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6 lições que você não aprenderá nos livros de investimentos
A mentalidade do maior ganhador da bolsa de valores nos últimos 5 anos
Eu amo meu trabalho. Por mais cafona que essa frase possa soar, mas é o que eu sinto.
Meu trabalho exige que eu me conecte com pessoas extremamente inteligentes e vencedoras dentro do mercado financeiro, extraia o máximo possível de conhecimento e de forma que isso possa virar uma ideia de investimento em nossa carteira de ações e/ou um conteúdo que pessoas de fora da bolha do condado possam consumir e entender.
E no nosso último episódio do Market Makers, não faltaram aprendizados que conseguimos extrair do nosso convidado (Octavio Magalhães, gestor da Guepardo Investimentos). Aprendizados que, talvez pela linguagem mais simples e direta, são mais facilmente extraídos numa conversa informal do que na leitura de um livro.
Esta CompoundLetter será um compilado de aprendizados passados pelo Octavio, que é gestor do vitorioso Guepardo FIC FIA, um dos melhores fundos de ações no acumulado dos últimos 5 anos e que desde seu início (2004) multiplicou o capital em mais de 40 vezes.
Pra quem viu o episódio, use o texto para reforçar os aprendizados. Pra quem não viu, sugiro aproveitar estes dias mais tranquilos no mercado para acompanhar esta entrevista (o link do youtube está aqui, mas ela também está nas plataformas de podcast).
1. Empresa não é pra por dinheiro, mas pra tirar dinheiro
Octavio diz que aprendeu essa lição com seu tio (e um dos maiores investidores do Brasil), Luiz Alves Paes de Barros. A frase foi usada para falar de empresas que, após um momento de forte geração de caixa, ficam tentadas a “fazer besteira” com o dinheiro.
“As pessoas não se aguentam, precisam inventar moda (…) Se a empresa não tem que fazer com o próprio dinheiro, ela tem que distribuir dividendos ou recomprar suas ações quando elas estiverem baratas (…). Pra que comprar um concorrente se pode comprar suas próprias ações quando estão baratas?
2. Sorvete de creme com pedaço de merda, por mais sorvete que tenha, sempre terá merda
A anedota acima foi usada por Octavio para explicar o filtro de empresas usado pela Guepardo. “Às vezes a empresa tem dois businesses: um é muito bom, outro é uma merda. [Desse jeito a] Guepardo está fora, porque ela está comprando o que é ruim junto com o bom.
Na bolsa, ele cita um caso de empresas parecidas mas que em uma ele pode investir e na outra não. A Guepardo pode investir em Metalúrgica Gerdau (GOAU4), que é a holding da Gerdau e tem só um negócio (as ações da própria Gerdau). Por outro lado, a gestora não pode comprar Itaúsa (ITSA4), que investe em outros negócios além do próprio Itaú.
3. No mercado, você sempre vai ganhar dinheiro sozinho
“O que faz a diferença no mercado é ter disciplina para não entrar na fofoca, no ‘oba-oba’. Sempre vão ter bolhas: nos anos 2000 teve com a internet, em 2008 foram as empresas de commodities, agora é a vez das techs. O segredo é você sempre ficar de fora sem escutar o que os outros estão falando. As grandes porradas da vida vão ser investindo sozinho, contra tudo e contra todos, Você tem que ter uma disciplina muito grande de não escutar as pessoas, pegar seu cavalo naquelas trilhas de cidade de interior e passar reto mesmo com todos os cachorros latindo”.
4. Fomos piores quando tínhamos mais gente
Não foi a primeira vez que escutamos no MMakers um gestor falando da dificuldade de manter a gestão do fundo quando tinha que gerir mais pessoas (ver episódio com João Landau, da Vista Capital). Octavio diz que a pior época da Guepardo foi quando tinham a maior quantidade de funcionários: 23 pessoas. Hoje, mesmo com R$ 2,9 bilhões sob gestão, a asset tem 13 pessoas.
“Confiar o dinheiro na mão de alguém é quase um casamento e envolve muita confiança. Com menos pessoas é mais fácil conhecer e confiar em todo mundo, e a chance de errar é muito menor. Além disso, o tempo é usado para concentrar nas análises e não na gestão de pessoas”.
5. Não se alavanque e quebre jovem
“Todo jovem que entra no mercado e começa ganhando se acha um gênio. A alta testosterona o torna mais propício a tomar riscos. O problema é quando ele começa operar derivativos e alavancar-se (…) eu mesmo com 18 anos perdi tudo que eu tinha no mercado futuro de boi. Tive que vender todas as minhas ações para quitar minha dívida na corretora. Foi até bom ter perdido dinheiro naquela idade, porque eu morava com os pais, não tinha um patrimônio consolidado nem contas para pagar. Tomar porrada cedo é diferente do cara de trinta e poucos anos que perde tudo e tem uma família para sustentar”.
6. “Com ações, posso dormir que nem bebê”
“O grande erro é mexer com derivativos, fazer trade e alavancar. Todo jovem entra nesse mercado, começa ganhando e vai até tomar uma pancada por falta de disciplina e nenhuma gestão de risco. A testosterona do jovem faz ele tomar mais risco, e isso é comprovado cientificamente. Em 1998, perdi tudo no mercado futuro de boi, tive que vender o que tinha na carteira de ações para pagar o prejuízo nos derivativos. Foi bom ter perdido naquela idade, morando com os pais e sem um patrimônio consolidado, diferente do cara que chega aos 30 anos, tem filhos e só daí quebra. Comparado com operar alavancado, operar com ações é brincadeira de criança, dorme igual um bebê”.
Ps: é preciso dar os parabéns ao Matheus Soares, que ao explicar nossa tese de investimentos em Vulcabras (VULC3), impressionou até o Octavio, que possui 23% da carteira em VULC3 – o que equivale a quase R$ 700 milhões investidos.
Como já disse em nossa última newsletter, o Math já era um excelente analista mas tem evoluído cada vez mais como um “analista-gestor”. Os cotistas do Market Makers FIA e os assinantes da Comunidade MMakers agradecem.