilhosa com o basquete:

“Se eu sou técnico e vejo um cara de 2,13 metros de altura passando pelo campus, eu fico interessado. Pode ser que ele tenha problemas, mas esse é o tipo certo para se olhar. Agora, se alguém com 1,60 aparece fazendo jogadas incríveis, eu passo. Pode até ser talentoso, mas não é o tipo de perfil que procuro.”

O investidor inteligente

No mercado, é a mesma coisa. O investidor inteligente procura por sinais, por características que indiquem que aquele é um negócio com chance de sobreviver e prosperar independentemente do cenário macroeconômico.

Buffett diz que o que ele procura é simples (mas não fácil):

(i) vantagem competitiva clara,

(ii) gestão competente e íntegra,

(iii) um preço que faça sentido frente ao fluxo de caixa projetado.

E talvez o ponto mais importante: você precisa conseguir enxergar esse negócio no futuro.

No vídeo, ao falar da marca de chocolate Snickers, ele diz que busca empresas que fazem as pessoas “atravessarem a rua em busca de um produto”.

Quando a volatilidade aperta, o dólar dispara, o governo fala bobagens ou Trump resolve criar guerra comercial, o que realmente vai definir seu sucesso como um investidor de empresas não é o quanto você entende de geopolítica, e sim o quão bem você consegue identificar essas empresas resilientes.

Aquelas que vendem algo que o cliente quer tanto, mas tanto, que cinco centavos a mais não fazem diferença.

Empresas que continuam relevantes em qualquer cenário. Que não dependem da benevolência do governo ou da direção do vento nos juros americanos.

Então, esse é o tipo de negócio que eu procuro. E é nele que eu busco investir, especialmente quando o resto do mercado está preocupado com o que Trump vai twittar amanhã.

No final das contas, não é sobre prever o próximo movimento de Donald Trump após as tarifas, mas sobre encontrar aquelas empresas de “2,13m” que vão continuar jogando bem, mesmo que o mundo ao redor entre em pânico.

E antes que falem que Warren Buffett está velho e não sabe mais investir, uma imagem vale mais que mil palavras:

Compartilhe

Matheus Soares
Por Matheus Soares

Fundador do Market Makers, analista responsável pela Carteira Market Makers de Ações. Antes de fundar o MMakers, foi analista responsável pela cobertura de Small Caps na XP Inc e analista fundamentalista da Rico Investimentos. Certificado no curso de Value Investing da Columbia Business School.

matheus.soares@mmakers.com.br