Lições amargas: Gustavo Franco em 5 pontos

“O Brasil adora um remédio milagroso”

Diz Gustavo Franco, um dos pais do Plano Real no livro “Lições Amargas”, publicado por ele em 2021. Ele aborda as crises já sofridas pelo Brasil (como a hiperinflação e a pandemia) e as oportunidades perdidas pelo país. 

“Depois de tanta procrastinação, de algumas décadas perdidas e da pandemia, é preciso mudar o tom. Perdemos um tempo irrecuperável e talvez não seja mais possível retornar à primeira divisão. Exceto por um truque no tapetão”, sentencia. 

Depois de devorar esse livro em tempo recorde, decidi trazer para você a nossa série 5 pontos de forma diferente, em cinco destaque do que Franco traz em sua obra e que nos ajudam a entender porque o ambiente brasileiro de investimentos ainda enfrenta tanta desconfiança e insegurança. 

#01 – É preciso reformar as reformas

Tal qual numa casa, em que a gente começa uma reforma e, tantas vezes, se dá conta de que não há data para terminar, esse processo no Brasil também acontece da mesma forma. Gustavo Franco critica o que chama de gradualismo excessivo e as pautas – ainda paradas desde os anos 1990.

“As reformas no Brasil ficaram aprisionadas a um gradualismo deliberadamente excessivo e movimentos pequenos, tardios e invariavelmente insuficientes, à mercê de corporações enfurecidas, lideranças grisalhas amedrontadas, ou ambos, de tal sorte que, desafortunadamente, a ideia de “reforma”, virou parte do establishment, um componente essencial da continuidade” 

#02 – O tamanho do Estado e das contas públicas

Para Gustavo Franco, o tamanho do Estado pode ser medido por suas receitas ou pelas despesas e o dever da esfera pública é aproximar esses dois valores. Ele dedica um capítulo de “Lições Amargas” para este assunto que é tão antigo quanto atual.

“Esse é o negacionismo fiscal, uma doença antiga, fácil de se contrair em Brasília, pois começa com a compulsão em não desagradar ninguém, prossegue com nosso espírito aventureiro (o gosto pela solução mágica)…”

#03 – Responsabilidade fiscal x políticas sociais

Gustavo Franco defende que, ao contrário do que possa parecer, a responsabilidade fiscal e um Estado “menor” não prejudicam políticas sociais – preocupação sempre levantada ao se falar em “Estado mínimo” ou teto de gastos.

“A estabilização de 1994 serviu para mostrar que essas dúvidas eram tolas, especialmente em vista do fato de que a inflação cria, ou agrava seriamente, os problemas que as políticas sociais tencionam resolver”, diz. 

# 04 – O que devemos privatizar

Ao falar sobre privatização, o pai do Plano Real defende que o investimento privado venha a fazer o que antes se esperava que o investimento público fizesse, ou seja, privatizar a formação de capital. 

“O que há para privatizar são as oportunidades de investimento que o setor público não tem recursos para executar”, afirma.

#05 – Abertura para o mundo

Num outro trecho da obra, Franco fala sobre o “vício” do isolacionismo e do protecionismo brasileiro. 

“Quem deriva benefícios dessas criaturas sempre prefere defender o status quo com discrição, no escurinho do cinema. O sujeito que é amigo da família Corleone não quer brigar, mas, em geral, não gosta de aparecer junto com eles nas colunas sociais”. 

O livro Lições Amargas traz muito mais que cinco lições. E mesmo com as frenéticas mudanças dos últimos quatro anos, desde que foi lançado, é atualíssimo, quase indelével. E é uma leitura obrigatória para quem quer investir no Brasil – e se sair bem. 

Por isso, decidimos dar de presente a quem assina The Report, a revista digital do Market Makers, lançada nesta semana. 

Um outro livro fenomenal, “Breve História das Finanças”, também é um presente nosso aos assinantes da The Report. Ambos chegam no seu endereço, sem custo algum (nem o frete).

Assine The Report. E ganhe a inteligência que você precisa para investir como um profissional.

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