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Luis Stuhlberger: mediocridade dá dinheiro

E a bolsa brasileira que não bate o CDI

Por Market Makers

12 abr 2024 10h19 - atualizado em 15 abr 2024 10h19

A vida real é dura. Pouco importa se a pessoa se acha especial ou qualquer outro adjetivo que infla o ego.

No fim do dia, o que vale mesmo é a sua capacidade de passar por problemas e continuar de pé. 

É mais ou menos desse jeito que o Brasil funciona. Estamos inundados de slogans esperançosos. Lindos de ler (ou ridículos, a depender do ponto de vista). 

O mais recente é o “fé no Brasil” de Lula, criado uma semana atrás depois das frases “União e Reconstrução” e “Brasil feliz de novo”, que nasceram para bater de frente com os bordões inspiracionais de Bolsonaro.

Para os mais otimistas ou partidários, fica aquele gostinho de que um dia seremos um país desenvolvido.

Nada contra, mas, ano após ano, nosso país se destaca mais por fazer fartos piqueniques à beira do vulcão — e dar o fora antes da erupção acontecer — do que com o tão sonhado título de “nação de primeiro mundo”.

Em resumo, a palavra mais sóbria para isso é uma só: mediocridade. Somos um país medíocre.

Enquanto cidadão, é péssimo ler isso. Como investidor é ruim também, mas tem lá suas vantagens para quem quer ganhar dinheiro.

Pelo menos é o que Luis Stuhlberger nos falou no Macro Summit, evento do Market Makers que aconteceu essa semana e que você pode ver por este link.

Em um papo (ou melhor, uma aula) com Daniel Goldberg, Felipe Miranda e Thiago Salomão, o mais renomado gestor de fundos do país deixou claro que está desanimado com o Brasil. Por outro lado, vê a mediocridade brasileira como uma assimetria interessante para o investidor.

Para explicar que o Brasil “trupica mas não cai” e está cheio de oportunidades de fazer dinheiro, ele destaca que a quantidade de capital que os brasileiros têm aqui em reais é desproporcionalmente maior que a de seus pares emergentes, onde as famílias ricas têm seus negócios, mas envia o dinheiro para o exterior.

Isso ajuda o Brasil a não ir para extremos. Afinal, os Poderes não vão levar a economia a um cenário de calote contra seu eleitor. 

Mas o buraco da mediocridade brasileira é muito mais embaixo:

Juízes maiores que a lei e prêmio de risco negativo na Bolsa 

Em meio a governos brasileiros que gastam muito, investem mal e que criam um gatilho de volatilidade uma ou duas vezes na semana, Goldberg e Stuhlberger abriram para o público algumas de suas posições em carteira, trouxeram uma visão macro sobre China e EUA (incluindo a possível volta de Trump), bitcoin, a descrença no minério de ferro e dois temas polêmicos e caros ao investidor: insegurança jurídica e prêmio de risco negativo.

Sobre o primeiro, Goldberg explicou com primazia: “as leis melhoraram muito, mas os juízes pioraram bastante. E nessa batalha entre um e outro, os juízes sempre serão mais importantes que a Lei”. 

Para ele, isso atrapalha na formação bruta de capital fixo, aporte em infraestrutura de longo prazo, crescimento de crédito e produtividade. Mais detalhes aqui.

Sobre o segundo, Goldberg analisa que nunca teremos um prêmio de risco positivo na Bolsa Brasileira enquanto o que for risk free para o mundo (o governo, por exemplo) não for risk free nas terras tupiniquins.

Ele embasa isso com números, mostrando como o market cap da Bolsa e o do PIB nominal do Brasil não caminharam em sintonia nos últimos 14 anos. 

Em outras palavras, voltamos ao pressuposto inicial: mediocridade.

Não dá para resumir em um e-mail a conversa de alto nível que Daniel Goldberg e Luis Stuhlberger entregaram ao público pela primeira vez juntos, na figura de sócios. Por isso, recomendo assistir ao episódio completo no podcast do Market Makers, disponível neste link

Você ainda pode se inscrever no Macro Summit e receber todo o conteúdo do evento, que vamos disponibilizar nos próximos dias. Lá você terá acesso não só aos episódios como também a um resumão, caso não esteja a fim de ver tudo.

Te garanto: vai valer a pena. Até o próximo Macro Summit. 

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market.makers@mmakers.com.br