Um brinde aos 36 meses do Market Makers FIA

A newsletter de hoje é sobre os 36 meses do Market Makers FIA. Lembro exatamente do dia em que eu e o Salomão decidimos ter um fundo de ações. Era início de 2022 e, embora eu tivesse acabado de me demitir da XP para empreender, a vontade de construir algo ainda era apenas uma ideia. O Salomão estava no “mini sabático” dele e depois de uma sequência de noites mal dormidas eu o chamei para almoçar no São Bento, do Itaim. 

Eu estava com medo. Medo de empreender, medo de fracassar, medo de desperdiçar tempo e, ao mesmo tempo, medo de não fazer aquilo que eu mais queria: investir em ações com o meu próprio capital – e, quem sabe, com o capital de pessoas que confiassem em mim.

Naquele momento, eu já tinha muito claro o meu desejo de investir o próprio dinheiro em ações. Era isso que eu queria fazer da minha vida. Mas, sendo totalmente sincero, eu também duvidava da minha capacidade de ter sucesso nisso.

Pensava que talvez eu ainda precisasse ganhar “experiência” de gestão dentro de alguma asset que já fizesse aquilo há mais tempo. Essa incerteza entre o meu desejo e a minha autoconfiança foi o que começou a me tirar o sono.

Eu não sabia exatamente como dividir aquele medo com o Salomão, mas sabia que precisava falar com ele. Além de ser o quarto irmão mais velho que a vida me deu, o Salomão sempre acreditou em mim – certamente mais do que eu mesmo acreditei.

Inclusive, o Sergio Rial chama esse tipo de pessoa de “anjo”: aquele que enxerga em você algo que você ainda não consegue ver. E o Salomão sempre foi esse anjo na minha vida.

Naquele almoço do São Bento, eu abri meu coração. Disse para o Salomão que queria ser, de fato, um investidor de ações, mas que talvez eu não estivesse preparado para tocar a carteira do Market Makers. Ele me ouviu em silêncio e quando respondeu, foi do jeito que só ele sabe ser: direto e reto.

“Para com isso. Vamos ter um fundo, um clube, qualquer coisa e, é você quem vai tocar. Ponto final.”

Aquele almoço me mostrou o quanto o Salomão me queria por perto e, principalmente, o quanto ele confiava em mim. Quando terminamos o almoço, levei o Salomão de carro para casa e, antes de descer, lembro que ele disse algo como:

“Math, pensa com calma se você quer empreender e tocar a nossa carteira de ações.”

Mas eu já estava decidido e respondi que não tinha mais o que pensar e que era pra ele contar comigo.

Mais de três anos se passaram e aqui estamos.

O Market Makers FIA completou 36 meses de cota no último dia 30 de setembro com 430 cotistas e R$ 11,3 milhões em recursos sob gestão. Nesse período, o fundo acumulou alta de 39%, contra 33% do Ibovespa e apenas 3% do Índice Small Caps.

Nosso principal objetivo sempre foi proteger patrimônio – especialmente porque a maior parte dos recursos é nosso e de pessoas próximas, como família e amigos. Ainda assim, entregar um resultado superior aos principais índices em um dos períodos mais desafiadores da história recente da bolsa brasileira – de juros mais altos e resgates históricos de fundos – chancela a nossa capacidade de gerar valor investindo em ações brasileiras.

Mais importante que o retorno da cota em si, tem sido a nossa evolução como investidores. Iniciamos o fundo com a mentalidade de investir em ações para o longo prazo e isso permanece inalterado. Nossos principais acertos são posições que carregamos desde o início, como Vulcabras, Valid e Vivara. Agora, o que mudou de lá pra cá foi o nosso nível de seletividade: hoje somos muito mais criteriosos com o que entra – e, principalmente, com o que não entra – na carteira. 

Não investimos em empresas em processo de reestruturação operacional, companhias alavancadas, negócios geridos por pessoas que não respeitam o acionista minoritário e empresas cujos fundamentos não gostamos. Pra entrar na carteira, a probabilidade de não perder dinheiro precisa ser gritante.

No início do fundo, nosso foco era aproveitar todas as oportunidades que aparecessem. Não queríamos errar por omissão. O problema é que, ao tentar evitar esse tipo de erro – o que, em estatística, chamamos de erro do tipo 2 – acabamos cometendo mais erros de “cometimento”, ou os chamados erros do tipo 1.

Em outras palavras, dizíamos “sim” demais. Hoje, nosso processo evoluiu a ponto de rejeitarmos muito mais negócios do que aceitamos. Até porque não existem tantos bons negócios assim no Brasil. 

Aprendemos que um requisito essencial para ganhar dinheiro é, antes de tudo, ter a capacidade de não perder dinheiro. Aprendemos a valorizar mais as pessoas que tocam as empresas, certamente por estarmos empreendendo e entendermos as dificuldades reais de criação e sustentação de um negócio.

Aprendemos a valorizar ainda mais a governança de uma empresa. Aprendemos que o tempo de maturação dos negócios é diferente do tempo do investidor que quer que os resultados apareçam no próximo trimestre. Aprendemos a investir com foco no longo prazo, mas torcendo para que o valor da empresa seja reconhecido no curto prazo. 

Nesses 36 meses, estamos satisfeitos com a performance conquistada mesmo sabendo que poderíamos ter ido muito melhor, mas o que celebramos de verdade é a construção de um processo de investimento sólido. Um processo que amadureceu e ficou mais seletivo sem jamais abrir mão da essência que nos trouxe até aqui: mentalidade de longo prazo, disciplina, pensamento independente e compromisso de preservar e multiplicar patrimônio.

O Market Makers FIA é a realização de um desejo. E o que vem pela frente é a continuação natural de um compromisso que começou entre amigos e hoje é compartilhado com centenas de pessoas que decidiram caminhar ao nosso lado. Obrigado pela confiança e que venham os próximos 36 meses.

Um brinde:

Compartilhe