When there’s no one else in sight
In the crowded lonely night
Well, I wait so long
For my love vibration
And I’m dancing with myself, oh, oh
(Dancing With Myself, Billy Idol)
“Sell in may and go away” é uma daquelas regrinhas de bolso que todo mundo comenta mesmo que não siga ao pé da letra. Ela refere-se aos dados históricos da bolsa americana para concluir que maio é um dos piores meses para se investir em ações. Coincidência (ou não), maio costuma reservar surpresas negativas aos investidores brasileiros. Lembro como se fosse ontem do Joesley Day em 2017 e da greve dos caminhoneiros em 2018.
Pois bem, quem seguiu essa regra em 2023 deixou muito dinheiro na mesa: embora o Ibovespa tenha subido 3,5%, o índice Small Caps da B3 teve performance de 13,5%. A Carteira Market Makers, com muito mais small caps do que blue chips na composição, rendeu pouco mais de 9% no mês.
Muitas mudanças ocorreram no cenário. Elas não só explicam a boa performance da bolsa no maldito mês de maio mas também nos levam a acreditar que a tendência deve continuar. Os podcasts e lives que fizemos no Market Makers ao longo do mês nos ajudaram a refletir sobre essa transformação.
Abaixo, uma breve reflexão de como analisamos os acontecimentos do mês:
Menos ruídos, mais sinais: apesar dos flertes de Lula com retrocessos econômicos e institucionais, a verdade é que muitos avanços dos últimos anos (redução de poder do BNDES, privatizações, teto de gastos, marcos setoriais…), somado a um arcabouço fiscal longe do ideal mas que pelo menos tira o “risco de cauda” de virarmos uma Argentina, deverão garantir um ciclo de crescimento do Brasil nos próximos anos.
Aula grátis de Brasil: Sobre essa visão de Brasil, a live que fizemos sexta com o economista-chefe da Verde Asset, Daniel Leichsenring, foi uma verdadeira aula para entender como funcionam os ciclos econômicos do Brasil – e porque poderemos entrar num ciclo virtuoso mais uma vez, apesar de todo noticiário parecer apontar para outra direção.
Os números não mentem: em maio também tivemos uma inflação mais fraca do que o previsto e um PIB bem acima do esperado. Esses números já começaram a provocar revisões nas estimativas do mercado – o Goldman Sachs elevou sua projeção para este ano de 1,75% para 2,6% e o Itaú, que esperava um PIB de 1,4%, já afirmou que irá revisar sua projeção para cima (lembrando que o Focus em janeiro apontava um PIB de 0,75%).
Selic em queda: está chegando a hora: com a inflação mais comportada e o dólar fraco mundo afora, o caminho para o nosso Banco Central começar o ciclo de corte de juros está feito. Saber quando começará ou quanto cairá chega a ser preciosista: o mais importante é entender que a direção da Selic é para baixo.
Valuation e fluxo: fatores técnicos me interessam. Não se esqueça dos níveis de preços extremamente convidativos de algumas ações brasileiras (trouxe alguns gráficos legais na newsletter passada) e do fluxo absurdo de saída de capital dos fundos de ações nos últimos meses,o que deixou nosso mercado mais leve mas ao mesmo tempo criou uma assimetria favorável pra quem quer comprar.
O conteúdo das linhas acima não é novidade para quem já acompanha nossas entrevistas e newsletters. Mas talvez o grande insight seja perceber que, apesar de ouvirmos cada vez mais vozes otimistas com o mercado, elas ainda não são maioria.
Pra nós, isso ainda traz um certo conforto: as extrapolações de preços nas ações acontecem nos momentos de grande pânico ou euforia. Se ainda somos os primeiros da festa, podemos esperar dançando com nós mesmos.
Oh, oh, oh, oh.