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Zeno e uma nova maneira de ver a “gestão ativa”

Como fundos que passam 12 meses perseguindo um benchmark conseguem construir riqueza no longo prazo? 

Thiago Salomão

Por Thiago Salomão

22 Jan 2025 09h00 - atualizado em 21 Jan 2025 06h42

Como o Matheus Soares está terminando a apresentação que faremos hoje aos assinantes do M3 Club (que vai reabrir para novos membros! Saiba mais clicando aqui), aproveitarei a repercussão da minha newsletter de segunda para falar mais da última carta da Zeno Equity, na qual eles trouxeram uma visão alternativa ao que é conhecido como “investimento ativo”.

Acredito que você lembra do Cristiano Souza no Market Makers: ele explodiu nossa mente no episódio 120 ao dizer que “a bolsa não existe”, analogia que ele utilizou para explicar que investe em empresas com foco no longo prazo e que o “pisca-pisca” das cotações das ações costuma ser muito mais distração para quem pensa assim.

Na última carta de gestão, ele trouxe uma reflexão que vai muito em linha com um questionamento que eu e o Matheus fazemos aqui: como fundos que passam 12 meses perseguindo um benchmark conseguem construir riqueza no longo prazo? 

“Gostaríamos de oferecer uma visão diferente do que é gestão ativa”, escreve a Zeno.

Primeiro, vamos definir o que é gestão ativa e gestão passiva. Investidores passivos acompanham a performance de um benchmark, enquanto investidores ativos buscam superar este benchmark. No mundo financeiro (investidores, mídia, estudiosos), aceita-se a ideia de que a gestão passiva possui o “mercado inteiro”, mas a Zeno não concorda com isto:

“Os chamados ‘investidores passivos’ nunca são donos de todo o mercado, mas apenas de uma cesta de empresas construída artificialmente e que muda de acordo com metodologias que utilizam variáveis ​​como capitalização de mercado ou ‘free float’. Tais variáveis ganham força conforme o momento e, portanto, refletem a narrativa e a psicologia predominantes no mercado ao invés dos fundamentos das empresas”.

Seguindo essa lógica, investidores ativos construirão seus portfólios acreditando que podem bater essa cesta arbitrária de ações, seja selecionando subsetores certos ou atribuindo pesos diferentes para bater o índice. Essa abordagem tem dois problemas, na visão da Zeno: 

i) O investidor precisa focar muito mais no curto prazo e na performance relativa dos ativos do que no entendimento do risco dos negócios; e ii) bater o índice acaba virando um grande jogo de aumentar o risco da carteira em tempos de euforia e reduzir o risco no pânico. 

“Nossa impressão é que o número de pessoas que tentam fazer isso supera em muito aquelas que realmente podem fazê-lo”, conclui a Zeno. Ao longo da carta, ela destrincha o que seria a “alternativa” a essa definição. Trarei os trechos da carta que melhor resumem essa filosofia:

“Nossa seleção de ações é voltada para reduzir o risco, não para aumentá-lo! Estamos procurando aqueles negócios raros que protegerão nossa riqueza quando o mundo parecer terrível, o que inevitavelmente acontecerá de tempos em tempos”.

“Não investimos pensando nos ciclos de mercado, que no curto prazo são mais sobre emoções do que fundamentos. Ao invés disso, estamos aplicando capital para gerar retornos através dos ciclos econômicos, independente do que é popular ou não nos mercados”.

“Quando Buffett fala sobre suas duas regras de ouro sobre investimentos (1: não perca dinheiro e 2: não se esqueça da regra número um), temos certeza de que ele não está falando sobre desempenho de preço relativo ou mesmo absoluto ao longo de alguns anos, nem está correlacionando diversificação com menor risco”.

“A razão pela qual procuramos empresas com uma mentalidade de fundador, poder de mercado e oportunidade de reinvestimento não é porque achamos que os preços de suas ações podem superar os mercados em um determinado período de tempo, mas porque i) eles gerarão retornos anormais quando tiverem o vento a seu favor e ii) aproveitarão os tempos difíceis para se posicionar ainda melhor para os bons tempos”.

Se você sentiu falta da newsletter do Math essa semana, fique tranquilo que quarta que vem ele está de volta. Se você é membro do M3 Club, poderá ver o que ele preparou para os assinantes hoje (22 de janeiro) às 18h. O link da sala de reunião será enviado.

Se você ainda não é do M3 Club, clique aqui e veja como se tornar membro.

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Thiago Salomão
Por Thiago Salomão

Fundador do Market Makers, analista de investimentos CNPI-P, MBA em Mercados Financeiros na Fipecafi e na UBS/B3. Antes de fundar o MMakers, foi editor-chefe do InfoMoney, analista de ações na Rico Investimentos, co-fundou o podcast Stock Pickers e foi sócio da XP de 2015 a 2021

thiago.salomao@mmakers.com.br