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Nem gênio por acertar, nem anta por errar

A importância do processo

Por Thiago Salomão

20 nov 2023 15h24 - atualizado em 22 nov 2023 06h26

Por conta do feriado (para alguns), a CompoundLetter de hoje terá um tom mais ameno.

Compartilharei o saldo de uma longa reflexão que tive com o Matheus (nosso sócio e principal analista de ações do MMakers) durante minhas férias. Falamos sobre a importância de mantermos os pés no chão diante do excelente resultado da nossa carteira de ações, que acumula 26,4% de ganhos em 2023.

O resultado você vê na cota do fundo Market Makers FIA, que está ao lado dos outros 4 fundos long only que ainda tenho em carteira:

Fonte: Mais Retorno, com dados até 16/nov/23

O recado principal aqui recai em uma palavra fundamental para um investidor ter vida longa na bolsa: humildade.

É muito bom revisitarmos a importância deste skill nos momentos de bonança, como esse que estamos vivendo, pois sabemos o quão cíclico é este mercado.

É bem provável que teremos semanas, meses ou até anos negativos. Isso faz parte do negócio. Não somos os mais espertos da sala apenas por estarmos ganhando, assim como também não seremos os mais burros quando estivermos perdendo. É importante não nos vislumbrarmos nestes momentos justamente para não sermos tão duros com nós mesmos nos maus momentos.

Tomo como exemplo a Dynamo, consensualmente a gestora de ações mais vitoriosa do Brasil, tida como benchmark de modelo de negócio. O fundo Dynamo Cougar nasceu em setembro de 1993, com uma excelente performance. Mas no triênio entre jan/95 e dez/97 embora o Cougar tenha acumulado uma performance positiva, ela foi 21 pontos percentuais abaixo do Ibovespa.

Se já é desconfortável ver seu fundo atrás do Ibovespa por alguns meses, imagina por 3 anos! São 3 anos acompanhando o mercado todos os dias atrás das melhores oportunidades, mas sem o resultado esperado. Imagino o quanto isso deve mexer com a autoestima de uma equipe, que começa a se questionar se realmente são bons.

Espero não passar tanto tempo assim atrás do benchmark, mas esse é o tipo de coisa que fatalmente todo investidor de ações vai enfrentar. É preciso ter serenidade e maturidade para entender que, para as coisas que não temos controle, não há o que fazer.

O que podemos (e devemos) fazer é selecionar as empresas que apresentam a melhor relação da tríade de retorno esperado, risco de execução e preço da ação. Mas quem dirá quanto uma empresa vale é o mercado. E a opinião dele pode ficar diferente da nossa por mais tempo do que gostaríamos.

Por isso temos que manter o foco no processo. É nele que temos controle. O preço da ação deriva de uma série de fatores totalmente fora de nosso controle. O resultado é importante e quanto maior ele for, melhor. Resultado sem processo é sorte. Sorte é sempre muito bem vinda, mas não dá pra depender dela. Não é todo dia que vai ter um Andreas Perreira entregando a bola do título para o Deyverson.

O processo não vai te garantir acertar todas, mas é importante que a gente sempre saiba explicar por que ganhou ou por que perdeu dinheiro em algum investimento. O processo é mais importante do que o resultado, pois só um processo bem feito trará resultado no longo prazo.

Por isso estou tão feliz com nossos resultados, pois eles estão respondendo ao nosso processo. Agora é continuar trabalhando sério e com muita humildade. Humildade de saber que, mesmo com toda experiência e aprendizado, o mercado vai testar suas convicções.

Aliás, esse teste de convicções talvez tenha sido nosso grande legado neste ano: o fato de termos contato com os mais brilhantes gestores do Brasil nos permite debater teses com muita gente, principalmente aqueles que não gostam de alguma ação que estamos investindo.

Jamais vou esquecer o almoço que o Math defendeu com serenidade a tese de Vulcabras a um gestor que dizia que “essa empresa é xiiióorrrti” (escrito em carioquês). Ela é uma das maiores contribuidoras positivas da performance da Carteira MMakers.

Estamos no melhor dos mundos com isso: temos um tamanho que nos permite investir em small caps sem correr risco de liquidez ao mesmo tempo que conseguimos confrontar nossas teses com as grandes mentes do mercado. Apesar de muitos não investirem nas ações que temos em carteira, o aprendizado extraído dessas conversas nos ajuda a pensar como um grande investidor, mas com a agilidade de um pequeno investidor.

Foi assim com a Validempresa que tinha um valor de mercado de R$ 800 milhões com baixo endividamento e capacidade para entregar um lucro líquido acima de R$ 200 milhões para 2023 após a belíssima transformação executada pelo time do Ivan Murias, atual CEO da companhia. 

Foi assim com o Banco ABC Brasil, que apesar da narrativa nada sexy se comparada com a de outros players do setor, vem surpreendendo o mercado e recentemente atingiu seu maior patamar da história na bolsa.

Foi assim com GetNinjas, uma tese que nos ensinou muito e incrementou nosso processo de análise mostrando que é possível carregar um investimento totalmente oportunístico e sem nenhum vínculo ao modelo de negócios da empresa.

Conversamos com gente que gosta desses e outros papéis que temos em carteira, mas confesso que damos mais valor em ouvir quem pensa diferente. É aí que exercitamos se nosso otimismo se sustenta. E ouvir quem discorda de ti é um exercício de humildade.

A você que leu até o final, te convido para conhecer mais sobre o nosso fundo. Se quiser investir com a gente, o Market Makers FIA está disponível nas plataformas da Empiricus, BTG Pactual e EQI. Além disso estamos preparando um material especial de divulgação do fundo para investidores interessados, caso queira receber, responda esse e-mail com “quero investir“.

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Por Thiago Salomão

Fundador do Market Makers, analista de investimentos CNPI-P, MBA em Mercados Financeiros na Fipecafi e na UBS/B3. Antes de fundar o MMakers, foi editor-chefe do InfoMoney, analista de ações na Rico Investimentos, co-fundou o podcast Stock Pickers e foi sócio da XP de 2015 a 2021

thiago.salomao@mmakers.com.br