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A desacomodação de Roberto Lee

”Quando o disruptor opta por cometer o mesmo erro, é que chegou a hora de algo novo”

Por Renato Santiago

02 Sep 2022 13h55 - atualizado em 02 Sep 2022 02h31

Minha primeira conta em uma corretora foi aberta com o seguinte processo:

Primeiro eu imprimi uma ficha cadastral de várias páginas, um contrato, assinei e rubriquei tudo. Em seguida fui ao tabelião mais próximo, abri e reconheci minha firma. Por último, fui a uma agência dos Correios e mandei a papelada para a finada Banif, escolhida por motivos que hoje parecem ridículos: ela cobrava “apenas” R$ 15 por ordem no Tesouro Direto e não tinha taxa de custódia.

Tudo isso aconteceu em 2010, quanto a internet já era onipresente e todo mundo já tinha e-mail.

Hoje uma conta em uma corretora pode ser aberta em 5 minutos, com um celular e uma foto do seu RG. E pouco depois você pode fazer uma operação de câmbio e comprar cotas de um ETF exótico no mercado americano, também no celular.

Nesses 12 anos a indústria mudou muito, graças à regulamentação e à tecnologia, mas também à atuação de alguns empreendedores que souberam como agir. Um dos protagonistas desse processo, sem dúvida, é o Roberto Lee, entrevistado do 10º episódio do Market Makers, publicado ontem.

Lee é um empreendedor em série. Um desacomodado da indústria de investimentos. Depois de trabalhar no BBVA, Patagon e Ágora, fundou a WinTrade, a Clear e a Avenue (as duas últimas vendidas para XP e Itaú, respectivamente).

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Mas o que leva alguém a fazer isso? A resposta que o Thiago Salomão e o Josué Guedes tiraram na conversa de quase duas horas com ele é a de que enquanto houver um problema a ser resolvido e uma ineficiência cara para o mercado, haverá espaço para soluções e empreendedores.

Vamos tomar o caso da Avenue como exemplo.

Depois de vender a Clear para a XP, Lee se tornou sócio diretor de marketing e tecnologia da corretora de Guilherme Benchimol. Mas mesmo assim sua próxima ideia para o mercado brasileiro — a internacionalização da carteira do brasileiro — não foi realizada lá dentro e a Avenue nasceu independente.

“Para fazer uma transformação, o velho sempre tem que dar espaço ao novo, mas às vezes o velho te dá uma renda boa, tem uma máquina instalada, gente empregada. A indústria optou então por importar o mercado”, resume Lee.

Em outras palavras: era melhor para os incumbentes vender COEs de produtos internacionais a dar acesso aos próprios produtos financeiros lá fora. “O problema é que hoje não cabe no mundo mais tanto intermediário. Esses ciclos se repetem muito e a solução é sempre a mesma. Antes havia fundos de Petrobras, havia fundos de Apple… E hoje isso parece bizarro”, afirma Lee.

“É como diz Jeff Bezos: sua margem é minha oportunidade”, completa.

Para ouvir mais sobre a história de Roberto Lee, é só clicar nos links abaixo:

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Por Renato Santiago

Jornalista, co-fundador do canal Market Makers e do Stock Pickers, duas vezes eleito o podcast mais admirado do Brasil. Passou por grandes redações do país, como o jornal Folha de S. Paulo e revista Exame, e atuou na cobertura de diferentes temas, de cotidiano até economia e negócios. Sua missão, hoje, é a de usar sua expertise editorial e habilidades de reportagem para traduzir o mundo das finanças e mercado financeiro ao grande público.

renato.santiago@empiricus.com.br