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Veja as 5 principais lições do Small Caps Masters

A vantagem das pessoas físicas é poder investir em small caps

Renato Santiago

Por Renato Santiago

31 Aug 2023 15h46 - atualizado em 31 Aug 2023 03h46

Veja as 5 principais lições do Small Caps Masters

Realizamos na semana passada o Small Caps Masters, provavelmente maior evento sobre small caps do Brasil (talvez ele seja o único, mas isso não vem ao caso). Mas o que importa aqui não é o tamanho, e sim a qualidade e a profundidade do conteúdo trazido: em 3 dias de evento, recebemos 9 especialistas que compartilham suas filosofias e teses favoritas da bolsa. Um evento blue chip sobre small caps. 

Foram tantos ensinamentos passados que ficou difícil absorver tudo de uma vez. Me senti na obrigação de escrever esta CompoundLetter com as 5 principais lições que aprendemos sobre o evento:


1. Quanto menor, melhor

Essa lição soa até paradoxal, mas faz total sentido: para investir em small caps, quanto menor for o “bolso” do investidor, melhor. Isso mesmo, investir em small caps talvez seja o único caminho onde o investidor pessoa física leva vantagem sobre os grandes fundos.

E essa vantagem existe principalmente por uma questão de liquidez dessas ações. Acompanhe meu raciocínio.

Sempre que um gestor compra uma ação para colocar em seu fundo, ele precisa também pensar se vai conseguir vendê-la, e em quais condições, quando quiser embolsar o lucro ou se mudar de ideia sobre o papel.

E se um fundo é grande, ele precisa comprar uma quantidade razoável de ações para que ela faça diferença em sua cota. Na prática: comprar R$ 100 mil de uma empresa dentro de uma carteira de R$ 1 bilhão não fará cosquinhas na cota – ou seja, não vale o esforço.

Por esses dois motivos, os fundos grandes fazem filtros de liquidez, só avaliando ações que tenham um certo volume de compra a venda diária. E as small caps, tradicionalmente de liquidez baixa, não costumam passar nesses filtros. Para usar as palavras dos gestores e analistas: as small caps têm “portas de entrada e de saída muito pequenas” e os grandes fundos acabam sendo obrigados a ignorá-las, via de regra.

Mas se você for uma pessoa física comum que não tem um bolso de centenas de milhões de reais, você não tem esse problema que os gestores têm, portanto essas ações passam nos seus testes de liquidez. Você jamais seria obrigado a segurar uma ação quando não quer porque não existe demanda suficiente por ela. Uma porta de saída pequena é suficiente para você.

Por isso, as small caps acabam sendo território dos pequenos: pessoas físicas e fundos de investimento altamente especializados são os únicos que conseguem aproveitar essas oportunidades que ficam abaixo do radar das gestoras grandes e multiplicar o capital no caso das que se tornam large caps ou blue chips com o passar do tempo.

2. A armadilha do elevador vazio

Durante as épocas de euforia na Bolsa, muitas empresas — boas e ruins — conseguem abrir seu capital e colocar suas ações para negociação. Quando a euforia passa, muitas perdem 50%, 60%, até 90% do valor de mercado. 

E é aí que muitos investidores costumam cair numa armadilha e fazer o que foi batizado de análise do elevador vazio (se um elevador sobe vazio, é porque alguém desceu, e se um elevador desceu vazio é porque alguém subiu).

Acontece que ações não são elevadores e muitas vezes elas caem depois do IPO porque seus fundamentos eram ruins mesmo. E isso significa que ela vai ficar lá embaixo mesmo. Não vão subir só porque caíram.

Quem investe em small caps está sempre procurando multiplicar o capital com coisas baratas, portanto esse alerta é muito importante para você que gosta desse tipo de ação. Cuidado com a análise do elevador vazio. Existem ações baratas que vão subir de preço, mas não é por que um papel caiu que ele necessariamente vai subir.

Aliás, sempre que você quiser comprar uma ação só por que ela caiu, lembre-se de como a matemática é cruel. Se uma ação cai 90% e depois sobe 200%, quem a comprou antes da queda ainda está perdendo 70%. 

3. O prêmio de risco e uma oportunidade

Dizem as cartilhas de finanças modernas que ativos menores, de menor liquidez e menor capitalização, deveriam negociar com um prêmio em relação a ativos maiores e mais líquidos. Afinal, eles têm mais risco, portanto, o investidor deveria investir esperando um maior retorno. É a clássica relação entre risco e retorno.

Em teoria, portanto, as small caps deveriam custar mais caro que as ações de maior capitalização. Mas na prática, no Brasil, não é isso que está acontecendo. Rodolfo Amstalden, fundador da Empiricus, explicou  na sua participação no evento que que o índice de small caps da B3 negocia hoje abaixo da média do Ibovespa. Só com a expectativa de queda da Selic, que já começou, é provável que esse múltiplo suba de 10x Preço/Lucro para 15x – um potencial de 50%, tudo mais constante.

4. Small caps podem ser idosas

O mais intuitivo para qualquer investidor seria acreditar que small caps são empresas novas, que atuam apenas em ramos de atividades inovadores e tecnológicos. Afinal, empresas antigas e tradicionais tendem a crescer com o tempo e, portanto, deixariam o domínio de small caps para trás. Faz muito mais sentido estar nesse grupo um e-commerce fundado em 2009, como a Enjoei, que uma fundição de 1938, como a Tupy.

Mas a realidade não é essa. Existem muitas empresas que já têm décadas de atuação no Brasil e que permanecem entre as small caps — e existem muitas explicações econômicas e de negócios para tal. Em primeiro lugar, estamos no Brasil, um ambiente de negócios desafiador, para dizer o mínimo, que muitas vezes impede empresas de crescer.

Outra explicação possível para uma empresa antiga seguir small cap é o fato de seu negócio não estar na moda. A Tupy, por exemplo, fabrica peças para motores a combustão, o que muita gente chama de um negócio que está morrendo, enquanto a eletrificação vem chamando a atenção de muito mais gente.

5. Não precisa ser sexy

Falando em moda e narrativas, essa é outra lição importante do Small Caps Masters, mas que serve para qualquer ação, de qualquer tamanho: não se deixe levar pelas narrativas e pelos modismo. Hoje, enquanto o mercado adora estudar empresas super caras e que só queimam caixa e não dão lucro, existem companhias como a GPS, que literalmente vivem de lavar banheiro, mas conseguem aumentar a margem Ebitda (o quanto do Ebitda que se torna lucro líquido) de 5% para 10%. Entre moda e lucro, é melhor ficar com lucro.

Poderia elencar muito mais aprendizados que tivemos no evento, mas tornaria esta newsletter muito maior do que já está. A conclusão é que temos uma excelente oportunidade para investir em small caps e, se o seu perfil de risco aceita uma exposição em ações, acredito que você deveria considerar essa classe de ativos dentro do seu portfólio.

Se você tem interesse nessa classe de investimentos, não deixe de conhecer o Market Makers FIA, o fundo que segue a carteira recomendada do Market Makers, liderada pelo nosso sócio e analista Matheus Soares, e que vem batendo com folga o Ibovespa desde sua criação, em setembro de 2022 (14,8% vs 6,7%).

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Renato Santiago
Por Renato Santiago

Jornalista, co-fundador do canal Market Makers e do Stock Pickers, duas vezes eleito o podcast mais admirado do Brasil. Passou por grandes redações do país, como o jornal Folha de S. Paulo e revista Exame, e atuou na cobertura de diferentes temas, de cotidiano até economia e negócios. Sua missão, hoje, é a de usar sua expertise editorial e habilidades de reportagem para traduzir o mundo das finanças e mercado financeiro ao grande público.

renato.santiago@empiricus.com.br