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5 razões para comprar Brasil

No episódio #13, gestor com mais de 20 anos de mercado disse que o atual valuation é o mais barato de bolsa brasileira que eu já viu na sua carreira

Thiago Salomão

Por Thiago Salomão

26 Sep 2022 17h05 - atualizado em 26 Sep 2022 05h10

“Se você esperar para investir [na bolsa brasileira] lá pra abril ou maio,
quando o juro estiver baixando, você vai estar investindo num
nível de bolsa muito acima do que tá agora. Efetivamente estamos
num momento propício para se investir em bolsa no Brasil.”

– Gustavo Salomão, gestor da Norte Asset (ep. #13 do MMakers)

A frase acima é uma boa síntese de por que é tão difícil aproveitar os bons momentos para se comprar ações. Não tem jeito: as grandes oportunidades surgem ao mesmo tempo que os jornais trazem manchetes desesperadas e as pessoas estão com medo de investir.

Lembro muito bem de 2019, época que o Ibovespa superou os 100 mil pontos pela 1ª vez e muita gente ficou com aquela “dor de corno” (não sei o termo médico para isso) de não ter aproveitado pra ter comprado antes. Pois bem, o Ibovespa semanas depois recuou até quase 90 mil pontos e o que esse povo fez? NÃO comprou ações! “Ah, mas agora o cenário tá pior…

Todo mundo quer comprar bolsa barata, mas ninguém quer o cenário da bolsa barata. É a adaptação mercadológica do “todos querem gelo, ninguém quer encher a forminha”.

Creio que estamos diante de um destes momentos onde, daqui alguns meses, muita gente vai se arrepender de não ter comprado ações brasileiras “antes do cenário melhorar” – seja lá o que isso significa, por que a grande verdade é que sempre haverá um fator de risco a se preocupar; aliás, o dia que você não encontrar risco nenhum, é hora de sair da bolsa, porque provavelmente todo mundo já estará nela e os preços estarão em níveis estratosféricos.

Por que eu acredito que é hora de comprar Brasil?

  1. 1. Porque estamos baratos: uma frase me marcou muito no último episódio do Market Makers, não só pelas palavras ditas mas também por quem as disse: “é o valuation mais barato de bolsa brasileira que eu já vi na minha carreira”, disse Cassio Bruno, gestor da Moat Capital que tem mais de 20 anos de experiência no mercado. Além da longa estrada, Cassio é um daqueles caras que se acha que a bolsa está cara, ele não vai deixar de expressar isso via posições “short” (vendidas), como ele já explicitou em outras conversas. Resumindo uma história longa: muitas empresas têm feito uma lição de casa nos últimos trimestres, entregando bons resultados operacionais e ficando financeiramente mais saudáveis, mas isso não necessariamente se traduziu em alta das ações, por conta de alguns fatores que citarei nos itens 3 e 4;

  1. 2. Porque lá fora está ruim: tudo no mercado financeiro (e na vida também) é relativo. Tirar uma nota 2 numa prova que todos tiraram zero pode parecer melhor do que tirar nota 8 numa prova que todos tiraram 10. Um número isolado pode dizer muita coisa, mas não diz tudo. E quando trazemos para o mundo de ações, os mercados americano e europeu ainda estão no meio da batalha contra a inflação – ou seja: juros por lá ainda terão que subir bastante (expliquei melhor isso semanas atrás neste texto). O resumo do link anterior para os apressados: a grande expectativa hoje é que a taxa de juros dos EUA supere os 4% (atualmente ela está na faixa entre 3% e 3,25%), ficando por lá durante um tempo. Ray Dalio, um dos maiores investidores do mundo, vê espaço pro S&P500 cair uns 20% com os juros nesses patamares;

  1. 3. Porque aqui estamos em outra vibe de juros: se lá fora os juros devem continuar subindo, por aqui o Copom (Comitê de Política Monetária) pausou o ciclo de alta da Selic na última reunião, mantendo-a em 13,75% ao ano. “Quando vai começar a cair? E quanto cairá pelos próximos 6-12-18 meses?” Não sei, mas também não me preocupo em saber. Pra mim, mais importante é saber a direção dos juros daqui pra frente, que será para baixo. E juro pra baixo é estímulo na veia da economia. Isso sem contar que pode ajudar a retomada de fluxo para ações, que falarei mais a seguir…;

  1. 4. Porque tem muito pouco dinheiro aplicado em ações: nos dois últimos ep. do MMakers, falaram de uma estatística interessante: apenas 5% a 7% de todo dinheiro da indústria de fundos de investimentos do Brasil está em ações. Trata-se de um dos menores patamares da história. Em linha com isso, os fundos de ações somam resgates líquidos de mais de R$ 54 bilhões em 2022, segundo último boletim mensal da Anbima. A pressão que isso causa no preço das ações é severo mas, por isso até, abriu boas oportunidades para o investidor pessoa física (falei especificamente sobre isto nesta news). Mas a combinação dos 3 fatores acima (Brasil barato + exterior ruim + queda de juros), uma boa parte desse dinheiro que saiu dos fundos pode voltar;

  1. 5. Porque somos irrelevantes pro estrangeiro (o que é ótimo!): continuando a resposta anterior, há também o dinheiro do investidor de fora, que pode vir para o Brasil pelo simples fato de que hoje somos uma das poucas opções de investimento de um mercado longe de guerras, que está em crescimento e com juro em queda. “Ah, mas gringo não vai por muito dinheiro aqui”. Tudo bem! Somos irrelevantes dentro das composições dos índices globais de ações, o que significa que qualquer pequeno ajuste percentual nestes índices pode resultar em um enorme fluxo pra cá (tudo é relativo, lembra?).

Eu não tirei essas 5 respostas do nada. Isso é fruto das interações diárias que eu, Renato, Matheus e Josué temos com diversos analistas, gestores e especialistas setoriais no mercado financeiro. Passamos uma parte do dia lendo estudos, relatórios e notícias e na outra parte conversamos com pessoas que estudam afundo determinada empresa ou que já estão no mercado um bom tempo.

Resumindo o parágrafo acima numa frase: praticamos diariamente o exercício “compounding do conhecimento“, ou os “juros compostos do conhecimento”.

No compounding, o “juro sobre juro” faz com que o mesmo ganho percentual te traga um maior ganho financeiro (ganhar 10% sobre R$ 1.000 equivale a R$ 100. Ganhar os mesmos 10% sobre R$ 1.100 equivale a R$ 110, e por aí vai…).

É o que fazemos com o conhecimento: todo novo aprendizado não só aumenta a nossa base monetária de informação como também nos deixa mais preparado para a próxima leitura ou interação. Colocar o conhecimento em teste numa conversa ou estudo é a melhor forma de reforçar a lição aprendida.

Nossa profissão é extremamente privilegiada: construímos ao longo dos anos uma ampla rede de contatos, que nos permite estudar os assuntos mais interessantes do mercado com as pessoas que mais entendem disso. E por (acredito eu) fazermos bom uso desse conhecimento adquirido, conseguimos o “efeito rede” de trazer cada vez mais especialistas compartilharem sua sabedoria conosco.

Nesta semana, vamos dar aos seguidores do Market Makers um pedaço desta experiência. Faremos duas lives que mostrarão o que é viver intensamente dentro do mercado.

Na terça, às 18h, faremos uma reunião aberta com todo time de ações da Vista Capital. João Lopes e sua equipe explicarão no detalhe as principais posições deles e responderão as perguntas que os espectadores enviarem sobre os temas apresentados. XP e Mercado Livre estão entre as principais posições do fundo.

Na quarta, também às 18h, nascerá o projeto que será o produto final de tudo que estudamos diariamente no Market Makers: a Carteira Recomendada de Ações, encabeçada pelo nosso analista Matheus Soares. Nos últimos 9 meses, o Math tem estudado a fundo a bolsa para encontrar as melhores ações para compor um portfólio focado em value investing. Na live, explicaremos os princípios que norteiam nossas ações escolhidas e apresentaremos a tese de investimentos de uma das maiores posições da carteira.

Toda comunicação dessas lives será feita no Telegram do Market Makers, então se você ainda não fazer parte da lista de transmissão, é só clicar aqui.

Tem um segredo que era pra contar só na live de quarta, mas eu quero contar agora: vamos ter um fundo de ações que vai replicar nossa carteira recomendada. Esse fundo estará disponível apenas na Empiricus Investimentos, então caso você não tenha conta aberta lá vou deixar aqui o meu link de abertura de conta para você fazer isso já.

Nos vemos nessa rodada de lives!

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Thiago Salomão
Por Thiago Salomão

Fundador do Market Makers, analista de investimentos CNPI-P, MBA em Mercados Financeiros na Fipecafi e na UBS/B3. Antes de fundar o MMakers, foi editor-chefe do InfoMoney, analista de ações na Rico Investimentos, co-fundou o podcast Stock Pickers e foi sócio da XP de 2015 a 2021

thiago.salomao@mmakers.com.br