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Um dia inteiro na Vulcabras
A Vulcabras é um exemplo clássico de uma empresa que cresce expandindo o seu moat

Na última terça-feira (26/08) eu e o Salomão estivemos em Parobé (RS), no centro de Pesquisa & Desenvolvimento da Vulcabras, em uma visita que a empresa promoveu com analistas e investidores. Todos os diretores estatutários estavam ali para nos ajudar a entender o que tem feito a Vulcabras crescer há 20 trimestres consecutivos. Como acionistas desde a cota 1 do Market Makers FIA, é motivo de alegria acompanhar a evolução da empresa e um grande aprendizado ver de perto como uma empresa expande os seus diferenciais competitivos. Pra mim, Vulcabras é um exemplo clássico de uma empresa que cresce expandindo o seu moat.
A visita deixou ainda mais claros os três grandes diferenciais que pra mim explicam o sucesso da Vulcabras:
1. Foco em calçados esportivos: A Vulcabras é, hoje, uma gestora de marcas esportivas, operando três bandeiras relevantes: Olympikus, marca própria e líder no Brasil, e as licenciadas Mizuno e Under Armour. Cada marca possui o seu próprio time — designers, desenvolvedores, marketing —, o que garante identidade e posicionamento claros. Esse foco no esporte permite à companhia surfar uma tendência estrutural: as pessoas estão se cuidando mais, e o running é a categoria que mais cresce. Não por acaso, o Brasil já é o segundo país do mundo em número de academias. É nesse contexto que a Vulcabras encontrou um terreno fértil para expandir, consolidando-se como referência no segmento esportivo.
2. Verticalização da produção: Eu já havia tido a oportunidade de conhecer a fábrica da Vulcabras em Horizonte (CE), mas ontem consegui entender o processo de desenvolvimento de um calçado antes dele ser produzido em alta escala. A Vulcabras controla absolutamente todo o processo produtivo, da concepção ao produto final. Isso significa entender o que o consumidor vai desejar daqui a 12 meses, transformar essa visão em design, desenvolver as matrizes metálicas e petroquímicos para criar espumas de amortecimento e, finalmente, montar o calçado que chegará às lojas. Poucas empresas no mundo reúnem competências tão distintas — metalurgia, química e criação de moda — sob o mesmo teto. Na prática, isso faz da Vulcabras a empresa de calçados mais verticalizada do mundo, o que se traduz em rentabilidade, eficiência e capacidade de reagir rápido às mudanças do mercado. Ontem, em Parobé, ficou evidente como a tecnologia está embarcada em cada etapa: do uso de supercritical foams até a parceria com empresas como a Michelin no desenvolvimento de solados. Foi ali que, pra mim, o termo sportech deixou de ser um “jargão” e passou a ser realidade concreta. Tem sim muita tecnologia embarcada no desenvolvimento de um calçado.
3. Inteligência comercial: A Vulcabras construiu uma plataforma proprietária de vendas que acompanha cerca de 60% do sell-out em seus pontos de venda. Com isso, a empresa sabe exatamente qual modelo, cor e tamanho mais vendem em cada região, loja e canal. Essa granularidade é única e torna a companhia a melhor parceira possível para o varejo, composto em sua maioria por sapatarias de família espalhadas pelo Brasil — são mais de 18 mil pontos de venda. Além disso, o DTC (venda direta ao consumidor) já alcança R$ 500 milhões de receita, reforçando a proximidade da marca com seu público final. Em resumo: a Vulcabras tem dados que permitem colocar o produto certo, no lugar certo, na hora certa.
Esses três pilares são sustentados por um investimento robusto: R$ 1 bilhão foi investido nos últimos anos, que transformou a Vulcabras em uma companhia altamente tecnológica e preparada para entregar ainda mais crescimento e rentabilidade nos próximos trimestres.
E por trás de toda essa estrutura, vimos a cultura. Funcionários com mais de 10, 20 e até 30 anos de casa falam com orgulho do que constroem. Essa longevidade revela disciplina, eficiência e engajamento em um projeto maior: mostrar que é possível, sim, criar no Brasil uma empresa esportiva de classe mundial.
E um recado pra quem pensa que a ação já subiu demais: o encontro reuniu cerca de 50 participantes do mercado, sendo 30 investidores do buy side. Dizer que 5 deles são investidores talvez seja muito, o que mostra que tem muita gente estudando a empresa de perto.
Depois de ver tudo isso de perto, saímos de Parobé com ainda mais convicção. A Vulcabras não está apenas competindo com gigantes globais. Ela está criando o seu próprio jogo.